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COP30 em Belém: desafios climáticos e como o setor de seguros deve se posicionar

A COP30 em Belém destaca a urgência das mudanças climáticas e o papel do mercado de seguros na transição sustentável. Descubra como inovação, tecnologia e ESG estão moldando o futuro do setor.
COP30 em Belém: desafios climáticos e como o setor de seguros deve se posicionar

Evento em Belém faz chamado para mudanças climáticas

A realização da COP30 em Belém ocorre em um momento decisivo para o planeta. Apesar dos avanços obtidos nos últimos anos, os esforços globais para conter o aquecimento ainda estão aquém do necessário, e a pressão sobre governos e empresas por ações efetivas nunca foi tão grande. A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas será realizada em um cenário geopolítico desafiador, marcado por crises no multilateralismo, conflitos armados e pela ausência de alguns dos principais emissores históricos de gases de efeito estufa, como os Estados Unidos. Dois anos após o compromisso global de reduzir a dependência dos combustíveis fósseis, responsáveis por cerca de 75% das emissões, o tema parece ter perdido força nas agendas políticas, observa a cientista Thelma Krug, ex-vice-presidente do IPCC (Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas).

Atraso global e desafios na transição energética

De acordo com a matéria do UOL, apesar dos investimentos expressivos em energias renováveis, especialmente liderados pela China, as emissões globais continuam em alta devido à forte dependência do petróleo, carvão e gás natural. Muitos países ainda não têm um plano claro para abandonar os combustíveis fósseis, seja por limitações estruturais, seja pela falta de fontes alternativas viáveis, como energia solar, eólica e geotérmica. Enquanto isso, o Brasil busca destacar avanços no combate ao desmatamento, principal responsável pelas emissões nacionais, com a meta de zerar a devastação da Amazônia em dez anos. No entanto, o cenário global é menos animador: apenas um terço dos 196 países signatários da Convenção do Clima da ONU apresentou novos compromissos de redução de emissões dentro do prazo, e as metas propostas ficaram aquém do esperado.

Riscos climáticos no centro das Decisões Globais

Segundo o Global Risks Report 2025, os riscos ambientais deixaram de ser projeções futuras e já moldam o presente. Cinco dos dez maiores riscos globais da próxima década são de natureza ambiental, entre eles, eventos climáticos extremos, perda de biodiversidade e colapso dos ecossistemas. Esses fenômenos têm se intensificado em frequência e gravidade, impactando cadeias produtivas, infraestrutura e o equilíbrio socioeconômico global. A perda de biodiversidade e o enfraquecimento dos ecossistemas revelam uma crise ecológica que ameaça funções vitais como regulação do clima e fornecimento de recursos naturais. O colapso desses sistemas amplia a vulnerabilidade das nações e exige respostas coordenadas entre governos e empresas. O relatório também destaca que o enfrentamento desses riscos demanda cooperação global, transparência e planejamento de longo prazo.

O Papel do Seguro frente aos riscos climáticos

O atraso na adoção de medidas concretas contra o aquecimento global reforça a importância da COP30 como um ponto de virada. A conferência deve estimular ações mais efetivas e incentivar soluções inovadoras, e o mercado de seguros desponta como um aliado estratégico nessa transição, promovendo resiliência financeira e apoiando práticas sustentáveis. Diante desse cenário, o setor de seguros ganha protagonismo ao criar mecanismos de proteção financeira e promover inovação sustentável. Soluções como seguros paramétricos, que oferecem liquidez imediata em casos de desastres naturais, e o uso de inteligência artificial e big data para avaliação precisa de riscos, já se consolidam como tendências globais e começam a ganhar força também no Brasil.

Caminhos para o Seguro Verde

Em um país com grande diversidade climática e alta vulnerabilidade a desastres naturais, a COP30 fortalece o debate sobre sustentabilidade e impulsiona reflexões sobre inovação e responsabilidade ambiental no mercado segurador. A adesão de empresas ao Pacto Global da ONU reflete esse movimento de comprometimento com práticas empresariais éticas e sustentáveis. Paralelamente, insurtechs vêm desenvolvendo produtos que estimulam comportamentos preventivos, como seguros de saúde voltados a hábitos saudáveis e seguros de automóveis que recompensam condução segura, alinhando proteção, propósito e tecnologia de forma responsável.

Tecnologia, inovação e o futuro da proteção climática

O avanço das tecnologias climáticas (Climate Tech) está transformando o modo como o setor segurador lida com riscos ambientais. Ferramentas como previsões meteorológicas precisas, imagens de satélite, seguros paramétricos e sistemas de alerta já são aplicadas para mitigar impactos de eventos extremos. Segundo o relatório Crash Course 2024, o uso de IA e análise preditiva é essencial para melhorar a previsão de tempestades e reduzir prejuízos em ramos como o automotivo. Ao lado dessas tecnologias, a digitalização e o uso de blockchain também têm ajudado a impulsionar um modelo de seguro mais ágil, transparente e sustentável. 

Desafios e barreiras na transformação climática do setor

Apesar dos avanços, o mercado ainda enfrenta obstáculos como a escassez de dados climáticos confiáveis, a complexidade de precificação e a falta de padronização, fatores que dificultam o avanço. Eventos como a COP30, portanto, reforçam a necessidade de cooperação entre governos e órgãos responsáveis com o setor privado, passando pelas seguradoras e instituições financeiras e a sociedade como um todo para construir um ambiente regulatório que favoreça a inovação e a transparência.

Um futuro segurável e sustentável

A Conferência realizada em Belém é um lembrete para a ação diante dos impactos climáticos já existentes e os que podem ocorrer no futuro próximo. Em um mundo em que os riscos ambientais já são parte da realidade e não apenas previsões, o setor de seguros precisa considerar esse cenário e corroborar na transformação estrutural, conciliando rentabilidade e responsabilidade ambiental. Com o investindo em tecnologias e práticas verdes, desenvolvendo produtos e medidas práticas alinhadas ao ESG, as seguradoras além de protegerem patrimônios, contribuem para a construção de uma economia mais resiliente e responsável ambientalmente. O futuro do seguro verde depende da colaboração entre governos, empresas e sociedade para transformar a proteção em ferramenta de impacto positivo, que protege o presente e garante o amanhã.

Postado em
10/11/2025
 na categoria
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