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Crescem golpes envolvendo Bolsa Família e Pix: desafios para a segurança digital no mercado de seguros

Crescem golpes envolvendo Bolsa Família e Pix: desafios para a segurança digital no mercado de seguros

Golpes envolvendo Bolsa Família, Pix e outros serviços geram “epidemia” de fraudes

Os golpes envolvendo Bolsa Família, Pix e outros serviços públicos, como seguro-desemprego e licença-maternidade, dispararam no Brasil, onde circulam cerca de 1,5 milhão de links fraudulentos por dia. Segundo Nina Santos, secretária-adjunta de políticas digitais da Presidência, o governo trata a situação como uma verdadeira “epidemia” de fraudes online. Criminosos aproveitam brechas nas plataformas de anúncios para gerar links falsos e ampliar o alcance das iscas digitais, chegando a usar deepfakes de autoridades e técnicas de roubo de dados pessoais, como telefone, e-mail e CPF, que depois servem para outros crimes. O fenômeno acompanha uma tendência mundial, em que o avanço tecnológico expõe vulnerabilidades e reforça a necessidade de segurança digital mais robusta, inclusive no setor de seguros.

Realidade de fraudes em seguros 

Dados do 22º Ciclo do Sistema de Quantificação de Fraudes (SQF), da CNseg, mostraram que em 2024, os sinistros ocorridos somaram R$ 41 bilhões, dos quais R$ 5,4 bilhões (13,3%) foram considerados suspeitos. Deste total, R$ 1,1 bilhão foi confirmado como fraude, elevando a taxa de fraudes comprovadas de 2,2% em 2023 para 2,7% em 2024. No primeiro semestre, R$ 19,2 bilhões em sinistros resultaram em R$ 2,29 bilhões suspeitos, com R$ 503 milhões comprovados como fraude. No segundo semestre, os números subiram para R$ 21,3 bilhões em sinistros, R$ 3,13 bilhões suspeitos e R$ 598,2 milhões confirmados. Entre os ramos mais afetados, Automóveis lidera em volume financeiro (34,2% do prêmio ganho), seguido por Pessoas – Coletivo (25,4%), Patrimonial (17,3%) e Transportes (3,7%). Apesar de menor faturamento, Transportes chama atenção por sua alta vulnerabilidade: só no primeiro semestre, 34,4% dos sinistros foram classificados como suspeitos. Com a participação de 29 seguradoras que representam 52% do mercado, a CNseg reforça que combater fraudes é proteger o consumidor, já que essas práticas elevam custos operacionais e impactam diretamente o preço final dos seguros.

Uso de tecnologias antifraude

Em um ambiente digital cada vez mais exposto a golpes, seguradoras possuem o desafio de proteger operações e clientes contra fraudes. Uma forma de driblar esse problema é com o uso de ferramentas tecnológicas e IA, que ajudam a identificar padrões suspeitos e bloqueiam transações antes que o crime aconteça. Uma matéria do Serasa Experian aponta os sistemas antifraude como uma estrutura a mais em favor da segurança, cruzando dados do usuário e monitorando comportamentos fora do padrão. Esses mecanismos são acionados em tempo real, permitindo impedir pagamentos fraudulentos e reduzir riscos jurídicos e financeiros. Alguns dos benefícios são:

  • Credibilidade: ao garantir a segurança de dados sigilosos, reforçam a confiança dos clientes e preservam a reputação da marca.
  • Satisfação do cliente: usuários seguros tendem a confiar mais nos serviços, especialmente em transações financeiras.
  • Redução de custos: a detecção precoce de fraudes evita prejuízos, agiliza validações cadastrais e melhora a produtividade interna.

Para o setor de seguros, a combinação de tecnologia antifraude e orientação aos clientes é de extrema importância para garantir processos seguros, ajudando a prevenir golpes que exploram distrações ou falta de informação.

Parcerias e regulação fortalecem a proteção

Além das ferramentas tecnológicas, o setor deve investir em parcerias com instituições financeiras, órgãos reguladores e fornecedores de dados para elaborar estratégias integradas de combate às fraudes. Medidas como a exigência de autenticação multifatorial para transações financeiras e o fortalecimento das penalidades contra fraudadores podem contribuir para a criação de um ambiente digital mais seguro e confiável, protegendo os usuários e as instituições.

Capacitação contínua e prevenção com base em dados

O combate a fraudes exige treinamento das equipes e uma forte cultura de prevenção. Corretores precisam estar atualizados sobre as ondas de golpes, orientando clientes e aplicando protocolos que reduzam riscos e aumentem a transparência nas negociações. De acordo com Danilo Coelho, diretor de produtos e dados da Quod, as tentativas de fraude estão cada vez mais rápidas e diversificadas, o que torna a inteligência de dados fundamental para decisões ágeis e para a previsibilidade de perdas, sem afetar o faturamento ou a experiência do cliente. O compartilhamento de informações entre instituições também é crucial para a detecção precoce, especialmente em casos de engenharia social. A resolução nº 6 do Banco Central, que autoriza a troca de dados sobre fraudes, fortalece esse processo. Desde a criação do Registro Unificado de Fraudes (Rufra), por exemplo, houve um aumento de 1.129% no número de vítimas e de 174% no volume de fraudadores reportados entre 2023 e 2024 – reflexo direto da maior circulação de dados, que amplia a capacidade de monitoramento e identificação de crimes.

Um compromisso que envolve todo o ecossistema

Os golpes que se multiplicam no Brasil, que exploram o Bolsa Família, o Pix e outras soluções públicas, mostram que a criminalidade digital está cada vez mais presente na rotina. Nesse contexto, o setor de seguros não pode se limitar a reparar prejuízos: precisa agir como linha de frente contra essa “epidemia” de fraudes. Os números reforçam que a ameaça deixou de ser pontual e se tornou estrutural, com impacto direto sobre custos, preços de apólices e credibilidade do mercado. Portanto, tecnologias antifraude com inteligência artificial, sistemas de monitoramento em tempo real e análise preditiva de dados ganham protagonismo. Para que a proteção seja efetiva, no entanto, a tecnologia precisa caminhar junto com capacitação de corretores e regulamentação institucional. Treinamento constante, protocolos transparentes e parcerias estratégicas são os fatores que podem reduzir riscos e elevar a confiança. Dessa forma, combater fraudes não é só blindar transações financeiras, mas preservar a reputação das seguradoras, proteger os consumidores e garantir que o ambiente digital continue sendo um espaço de oportunidades e não de armadilhas.

Postado em
26/9/2025
 na categoria
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