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Macaúba: o biocombustível brasileiro que pode impulsionar inovação e sustentabilidade no mercado de seguros

Projeto apresentado na COP30 mostra como os biocombustíveis de base nativa podem trazer novas demandas de proteção agrícola, ambiental e patrimonial.
Macaúba: o biocombustível brasileiro que pode impulsionar inovação e sustentabilidade no mercado de seguros

Durante a COP30, muitas iniciativas ganharam espaço nas discussões sobre transição energética, sobretudo aquelas apoiadas em pesquisa aplicada e potencial real de redução de emissões. Lá, foi apresentado o projeto da Acelen Renováveis, que colocou em destaque a macaúba, uma palmeira nativa que passou a atrair atenção pelo volume de óleo que produz e pela possibilidade de uso em combustíveis renováveis. A empresa está estruturando uma rota de produção de Diesel Renovável (HVO) e Combustível Sustentável de Aviação (SAF) a partir dessa espécie. A iniciativa envolve pesquisa genética, viveiros de grande escala e a operação do Agripark, em Minas Gerais, considerado hoje o principal centro tecnológico dedicado ao avanço da cultura.

Expansão produtiva abre frentes de risco agrícola e operacional

E por que tudo isso interessa aos seguros? Porque o uso da macaúba em larga escala cria um conjunto de demandas que vai além da agronomia e impacta estruturas de proteção rural, ambiental, patrimonial e financeira necessárias para sustentar uma cadeia produtiva ainda em formação. De que forma? Por ser uma cultura permanente, sensível ao clima e dependente de mudas de alto padrão, o cultivo envolve riscos associados a falhas de germinação, pragas, perdas de plantio e danos estruturais em viveiros. Esses pontos ampliam a necessidade de proteções rurais que atendam características específicas da espécie e ofereçam amparo a produtores, inclusive agricultores familiares participantes do programa Acelen Valoriza.

Cadeia industrial e logística exige salvaguardas patrimoniais e ambientais

A etapa industrial também apresenta desafios. Instalações voltadas à extração de óleo, processamento e transporte exigem seguros robustos que cubram danos materiais, responsabilidade ambiental e eventuais paralisações. A operação integrada entre áreas de cultivo, fábricas e infraestrutura logística cria obrigações adicionais de conformidade, rastreabilidade e controle de qualidade, especialmente porque os combustíveis renováveis precisam atender padrões internacionais para HVO e SAF.

Novas rotas de produção reforçam necessidade de produtos de seguro adaptados à bioeconomia

A combinação entre expansão agrícola, operações industriais complexas e expectativas regulatórias coloca as seguradoras diante de um campo de atuação em construção. Produtos tradicionais podem não contemplar integralmente riscos decorrentes de culturas nativas em fase de domesticação, biorrefinarias de grande porte e cadeias que precisam comprovar intensidade de carbono reduzida. Isso pressiona o mercado a desenvolver soluções que considerem desde a produção de mudas até o abastecimento de setores como aviação e transporte.

Experiências internacionais mostram como combustíveis renováveis exigem proteção integrada

Países que já avançam na produção de HVO e SAF adotam instrumentos que abrangem garantias ambientais, seguros de engenharia específicos e mecanismos de proteção para financiadores. Estruturas desse tipo tendem a ser replicadas no Brasil conforme o setor amadurece, especialmente porque cadeias de biocombustíveis passam a ser avaliadas por certificações, auditorias e requisitos de governança.

Transformação energética tende a posicionar o seguro como eixo de viabilidade econômica

O uso da macaúba para os fins especificados indica um ponto de atenção em relação à escalonar melhor as prioridades no mercado de seguros, já que a transição energética amplia riscos antes inexistentes e exige produtos calibrados para culturas permanentes, operações industriais limpas e cadeias logísticas de combustíveis renováveis. As seguradoras que estiverem acompanhando essa dinâmica desde agora terão mais condições de construir soluções coerentes com a realidade da bioeconomia e de apoiar projetos que dependem de previsibilidade para se estruturaram no longo prazo.

Postado em
26/11/2025
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