Armando Vergílio analisa os desafios da nova fase do seguro no Brasil

O presidente da Fenacor, Armando Vergílio, participou de uma mesa redonda com jornalistas especializados no mercado de seguros para discutir as transformações em curso no setor e os próximos passos da categoria. O encontro, promovido pelo CQCS, contou com a mediação de Pedro London e a participação de Luanna Mikaelle (Insurtalks), Júlia Senna (JRS), Carlos Pacheco (Revista Insurance Corp), Paulo Kato (Revista Cobertura), Emmanuel Castro (Blog do Corretor), e Adriane Sacramento (CQCS). Entre os assuntos debatidos estiveram a Lei Complementar 213, a nova Lei de Seguros (Lei 15.540), a regulamentação das cooperativas de seguros, a presença digital dos corretores e as projeções de crescimento do setor, temas que revelam o esforço do mercado em se adaptar a um novo ciclo de maturidade.
O corretor como protagonista na distribuição
Vergílio foi questionado pela jornalista Luanna Mikaelle sobre o avanço do chamado “mercado marginal digital”, formado por influenciadores e perfis que orientam consumidores sem respaldo técnico. Ao provocar a reflexão sobre esse fenômeno, ela indagou se os corretores deveriam ocupar de forma mais ativa esse ambiente, fortalecendo sua presença digital como fontes confiáveis de informação. Vergílio concordou que o corretor precisa assumir esse papel com protagonismo. “Ele tem que investir em sua transformação digital. As redes sociais e as ferramentas tecnológicas não são apenas meios de comunicação, mas de aproximação e credibilidade”, afirmou.
Lei Complementar 213 deve gerar novas oportunidades para os corretores
Quando Júlia Senna perguntou sobre os efeitos da Lei Complementar 213, que regulamenta o setor de proteção patrimonial mutualista, Vergílio explicou que o processo ainda está em implementação e deve gerar novas oportunidades para os corretores. “As administradoras do sistema mutualista ainda precisam ser autorizadas. Só a partir daí é que o corretor poderá atuar nesse novo segmento”, destacou. Ele reforçou que o objetivo da Fenacor é acompanhar de perto a consolidação dessas estruturas, que poderão “ampliar a inclusão e oferecer alternativas acessíveis a quem ainda não tem seguro formal”.
Novas frentes e capacitação permanente
As perguntas de Paulo Kato e Adriane Sacramento trouxeram à mesa os impactos da Lei 15.540 e do projeto de lei que propõe o seguro de responsabilidade civil obrigatório para os corretores. Vergílio destacou que ambas as pautas fortalecem a governança e a segurança jurídica.
“A Fenacor é favorável ao seguro de responsabilidade civil profissional. Ele reforça a ética e a credibilidade da categoria, garantindo proteção adicional aos clientes”, afirmou. Sobre a nova Lei de Seguros, acrescentou que ela “traz previsibilidade e segurança, especialmente para os consumidores pessoas físicas e pequenos empresários”
Cooperativas e a expansão da intermediação
Na sequência, Carlos Pacheco abordou o papel das cooperativas de seguros na nova legislação. Vergílio considerou que elas representam uma possibilidade concreta de especialização e capilaridade. “O corretor de seguros continuará essencial, principalmente nas cooperativas voltadas para nichos como o seguro rural e o transporte. São operações que exigem conhecimento técnico e relação de confiança com o cliente.” Para o presidente da Fenacor, o modelo cooperativista pode equilibrar exigências regulatórias e proximidade regional, fortalecendo a função consultiva do corretor.
Seguros inclusivos e a necessidade de criar produtos para as classes C, D e E
Quando foi questionado por Luanna Mikaelle sobre de que forma o Marco Legal dos Seguros pode contribuir para ampliar o acesso a seguros inclusivos, Vergilio destacou que o crescimento do setor depende menos da legislação e mais da criação de produtos adequados às diferentes faixas de renda: “Nenhuma lei, por si só, fará o mercado crescer. O que realmente impulsiona o setor é a criação de produtos adequados à realidade da população, especialmente das classes C, D e E”. Segundo ele, o Brasil ainda opera “muito abaixo do seu potencial”. Embora esteja entre as dez maiores economias do mundo, ocupa apenas a 18ª posição global em volume de prêmios. “O mercado de seguros representa pouco mais de 3% do PIB. Nos países da OCDE, essa média é de 11%. Isso mostra o espaço que ainda temos para crescer”, afirmou.
Representação política e defesa institucional
Ao responder Emmanuel Castro, Vergílio lembrou a importância da representatividade política do setor, que perdeu espaço no Congresso Nacional. “Já tivemos deputados que conheciam profundamente o mercado e podiam defender suas pautas. Hoje, não há mais essa presença direta, e isso exige articulação institucional mais forte”, afirmou.
O presidente da Fenacor também recordou avanços obtidos durante sua trajetória parlamentar, como a inclusão das corretoras de seguros no Simples Nacional e a Lei do Desmonte Legal, que reformulou o processo de reparação automotiva.
Planos estruturantes e desafios para o crescimento
O debate também abordou o Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros (PDMS), iniciativa conduzida pela CNseg com apoio da Fenacor. Segundo Vergílio, o documento é “vivo e adaptável” e reflete o compromisso de corretores e seguradoras com o crescimento sustentável. “Nós vamos chegar aos 10% do PIB. O caminho é o desenvolvimento de novos produtos e a inclusão digital dos profissionais”, afirmou.
Ele adiantou ainda o lançamento do Plano Diretor do Mercado de Intermediação de Seguros (PDMIS), a ser desenvolvido em parceria com o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento dos Corretores de Seguros (IBDCOR) — um novo braço operacional da Fenacor voltado à qualificação e ao aperfeiçoamento profissional da categoria.“O PDMIS vai orientar ações estruturantes para os próximos dez anos, com foco em qualificação e transformação digital”. O lançamento está previsto para dezembro.
Seguro como pauta nacional
Júlia Senna levantou a questão sobre a presença do seguro na agenda pública e o executivo foi categórico: “Infelizmente, o governo ainda não enxerga o seguro com a importância que ele tem. O setor oferece trilhões em garantias e investimentos para o país, mas ainda falta reconhecimento institucional”.
Para ele, a integração entre Fenacor, CNseg e órgãos reguladores é essencial para que o seguro seja visto como motor de desenvolvimento. “O mercado é maduro e capaz de crescer. O que precisamos é de estabilidade, coerência e diálogo para avançar”.





%20(1).gif)
%20(3).gif)
%20(1).gif)




.gif)

.gif)

.gif)




.gif)
.gif)
.gif)


%20(3).gif)
.gif)




.gif)
.gif)
.gif)




.gif)

.gif)

%20(6).gif)


.gif)

.png)














