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Primeiro dia do INSUMMIT 25 reforça protagonismo humano diante da transformação digital

Falas de executivos de AXA, Suhai, Tokio Marine, Segbox e FF Seguros apontaram que a tecnologia só gera confiança quando usada para ampliar relações e respeitar a privacidade.
Primeiro dia do INSUMMIT 25 reforça protagonismo humano diante da transformação digital

O primeiro dia do Insummit 2025 mostrou a dimensão do interesse do mercado pela inovação com uma  audiência que já superou o total alcançado em toda a edição passada. A primeira manhã do evento começou com uma provocação: como lidar com a velocidade das inovações sem perder de vista o papel humano que sustenta a relação entre cliente e seguro? O painel conduzido por João Arthur Baeta, diretor de Inovação da Baeta Assessoria / Segbox, colocou a inteligência artificial no centro do debate, mas não como substituta das funções tradicionais. A ideia foi explorar de que maneira as ferramentas digitais se somam ao trabalho cotidiano dos corretores, ampliando sua capacidade de conexão e resposta.

Na avaliação de Baeta, o avanço tecnológico colocou o corretor no coração da experiência, conectando seguradoras, clientes, parceiros e dados em um processo contínuo de aprendizado e evolução. Ainda assim, ele ressalta que:

“A tecnologia muda, o propósito não. O corretor continua sendo a ponte entre a proteção e o futuro.”

Dados como alicerce da transformação

O debate sobre o uso estratégico dos dados esteve presente em diferentes painéis. Bruno Porte, Vice-Presidente de Tecnologia, Transformação, Operações e Dados da AXA no Brasil, destacou que o AXA Hub nasceu de um processo de cocriação com corretores e parceiros, que ajudaram a definir funcionalidades e jornadas.

“Para desenhar a solução, a gente trabalhou uma fase de cocriação super importante com corretores e com parceiros. Mais de cem pessoas foram ouvidas para que a gente pudesse avançar e definir como seriam as funcionalidades, como seriam as telas, toda a parte de prototipação e experiência.”

Ele também ressaltou que a companhia estruturou recentemente um data lake que centraliza informações de toda a operação, criando condições para o uso de inteligência artificial em análises preditivas e modelos de risco. Para além da infraestrutura, porém, alertou que o maior obstáculo ainda é cultural:

“Anterior à transformação digital, existe a transformação. Essa transformação, muitas vezes, praticamente em cem por cento dos casos, ela é cultural e aí o nosso maior desafio é um desafio cultural quando a gente fala de transformação digital.”

Dados transformados em hábito, não em evento isolado

Na mesma linha, Carol Eller, gerente de Growth Marketing da Suhai, reforçou que não basta dispor de dados — é preciso desenvolver disciplina para analisá-los de forma contínua e prática. Ela destacou que pequenas observações do dia a dia podem se tornar poderosas quando vistas em perspectiva.

“Não dá para eu fazer uma ação isolada. É só olhando para o dado com frequência que a gente começa a descobrir padrões: moto eu renovo mais, carro cancela mais. Isso tudo são informações de formiguinha, mas que mostram o comportamento no tempo. Se eu olho para os dados uma vez por mês, é como ir à academia uma vez no mês: não adianta. Precisa ser rotina.”

Para ela, a aproximação dos corretores com a cultura analítica deve começar de forma simples, usando os dados já disponíveis e transformando a observação em estratégia de vendas.

O papel do corretor na era digital

O tema da digitalização também esteve no painel de Marcos Kobayashi, diretor comercial nacional de Varejo e Vida da Tokio Marine. Kobayashi ressaltou que a digitalização exige uma mudança profunda de postura no mercado. Segundo ele, não basta que os corretores tenham acesso a sistemas mais modernos se não houver também uma adaptação cultural ao novo perfil de cliente. “Não é apenas a tecnologia que precisa evoluir, é a mentalidade do corretor. O cliente mudou, a forma de consumir mudou, e quem não acompanhar esse movimento vai acabar ficando para trás.”

Kobayashi avaliou que os processos digitais devem ser entendidos como aliados na ampliação da capacidade de atendimento, sem perder a dimensão humana da consultoria.

“A digitalização não substitui a presença física, mas antecipa etapas e amplia a capacidade de atendimento. Processos simples já podem ser totalmente digitais, enquanto os mais complexos continuam a exigir consultoria e análise especializada.”

Ele ainda alertou que adiar a adoção de tecnologias pode significar perder espaço para players digitais que já avançam na distribuição de seguros.

“Toda vez que ele procrastinar, toda vez que ele adiar a decisão de ir para um mercado que vem se profissionalizando com inteligência artificial e com grandes empresas que não são do setor de seguros, mas vendendo seguros, o corretor perde espaço. Não dá para adiar esse movimento.”

Inovação responsável e governança de dados

O equilíbrio entre tecnologia e responsabilidade foi o foco da participação de Rodrigo Nogueira, Data Protection Officer da FF Seguros. Ele ressaltou que o desenvolvimento de projetos precisa incorporar a lógica de privacy by design, em que a privacidade é considerada desde a concepção de produtos e serviços.

“Projetos de desenvolvimento de tecnologia, de evolução, passam agora, ou precisam passar por aquilo que a gente chama de privacy by design, ou seja, a privacidade vai ter que ser incorporada ali na concepção, na ideação daquele projeto. Toda a questão de documentação e de avaliação da cadeia de suprimentos também acabou trazendo uma mudança de paradigma, uma mudança da forma que o mercado de seguro se relaciona com os dados.”

Nogueira alertou ainda para os riscos da utilização de dados enviesados no treinamento de modelos de IA, que podem gerar decisões discriminatórias e comprometer tanto a experiência do cliente quanto a reputação das seguradoras.

“Se esses dados, esse histórico ali, ele está enviesado, seja por gênero, por localização, por classe social, por etnia, ele vai fazer o quê? As decisões que essa IA vai tomar, baseado no treinamento que ela tem, elas podem ser decisões injustas ou podem ser decisões excludentes. E isso pode gerar um problema de reputação e um problema de compliance regulatório para as companhias.”

Para ele, privacidade e segurança deixaram de ser pautas apenas operacionais e se tornaram valores estratégicos, que precisam estar presentes nas decisões da alta gestão.

Corretores protagonistas e inovação guiada por ética

As falas que marcaram o primeiro dia do Insummit 2025 reforçam que a transformação do setor passa por múltiplas dimensões: da mudança cultural necessária para adotar novas tecnologias à responsabilidade de tratar dados de forma ética e transparente. Se os corretores assumem protagonismo no relacionamento e as seguradoras estruturam bases sólidas de governança, o mercado se aproxima de um futuro em que inovação e confiança caminham juntas.

Postado em
23/10/2025
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