Carros mais digitais, riscos mais complexos: o que o Salão do Automóvel revela ao seguro auto

Depois de sete anos sem edição, o Salão do Automóvel de São Paulo voltou a ocupar o Anhembi e retomou o posto de principal vitrine da indústria no país. A mostra, aberta ao público entre 21 e 30 de novembro, reúne centenas de milhares de visitantes e concentra boa parte das estreias que chegarão às ruas nos próximos anos. Os lançamentos do evento dão uma amostra de como a próxima leva de veículos deve pressionar o seguro auto. A combinação de eletrônica mais densa, propulsão eletrificada e interiores comandados por software dão uma amostra de como o risco deixará de se concentrar apenas em colisões estruturais e passará a incluir, com mais peso, o impacto sobre módulos sensíveis e sistemas que mantêm o carro utilizável.
Reparos que começam pelo diagnóstico digital
Entre os modelos já confirmados para o Brasil, o Jeep Avenger aparece como um bom retrato dessa transição. Pensado para disputar espaço com SUVs compactos como Pulse, Kardian e Tera, ele reúne motor turbo, câmbio CVT com simulação de marchas e a perspectiva de versões eletrificadas. Em outra faixa de proposta, o Avatr 11, elétrico com mais de 500 cv, explicita o quanto a arquitetura digital se espalhou pelo carro: assistentes de condução, interfaces avançadas e baterias de alta capacidade. O C16, da Leapmotor, acrescenta mais uma camada ao incorporar inteligência artificial na central multimídia para interpretar comandos de voz com mais flexibilidade. Em comum, esses exemplos apontam para reparos mais longos, dependência de peças específicas e necessidade de oficinas treinadas para lidar com diagnósticos eletrônicos complexos.
Eletrificação plural e impactos no custo do sinistro
A eletrificação em múltiplos formatos reforça esse quadro. O retorno do Honda Prelude com sistema híbrido, o Yaris Cross em versão híbrida plena flex, o Tiggo 5X eletrificado e os projetos da Lecar que combinam motor a combustão apenas como gerador com um conjunto elétrico da WEG indicam que a frota passará a reunir soluções diferentes para o mesmo objetivo: reduzir consumo e emissões. Isso tudo pode significar baterias de alto valor, inversores, cabos de alta tensão e softwares de gerenciamento de energia distribuídos pelo veículo. Para quem trabalha com seguros, cresce o peso de perguntas como: em que ponto um dano localizado leva à troca de um conjunto inteiro? Quantos desses componentes podem ser recuperados com segurança após um alagamento ou um princípio de incêndio? Essas respostas influenciam diretamente a proporção entre perdas parciais e indenizações integrais.
SUVs acessíveis, tecnologia avançada e disputa urbana
Ao mesmo tempo, a expansão de SUVs compactos posicionados em faixas de preço mais baixas tende a aproximar esse pacote tecnológico do uso cotidiano em grandes centros urbanos. O próprio Avenger, estimado entre R$130 mil e R$160 mil, é pensado para circular em trajetos diários, disputar vagas em bairros adensados e conviver com índices relevantes de roubo e furto. O Yaris Cross amplia essa lógica ao combinar vocação urbana com opção híbrida flex, aproximando uma mecânica mais sofisticada de um público que precisa equilibrar custo de aquisição, manutenção e seguro. Essa mistura de volume, circulação intensa e eletrônica embarcada aumenta o interesse por modelos de seguro baseados em dados de uso, que consigam refletir o comportamento ao volante e, ao mesmo tempo, acomodar o custo real dos reparos.
Indústria pode lançar novos tipos de proteção
Também foram apresentados projetos ainda em fase de mock-up, como o SUV 459, a picape Campo e o jipe Tático, da Lecar, associados ao complexo industrial previsto para o Espírito Santo a partir de 2026. Embora ainda distantes das ruas, esses planos já sinalizam demandas futuras por coberturas ligadas a risco de engenharia, testes de protótipos e proteção de investimentos em plantas fabris em implantação, um campo em que seguros empresariais e garantias contratuais costumam ganhar relevância à medida que as obras avançam.
O pano de fundo industrial que acompanha os lançamentos
O evento também ganhou contorno institucional com a fala do presidente Lula durante a abertura. Ao defender que o país avance na produção de baterias, no domínio das terras raras e em tecnologias que sustentam a transição energética, ele retomou a ideia de que a indústria automotiva pode ampliar sua capacidade de inovar e agregar valor. A menção à necessidade de desenvolver conhecimento e reduzir a dependência de insumos importados reforça um pano de fundo importante: se a cadeia automotiva se reorganiza nesse sentido, prazos de produção, fornecimento de peças e formação técnica passam a influenciar diretamente o custo e a previsibilidade dos reparos, elementos considerados centrais na avaliação de risco das seguradoras.
Mudanças vão chegar ao cálculo de risco
Tomadas em conjunto, as informações sobre o Salão de Automóvel de São Paulo mostram que a frota que se anuncia é mais dependente de software, de energia elétrica e de componentes caros de substituir. Para o mercado de seguros, acompanhar essa evolução a partir dos dados disponíveis hoje é uma forma de se antecipar ao que estará nas apólices, nos orçamentos de oficina e nas conversas com corretores nos próximos anos.







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