Recuo do mar antes de tsunami reacende alerta sobre tecnologia e gestão de riscos no setor de seguros

Alguns vídeos registrados na última semana mostram que, momentos antes de um tsunami atingir a costa da Rússia, do Japão e do Havaí, o mar recuou de forma intensa e abrupta. Esse comportamento, já observado em outros eventos semelhantes ao longo da história, funciona como um alerta visual para populações costeiras. O recuo brusco do mar antes da chegada de um tsunami é um fenômeno natural que pode servir como um aviso precoce, ajudando a salvar vidas e reduzir danos. No entanto, apesar de ser um sinal que não deve ser ignorado, ele não ocorre em todos os casos e não é um indicativo definitivo. Por isso, embora seja um recurso relevante, ele não substitui a necessidade de estratégias estruturadas de gestão de riscos no setor de seguros.
Intensificação de eventos climáticos extremos amplia riscos globais
A compreensão desse fenômeno se insere em um quadro mais amplo, marcado pela intensificação dos eventos climáticos extremos. Nos últimos anos, ondas de calor, inundações, furacões e incêndios florestais têm ocorrido com maior frequência em diversas regiões do mundo, impulsionando o debate sobre o impacto das mudanças climáticas. O climatologista José Marengo, que coordena a área de Pesquisa e Desenvolvimento do Cemaden, explicou à CNN que fenômenos como chuvas intensas, secas, ondas de calor, furacões e tempestades sempre fizeram parte do sistema climático, mas sua intensidade e frequência aumentaram nas últimas décadas. Ele ressalta que um evento meteorológico se torna extremo quando atinge populações vulneráveis, ampliando seus efeitos e transformando-o em desastre. No Brasil, dados da Organização Meteorológica Mundial mostram que, em 2023, ocorreram 12 eventos climáticos extremos, sendo nove incomuns e dois sem precedentes, incluindo ondas de calor, chuvas intensas, inundação, seca e um ciclone extratropical.
Mercado segurador enfrenta desafio de adaptação diante de novas ameaças
O mercado global de seguros para riscos de catástrofes naturais é impactado diretamente pela capacidade de antecipar eventos catastróficos e gerenciar o risco associado. De acordo com levantamento da Swiss Re, as perdas globais causadas por desastres naturais devem ultrapassar US$100 bilhões. Esse contexto reforça a urgência de sistemas avançados de monitoramento, análise preditiva e comunicação rápida, cada vez mais decisivos para o setor de seguros, que precisa oferecer coberturas ágeis diante do aumento da frequência e da intensidade de desastres. No Brasil, conforme divulgado pela CNseg, especialistas do Fórum de Seguros França-Brasil defendem que a prevenção, adaptação e mitigação precisam fazer parte da estratégia do setor, passando pela revisão de normas de construção e pela adoção de políticas públicas que fortaleçam a resiliência das comunidades.
Tecnologia como aliada na redução de vulnerabilidades
O fenômeno do recuo do mar, explicado pelo deslocamento das placas tectônicas que precede um tsunami, deve ser integrado a sistemas automatizados de alerta que utilizem sensores subaquáticos, satélites e inteligência artificial para monitorar em tempo real o comportamento do oceano. Iniciativas como o Sistema de Alerta de Tsunamis do Pacífico exemplificam como tecnologias avançadas contribuem para mitigar riscos, oferecendo dados instantâneos que podem ser decisivos para o acionamento de protocolos de proteção civil e seguradora.
Quando a natureza avisa, o seguro precisa estar preparado
A imagem do mar recuando antes de um tsunami concentra, em poucos instantes, a urgência de interpretar sinais e agir com rapidez. No mercado de seguros, compreender e integrar esses alertas à tecnologia é parte do esforço contínuo de reduzir vulnerabilidades. Sensores, modelos preditivos e sistemas de comunicação são aliados para transformar informação em ação, mas seu alcance depende de produtos adaptados às novas ameaças e de uma articulação consistente com políticas públicas. Assim, a gestão de riscos se fortalece como um instrumento essencial para preservar vidas e garantir resiliência diante de eventos que a natureza, de tempos em tempos, insiste em anunciar.