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Uber investe US$ 300 milhões para lançar frota de robotáxis autônomos a partir de 2026: impacto para o mercado de seguros

Uber investe US$ 300 milhões para lançar frota de robotáxis autônomos a partir de 2026: impacto para o mercado de seguros

Uber aposta alto em robotáxis

A Uber anunciou um investimento de aproximadamente US$300 milhões (cerca de R$1,67 bilhão) na compra de ações da fabricante americana de carros elétricos Lucid Motors. O objetivo é desenvolver sua própria frota de robotáxis autônomos, com lançamento previsto para 2026. Com o novo acordo, a Uber adquiriu cerca de 3% da Lucid e pretende comprar pelo menos 20 mil veículos baseados no SUV Lucid Gravity nos seis anos seguintes ao início da produção. Os carros serão desenvolvidos especialmente para a plataforma da Uber, em parceria com a Nuro, empresa especializada em tecnologia de direção autônoma. Além do novo investimento, a Uber já opera serviços de robotáxis em cidades como Atlanta e Austin por meio de uma parceria anterior com a Waymo. Agora, com o avanço do projeto com a Lucid Motors e a Nuro, a empresa pretende expandir sua atuação e lançar a nova frota até o fim de 2025.

Transformação da mobilidade impõe desafios ao mercado de seguros

A substituição progressiva de motoristas humanos por sistemas de condução autônoma aponta para uma mudança significativa na lógica de mobilidade urbana — e também traz implicações para o mercado de seguros. Com a redução do fator humano nos acidentes, os modelos tradicionais de avaliação de risco e sinistralidade se tornam obsoletos, exigindo das seguradoras uma adaptação completa de seus produtos e processos. 

Benefícios da condução robótica não eliminam os riscos

De acordo com a National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA), cerca de 94% dos acidentes de trânsito são atribuídos a falhas humanas — um dado que reforça o potencial dos sistemas autônomos para reduzir drasticamente esse índice. Embora a automação prometa tornar o trânsito mais seguro, ainda há obstáculos a superar. Essa transição não elimina os riscos, pois veículos autônomos trazem consigo uma nova gama de vulnerabilidades, como falhas em softwares, ataques cibernéticos e uma complexa divisão de responsabilidades entre montadoras, operadores de frota e desenvolvedores de tecnologia. Por isso, é preciso que o setor de seguros busque desenvolver soluções personalizadas e inovadoras para acompanhar a evolução da mobilidade inteligente. Nesse sentido, a entrada da Uber no setor de veículos autônomos pode intensificar a aplicação de tecnologias que melhoram a maneira como o risco é calculado pelas seguradoras

Adaptações nos seguros diante da nova mobilidade automotiva

Para corretores e seguradoras, a transformação começa pela revisão dos modelos tradicionais de precificação. O seguro automotivo, que hoje considera variáveis pessoais do motorista, precisará redirecionar seu foco para a análise do desempenho do sistema autônomo, histórico de manutenção, atualizações de software e protocolos de segurança implementados pelo fabricante e pela empresa que opera a frota, como a Uber. Do ponto de vista dos corretores, a especialização em seguros voltados a frotas autônomas, o domínio de cláusulas contratuais envolvendo responsabilidade civil e a capacidade de orientar clientes sobre riscos cibernéticos serão importantes — especialmente para atender empresas que operam grandes frotas urbanas ou logísticas.

IA e telemetria: tecnologia a favor da segurança e eficiência nos seguros

Com a chegada dos veículos autônomos operados por grandes empresas, os seguros precisam evoluir para cobrir riscos mais amplos, como falhas operacionais, danos à infraestrutura urbana conectada e responsabilidades civis compartilhadas. Nesse contexto, a integração entre tecnologia e seguros torna-se essencial. O uso de telemetria avançada e inteligência artificial permite o monitoramento em tempo real dos veículos, otimizando a prevenção e a gestão de sinistros. Essas ferramentas possibilitam uma análise mais precisa de riscos, antecipando falhas e melhorando a eficiência na regulação de ocorrências. Além disso, ajudam a reduzir custos operacionais e a aumentar a segurança nas operações. Para acompanhar essa nova realidade, será fundamental investir em plataformas analíticas robustas, capazes de sustentar modelos de subscrição mais dinâmicos. A colaboração entre seguradoras e empresas de tecnologia será o caminho para desenvolver produtos personalizados e preparados para os desafios da mobilidade inteligente.

Veículos autônomos no Brasil e possíveis impactos regulatórios

O mercado brasileiro ainda está dando os primeiros passos no tema dos veículos autônomos. Um vídeo recente mostrando um Hyundai Creta aparentemente sem motorista na Ponte Rio-Niterói gerou dúvidas, mas o carro utilizava apenas piloto automático — tecnologia de assistência que não substitui o condutor. Atualmente, não há legislação específica no Brasil que regulamente o uso de veículos autônomos, o que gera um cenário de incerteza jurídica. Embora a aquisição desses modelos não seja proibida, o uso inadequado pode gerar infrações, como dirigir com apenas uma mão no volante. A CNseg vem atuando junto ao poder público para adaptar normas e apoiar projetos como o PL 3125/2021 e o PL 8338/2017, que tratam de responsabilidade civil e obrigatoriedade de seguros. Além disso, discute medidas como padronização de vistorias e classificação de danos para aumentar a segurança e reduzir fraudes. Nesse cenário, seguradoras que investirem em pesquisa, tecnologia e novos produtos estarão mais preparadas para atender à mobilidade do futuro.

Os seguros frente ao novo horizonte de veículos 

A evolução dos robotáxis autônomos demanda uma revisão nos paradigmas do mercado de seguro, promovendo segurança jurídica e financeira para operadores, fabricantes e usuários. A substituição de motoristas humanos por sistemas autônomos também requer mudanças nos modelos de risco, bem como o desenvolvimento de soluções específicas para novos tipos de exposição, como falhas tecnológicas e ciberameaças. Por isso, a adaptação de produtos e operações internas é indispensável para capturar esse novo mercado e mitigar riscos complexos que poderão surgir nas próximas décadas. Uma abordagem colaborativa e inovadora permitirá que o mercado de seguros explore as amplas oportunidades geradas pela mobilidade autônoma, garantindo segurança e confiança para todos os envolvidos.

Postado em
21/7/2025
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