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Robôs entregadores da Uber aceleram inovação e abrem oportunidades para o mercado de seguros

Robôs entregadores da Uber aceleram inovação e abrem oportunidades para o mercado de seguros
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presença dos robôs entregadores da Uber nas calçadas de Austin, no Texas, representa mais do que uma inovação na logística urbana — é um sinal claro de que a automação está se tornando parte integrante do cotidiano das cidades. Desenvolvidos para realizar entregas de forma autônoma, esses pequenos veículos trafegam por áreas públicas com sensores, câmeras e inteligência embarcada. A novidade traz ganhos importantes para o varejo e para os consumidores, mas também inaugura uma nova fronteira para o setor de seguros, que precisa acompanhar essa evolução com soluções adaptadas a riscos inéditos.

Com a automação ganhando escala, cresce a necessidade de repensar conceitos tradicionais. A gestão de riscos baseada em condutores humanos, frotas convencionais e padrões previsíveis de operação encontra seus limites diante de equipamentos autônomos que interagem com o ambiente urbano em tempo real. Segundo estudo da McKinsey, a automatização pode reduzir os custos logísticos em até 30%, gerando eficiência, mas também abrindo espaço para questionamentos sobre segurança, responsabilidade e continuidade dos serviços.

Os robôs da Uber são apenas um exemplo de um movimento mais amplo: o uso crescente de tecnologias inteligentes para resolver desafios do “último quilômetro” nas entregas. Porém, esse avanço levanta questões importantes. Quem é responsável por um acidente com um pedestre? Como precificar o risco de uma falha técnica? De que forma proteger uma operação em caso de ataque cibernético ou sabotagem digital? Essas perguntas ainda não têm respostas consolidadas — e é justamente nesse vazio que surgem as maiores oportunidades para inovação em seguros.

A resposta do mercado segurador precisa ir além da adaptação. É necessário criar novas categorias de proteção que contemplem tanto os riscos físicos — como colisões ou mau funcionamento — quanto os digitais. Robôs conectados a sistemas em nuvem, sensores de navegação, atualizações remotas e controle por IA representam alvos potenciais para ataques. Dados da IBM indicam que o custo médio de uma violação de segurança no setor tecnológico já supera os US$ 4 milhões, o que reforça a urgência de produtos voltados à segurança digital desses dispositivos.

Algumas seguradoras no exterior já se movimentam nesse sentido. No Japão, por exemplo, foi lançado recentemente uma apólice voltada exclusivamente para robótica de entrega, com coberturas que vão desde falhas mecânicas até danos causados por interferências externas. No Brasil, empresas do setor analisam modelos similares, especialmente diante da previsão de crescimento acelerado — estimado em 25% ao ano — para o segmento de entregas autônomas, segundo a consultoria Frost & Sullivan.

A regulação ainda é um terreno em construção. Autoridades municipais e federais nos EUA estudam como integrar esses robôs às leis de trânsito e às normas de segurança urbana. A ausência de marcos regulatórios claros cria incertezas, mas também abre espaço para o desenvolvimento de seguros que ajudem empresas a se anteciparem às futuras exigências legais, funcionando como uma ponte entre inovação e conformidade.

Outro ponto estratégico é o uso de tecnologias embarcadas, como IoT e telemetria, para alimentar modelos preditivos e tornar a precificação de seguros mais inteligente. Essas ferramentas permitem não apenas um monitoramento em tempo real, mas também a implementação de seguros paramétricos, em que indenizações são disparadas automaticamente a partir da detecção de eventos previamente definidos.

Especialistas apontam que o ecossistema formado por startups de robótica, plataformas digitais e seguradoras está prestes a desencadear uma nova geração de soluções flexíveis e modulares. Esse alinhamento pode acelerar a oferta de produtos desenhados especificamente para cenários urbanos em transformação, com coberturas personalizadas e altamente integradas à operação dos dispositivos.

No fim das contas, os robôs entregadores não estão apenas mudando a forma como produtos chegam até os consumidores — estão reconfigurando, também, a forma como o risco é percebido, mensurado e coberto. Empresas que entenderem esse movimento como uma oportunidade estratégica terão mais chances de liderar a próxima fase da evolução no mercado segurador.

Postado em
27/5/2025
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