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Falha na Cloudflare expõe fragilidades digitais e acende alerta para riscos operacionais nas seguradora

Como as instabilidades tecnológicas podem afetar operações, compliance, experiência do cliente e a inovação em no setor de seguros.
Falha na Cloudflare expõe fragilidades digitais e acende alerta para riscos operacionais nas seguradora

Cloudflare sofre pane e causa instabilidade em diversas plataformas

A Cloudflare, uma das maiores empresas de infraestrutura da internet, apresentou falhas na última terça-feira (18), causando instabilidade e deixando milhares de sites e serviços fora do ar. Responsável por operar como uma camada intermediária entre usuários e servidores, a companhia oferece proteção contra ataques, melhora o desempenho das páginas e garante a disponibilidade de sistemas digitais.A empresa, que é referência mundial em serviços de CDN (Rede de Distribuição de Conteúdo) e defesa contra ataques DDoS, registrou interrupções simultâneas em páginas, APIs e plataformas de grandes organizações. Embora a causa exata ainda esteja sob investigação, incidentes desse tipo geralmente envolvem erros de roteamento, configurações inadequadas ou falhas internas em sua ampla rede de data centers.

Dependência digital e riscos operacionais

No incidente em questão, usuários de diversos países relataram dificuldades para acessar várias plataformas, como o X, Canva e o Chat GPT. A dimensão da interrupção destacou a centralidade da Cloudflare para a operar uma vasta gama de serviços online. Em um momento em que as empresas aceleram a adoção da IA e buscam construir experiências digitais integradas, qualquer falha externa pode comprometer operações importantes, gerar riscos e afetar a confiança do consumidor. Para as seguradoras, essa quebra de conectividade pode comprometer sistemas que operam de forma digital como o processamento de sinistros, subscrição através de machine learning e outros serviços que contam com tecnologias, o que gera efeitos adversos para a eficiência operacional.

Fragilidade de ecossistemas centralizados

A dependência excessiva de poucos provedores de infraestrutura cria pontos únicos de falha capazes de paralisar todo um ecossistema digital. Em momentos de instabilidade, há o risco de exposição de informações, falhas de autenticação e perda de integridade em fluxos críticos. A queda da Cloudflare evidencia que a modernização tecnológica precisa vir acompanhada de diversificação estratégica e arquitetura distribuída. Nesse contexto, as instituições podem adotar modelos híbridos que combinam computação em nuvem e edge computing. A computação em nuvem utiliza servidores remotos, frequentemente localizados em data centers de grande escala, para armazenar dados e executar aplicações de forma centralizada. Isso garante escalabilidade e redução de custos, mas pode gerar dependência de poucos fornecedores. Já o edge computing aproxima o processamento dos dados do ponto onde eles são gerados, distribuindo parte das operações para dispositivos ou servidores locais. Ao reduzir a distância entre o usuário e a infraestrutura, diminui-se a latência, amplia-se a velocidade de resposta e aumenta-se a resiliência, já que o funcionamento não depende apenas do ambiente central da nuvem.

Tendências tecnológicas de 2026 e seus impactos no setor de seguros

O Gartner aponta que, até 2026, a combinação de IA, conectividade avançada e confiança digital será decisiva para a competitividade das empresas. No mercado segurador, que depende de dados, automação e decisões rápidas, essas tendências representam tanto avanço quanto novos riscos. Entre as inovações mais relevantes estão as plataformas de segurança de IA, que centralizam o controle e a proteção de modelos utilizados em processos como subscrição, precificação e análise antifraude. Conforme prevê a Gartner, até 2028 mais da metade das organizações devem utilizar essas soluções para evitar problemas como vazamento de dados e manipulação de prompts. Além disso, a computação confidencial também ganha destaque, pois permite que o processamento de informações sensíveis seja feito de forma protegida. Para as seguradoras, isso é especialmente crítico diante das exigências regulatórias, da LGPD e da necessidade de operar com parceiros tecnológicos mantendo sigilo e integridade dos dados. O Gartner projeta que, até 2029, mais de 75% das operações em infraestrutura não confiável serão protegidas por esse modelo.

Impactos para profissionais do setor e possíveis soluções 

A ocorrência de instabilidade reforça a importância de soluções específicas e que cubram interrupções operacionais e falhas de infraestrutura de terceiros. Corretores, que dependem diariamente de sistemas de cotação, emissão e atendimento, também sentem o impacto de instabilidades e precisam fortalecer sua preparação para lidar com riscos digitais. Assim, embora a digitalização traga ganhos claros de eficiência, ela exige uma atenção maior às vulnerabilidades do ambiente tecnológico e às práticas de continuidade de negócios. Órgãos reguladores devem promover a fiscalização necessária para garantir resiliência operacional, exigindo planos robustos de continuidade, testes periódicos e avaliação rígida. Esse movimento amplia a responsabilidade das seguradoras e aumenta a necessidade de governança cibernética integrada, alinhada ao ritmo acelerado da transformação digital.

O digital pode falhar, mas é preciso desenvolver arquiteturas resilientes 

Para evitar grandes impactos, torna-se essencial adotar sistemas redundantes, monitoramento contínuo e mecanismos automáticos de resposta a incidentes, que ajudam a reduzir danos e acelerar a retomada das operações. Apane da Cloudflare deixa claro que não existe inovação sustentável sem resiliência tecnológica. Para um setor que opera baseado em dados e automação como o de seguros, quedas de infraestrutura trazem contratempos técnicos, atrasando ainda mais os processos. A indústria seguradora avança em direção a um futuro mais conectado, guiado por IA, análise em tempo real e ecossistemas digitais cada vez mais amplos. Mas esse futuro só se sustenta quando a base tecnológica é capaz de continuar operando mesmo em cenários de falha. Isso exige escolhas arquitetônicas inteligentes, diversificação de provedores, políticas de segurança mais robustas e uma governança cibernética preparada para lidar com riscos que nascem fora dos muros da própria organização.

Postado em
21/11/2025
 na categoria
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