Economia Circular no Setor Automotivo: Como o desmanche legal de veículos reverbera no mercado de seguros

Desmanches de veículos no Brasil
Nos últimos anos, as montadoras ampliaram seu papel, deixando de atuar apenas como fabricantes para se tornarem provedoras de soluções de mobilidade, o que inclui locação de veículos, manutenção e oferta de peças recicladas. O desmanche legalizado tem crescido e um exemplo dessa mudança é o centro de reciclagem de veículos da Stellantis em Osasco (SP) — o primeiro do tipo no Brasil. Nesses centros, os veículos fora de uso são desmontados de forma controlada e as peças reaproveitáveis são certificadas e revendidas por até metade do valor de mercado.
Mercado bilionário e desafios para a reciclagem
Conforme apontado na matéria do G1, de acordo com a Fenabrave e a Dana Brasil, o mercado de reposição automotiva movimentou cerca de R$ 260 bilhões em 2024, impulsionado pela alta demanda por peças. Estima-se que dois milhões de veículos cheguem ao fim da vida útil todos os anos, mas apenas 1,5% desse total é destinado corretamente, segundo dados da Abcar e do Sindinesfa. Contudo, a falta de padronização e a predominância de negócios familiares sem estrutura industrial dificultam a consolidação de um sistema eficiente de reciclagem automotiva no país, segundo a visão de Julio Cesar Luchesi de Freitas, presidente da Abcar.
Controle de peças pode trazer favorecer as seguradoras
Com peças de origem garantida e rastreável, é possível reduzir fraudes, evitar o uso de componentes adulterados e calcular com mais precisão os custos de reparos e indenizações. Além disso, a disponibilidade de peças de reposição mais baratas e certificadas contribui para a diminuição do custo médio de reparo em vantagem competitiva para as empresas do setor, especialmente considerando a alta nos preços das peças e nos valores de apólices automotivas.
Economia circular e sustentabilidade
A economia circular pode ser uma prática assertiva de sustentabilidade corporativa, estendendo o ciclo de vida dos materiais, reduzindo o desperdício e promovendo o reaproveitamento responsável de recursos. No caso da Stellantis, por exemplo, o processo de desmontagem de veículos permite a reutilização de aço, plásticos, vidros e componentes eletrônicos que antes seriam descartados. Isso não só diminui o impacto ambiental, mas fortalece a cadeia produtiva sustentável dentro do setor automotivo. Para o mercado de seguros, esse movimento pode ser interessante. Diversas seguradoras vêm adotando políticas ESG (ambientais, sociais e de governança), integrando critérios de sustentabilidade em seus produtos e operações. Ao apoiar práticas alinhadas à economia circular, as companhias fortalecem sua reputação, atraem consumidores mais conscientes e se posicionam de forma competitiva diante das novas exigências globais por responsabilidade ambiental e inovação.
Novas oportunidades de valor
O avanço da reutilização de peças certificadas também abre espaço para novos modelos de parceria entre seguradoras, oficinas e corretores. Ao direcionar reparos para estabelecimentos credenciados e comprometidos com a procedência das peças, esses profissionais passam a oferecer um serviço mais confiável e transparente. Essa prática contribui para reduzir custos, aumentar a satisfação dos clientes e fortalecer vínculos de longo prazo. A integração de oficinas, desmanches e seguradoras, amparada por sistemas de rastreamento e certificação, pode gerar uma cadeia colaborativa, em que todos os elos ganham eficiência.
Gestão de sinistros mais ágil e clientes mais satisfeitos
A criação de uma rede colaborativa entre seguradoras, desmanches e oficinas tem potencial para melhorar a gestão de sinistros. A disponibilidade rápida de peças certificadas reduz o tempo de reparo, agiliza o retorno do veículo ao segurado e melhora os índices de satisfação. Além disso, a automatização dos processos e o uso de dados rastreáveis diminuem erros administrativos e custos operacionais, o que fortalece a rentabilidade das companhias em um setor altamente competitivo.
Legislação e rastreabilidade diminuem comércio ilegal
A ampliação da rastreabilidade é algo importante para coibir o uso de peças adulteradas ou provenientes de veículos furtados. A Lei do Desmanche (n.º 12.977/2014) foi criada para regular o setor e combater o comércio ilegal de peças, exigindo que os desmanches sejam credenciados, rastreáveis e devidamente fiscalizados pelos Detrans. No entanto, a aplicação da lei ainda é limitada e poucos estados cumprem as normas de forma integral, o que compromete a transparência e dificulta a definição de preços médios para peças remanufaturadas. A consolidação dessa nova etapa da economia circular depende de uma atuação conjunta entre poder público, seguradoras, montadoras e empresas de tecnologia. Sem esse esforço coletivo, o risco é que o mercado paralelo continue ativo, minando a credibilidade das iniciativas sustentáveis e dificultando o progresso do setor.
O caminho para um seguro automotivo mais sustentável e eficiente
Os desmanches legalizados e o avanço da economia circular mostram que o setor automotivo brasileiro começa a dar passos concretos rumo a um modelo mais responsável e eficiente. Para o mercado de seguros, essa mudança representa mais do que uma redução de custos: é uma chance real de atuar de forma estratégica, com maior controle sobre riscos e transparência nas operações. Ainda existem entraves, como a falta de fiscalização uniforme e a necessidade de maior padronização, mas o potencial de transformação é promissor. Portanto, quando seguradoras, oficinas, montadoras e órgãos públicos trabalham em conjunto, é possível colher bons resultados e construir um sistema mais equilibrado, que promete sustentabilidade, segurança e economia.


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