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a última quarta-feira, 22 de novembro, foi realizada a Live “Transformação Digital: IA nas Seguradoras”, no canal da Insurtalks no YouTube. Promovida pela Insurtalks em parceria com a MJV Technology & Innovation, o evento contou com João Arthur Baeta – CEO da Insurtalks e da Segbox e Diretor da Baeta Assessoria,  Ricardo Sepulveda – CTO da MJV Technology and Innovation e Luanna Mikaelle – Coordenadora de Redação da Insurtalks e mediadora do bate-papo. A live foi o prelúdio do Insurance Innovators, uma iniciativa da Insurtalks para acompanhar as empresas e personalidades mais inovadoras para o mercado de seguros brasileiro. Este ano, o evento vai contar com um evento presencial no qual serão distribuídos os prêmios aos ganhadores. 

O bate-papo foi uma troca de ideias repleta de insights relacionados à relevância da IA generativa e aprendizagem de máquina, desafios éticos e de privacidade na implementação de IA, case da MJV sobre implementação de IA para enriquecimento de leads, futuro da IA no mercado de seguros e oportunidades em potencial, IA para corretores de seguros, exemplos concretos e muitos outros assuntos que envolvem inteligência artificial e o universo dos seguros. Confira abaixo alguns trechos da conversa para ter um vislumbre do que está por vir, enriquecer a percepção sobre as tendências de IA e se preparar para as mudanças iminentes.

Inteligência Artificial não é um tema novo, mas o uso massivo é recente

Na primeira pergunta, Ricardo Sepulveda é questionado sobre como ele avalia o atual cenário do uso de IA no mercado de seguros. Ele diz que a IA não é um tema novo e explica o panorama de hoje:

“Academicamente falando, ele nasceu em 1950 (aproximadamente) e veio se desenvolvendo ao longo do tempo sem muita aplicabilidade nos negócios, até que em 2016/2017 começou um uso mais massivo e, recentemente, ela já se conectou muito profundamente com as demandas de mercado. O que é diferente de tecnologias como o metaverso, por exemplo,  que ainda não tem um encaixe com demandas reais”.

Cabe muita aplicabilidade de IA nas seguradoras

Sepulveda diz que a IA está solucionando problemas concretos e trazendo diferencial para as empresas e ele acredita que essa é uma das questões que faz com que essa tecnologia tenha um poder de disrupção muito grande. Em relação ao uso dessa tecnologia na área de seguros, ele enfatiza: “As seguradoras estão num negócio onde cabe muita aplicabilidade da inteligência artificial em diferentes contextos, seja na análise de risco, precificação dos prêmios, análise de fraude, etc. A inteligência artificial já está nas automações dos processos de uma maneira muito forte”.

Relevância da IA Generativa e Aprendizagem de Máquina 

Sepulveda foi questionado sobre como a IA generativa transformou a interação entre seguradoras e clientes em apenas um ano de existência – levando em conta que o ChatGPT levou apenas 2 meses para alcançar 50 milhões de usuários – e como ele acha que ainda pode transformar em mais um ano. O diretor de tecnologia da MJV disse que o ChatGPT colocou na mão das pessoas a capacidade da geração do conteúdo a partir de uma inteligência artificial e isso popularizou a tecnologia e demonstrou o real potencial que a IA generativa tem. Ele explicou que a IA generativa é baseada em modelos LLM chamados de Deep learning, modelos de redes neurais bastante complexos que utilizam volumes de dados muito grandes com uma capacidade de processamento enorme que foi desenvolvido por determinadas empresas – como a OpenAI, que desenvolveu o ChatGPT. “Por ser, digamos, um modelo público, que não está na infraestrutura, no domínio das empresas, em geral elas acabam tendo uma preocupação de colocar seus dados dentro daquele modelo e isso causa um certo freio na adoção dessa tecnologia porque é preciso entender hoje a questão da privacidade, do direito da informação, toda a preocupação e a segurança que precisam ser colocadas em cima disso”. 

A IA generativa ainda não transformou fortemente os negócios das seguradoras

Segundo Sepulveda, devido às questões de privacidade dos dados, as empresas se movem com uma certa cautela em relação a esse universo. 

“A minha percepção é que a IA generativa ainda não transformou fortemente os negócios das seguradoras e nem de empresa nenhuma (...) as grandes empresas ainda não usam a IA generativa de uma de uma forma tão profunda por conta dela se basear em modelos que não estão sobre a propriedade das empresas, não estão sobre a gestão da infraestrutura delas”

Capacidade de transformação semelhante à energia elétrica

Apesar de ainda não estar sendo usada de uma maneira generalizada e profunda no setor de seguros e em outros, o executivo afirma que a IA generativa tem um potencial absurdo e o compara à transformação que a energia elétrica causou:

“A minha percepção é de que a capacidade que a inteligência artificial generativa traz é semelhante ao que a energia elétrica trouxe para para a produção universal. Isso porque antes as atividades eram manuais, com uma capacidade produtiva pequena e a inteligência artificial generativa traz o potencial de gerar conteúdo criativo numa velocidade muito grande. E temos que pensar que estamos nos primórdios dessa tecnologia, ela ainda vai avançar muito rapidamente e muito fortemente. É importante que estejamos dentro desses movimentos, acompanhando e entendendo como fazer parte deles, já que ele vai promover muitas oportunidades e necessidades de adequação.” 

IA generativa se encaixa em todos os setores das seguradoras

Comentando a fala de Sepulveda, João Arthur Baeta acrescentou: “Com certeza, a IA generativa será muito usada no mercado de seguros. Ela encaixa praticamente em todos os setores de dentro da seguradora. Acho que vai ficando cada vez mais no dia a dia das pessoas mesmo. Conheço pessoas que hoje respondem e-mail por IA generativa, pede para o ChatGPT formular um email, gerar uma imagem, etc.” 

Implementação de IA para enriquecimento de leads 

O CTO da MJV foi convidado a compartilhar detalhes de cases em que a MJV implementou IA para uma seguradora e abordar quais foram os desafios enfrentados e como foram superados:

“Teve um projeto que fizemos para uma seguradora que recebia pedidos de cotação de seguros por um site e os leads eram gerados por ali e distribuídos para os corretores tratarem. Esses leads passavam por uma etapa de enriquecimento através de uma empresa que adicionava informações e passava esses leads mais aquecidos para os corretores poderem trabalhar. A questão é que existia um custo muito grande no enriquecimento desses leads. Essa era uma etapa muito cara. Então, fizemos o projeto com duas etapas, cruzando dados de forma inteligente: a primeira foi para entender quais leads tinham uma maior probabilidade de fechamento de negócio para que somente eles passassem pelo enriquecimento. Sabendo que esses teriam uma chance maior de fechar contrato, essa primeira etapa já trouxe uma redução de custo para essa seguradora porque ela deixou de mandar qualquer lead para lá. Na segunda etapa, o trabalho com os dados foi feito de forma a garantir que a distribuição dos leads fosse feita de forma a considerar o perfil das pessoas que mandavam a requisição da cotação (o que não era feito antes) e também o perfil de trabalho do corretor, o segmento no qual ele se especializou para trabalhar ou aquele pelo qual ele tem preferência. A partir daí, começamos a levar em consideração o perfil de trabalho do corretor versus o perfil do lead para sugerir à seguradora uma distribuição mais inteligente em relação à entrega do lead. Para a seguradora foi muito bom porque  reverteu em um aumento de contratos e bastante interessante para o corretor porque ele passou a receber leads mais quentes,com maior chance de converter em contrato. Esse é um case que consideramos ter tido muito sucesso.”

IA para Corretores de Seguros: “A tecnologia e inovação andam sempre de mãos dadas com o mercado”.

Ao ser questionado sobre como os corretores estão sendo treinados e capacitados para se adaptarem à Era da IA e se existem programas específicos ou iniciativas de desenvolvimento profissional, João Arthur Baeta disse que ele está percebendo que o caminho mais rápido e prático são as seguradoras oferecendo esses tipos de inteligência para o corretor e exemplifica: “ A Akad implementou a IA generativa na venda do produto dela no site e o corretor consegue, no portal, gerar landing pages para cada tipo de seguro da seguradora. Quando ele faz a divulgação daquela página, automaticamente já tem ali dentro um chatbot com inteligência artificial generativa que, de acordo com a seguradora, consegue reduzir em até 50% o tempo do atendimento e com muito mais precisão”. O CEO da Insurtalks acrescenta: “A tecnologia e inovação andam sempre de mãos dadas com o mercado”.

Confira o bate-papo na íntegra:

Postado em
24/11/2023
 na categoria
Tecnologia

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