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Escolha inteligente na compra do carro: como pagamento, financiamento e consórcio impactam o mercado de seguros

Decisões financeiras na aquisição de veículos influenciam o comportamento do mercado e as estratégias das seguradoras.
Escolha inteligente na compra do carro: como pagamento, financiamento e consórcio impactam o mercado de seguros

Escolhas financeiras e as possibilidades de aquisição de um carro

Optar entre pagamento à vista, financiamento ou consórcio é uma escolha que influencia não só o planejamento orçamentário do consumidor, mas a dinâmica de contratação de seguros veiculares. A educadora financeira, Paula Bazzo, abordou em um podcast do G1 alguns fatores que envolvem a compra de um automóvel, indicando quais decisões financeiras podem fazer mais sentido para cada condutor. As modalidades financeiras apresentam características específicas que afetam o perfil de risco do segurado, as condições de cobertura e as estratégias comerciais das seguradoras. Com as diferenças dessas possibilidades para aquisição de veículos, compreender os impactos da decisão final é importante para esclarecer facilitações ou entraves no que se refere ao seguro.

Pagamento à vista: menor risco, condições mais vantajosas

Quando o veículo é adquirido à vista, o proprietário tem autonomia total sobre o bem. Nesse caso, o processo de seguro é mais direto e o cliente escolhe livremente a seguradora e define as coberturas que melhor atendem suas necessidades, como colisão, roubo, incêndio, assistência 24h e carro reserva. A precificação tende a ser mais competitiva, já que o perfil de quem compra à vista costuma indicar menor risco de inadimplência e maior cuidado com o veículo. Além disso, não há exigências contratuais de terceiros, o seguro é feito exclusivamente em nome do proprietário, com flexibilidade para alterar ou cancelar a apólice a qualquer momento. 

Financiamento: proteção ampliada e custos maiores

No financiamento, o carro permanece em nome do comprador, mas o veículo é adquirido como crédito, deixando a administradora financeira ou banco como credor até a quitação total da dívida. O processo, nesse caso, envolve duas dimensões:

  • Seguro obrigatório ou vinculado: o banco pode exigir uma apólice com cobertura compreensiva (roubo, colisão, incêndio, danos a terceiros), garantindo a integridade do bem até o fim do contrato.
  • Seguro de proteção financeira (SPF): algumas instituições incluem coberturas adicionais que quitam o saldo devedor em caso de morte ou invalidez do comprador.

Essa modalidade tende a elevar o custo do seguro, pois as instituições exigem a contratação de seguro com cobertura ampla e cláusulas adicionais que incluem a proteção do patrimônio financiado. Além disso, o risco para a seguradora aumenta devido à maior possibilidade de inadimplência e sinistros durante o período da dívida, impactando diretamente na precificação dos produtos.

Consórcio: perfil de risco diluído e seguros sob medida

O consórcio, por sua vez, funciona como uma poupança coletiva para a compra do veículo. Após a contemplação, ao ser sorteado ou dar lance e adquirir o veículo, o participante deve contratar um seguro automotivo completo. Nesse momento, o processo de contratação é semelhante ao do financiamento: a administradora ou o banco que libera a carta de crédito exige a inclusão do veículo em uma apólice, com cobertura contra danos e perda total. Com o tempo variável para a aquisição do carro, as seguradoras vêm criando produtos específicos para o público de consórcio — com planos flexíveis, início de vigência ajustado à contemplação e possibilidade de 

Mercado em crescimento e personalização em alta

O setor de seguros automotivos segue em ritmo acelerado de expansão. Conforme divulgado pela Fenacor, em fevereiro de 2025, a demanda por seguros cresceu 27,13% em relação ao mesmo mês do ano anterior e 4,28% em comparação com janeiro, segundo o Índice Neurotech de Demanda por Seguros (INDS). De acordo com Erico Melo, presidente do Sincor-SE e vice-presidente da Fenacor, o aumento das contratações demonstra a maturidade e o potencial do mercado, que deve registrar “um ano de grandes conquistas”. O crescimento também acompanha o bom desempenho do setor automotivo – as vendas de carros e comerciais leves subiram 12% em relação a fevereiro de 2024, segundo a Fenabrave. Esse cenário reforça a importância de produtos personalizados e de uma atuação consultiva por parte dos corretores, com o objetivo de adaptar coberturas às diferentes modalidades de compra, seja à vista, financiado ou via consórcio, equilibrando custo, proteção e necessidade do segurado.

Inovação e dados: o novo motor do seguro automotivo

Seguradoras líderes vêm investindo em tecnologia e análise de dados para mapear o perfil dos clientes conforme a modalidade financeira adotada na compra do veículo. O uso de ferramentas de inteligência artificial, IoT e machine learning permite precificar riscos com maior precisão, criando ofertas personalizadas e competitivas. Por exemplo, algumas empresas ampliam a oferta de seguros modulares para contemplar os diferentes estágios do financiamento ou do consórcio, promovendo maior flexibilidade para o consumidor. Além disso, o crescimento das fintechs e plataformas digitais têm facilitado o acesso a financiamentos, criando um ecossistema integrado com ofertas de seguros digitais. Nesse sentido, a transformação digital impõe ao mercado segurador a necessidade de inovação constante, produtos customizáveis e processos ágeis, sob pena de perder espaço para novos entrantes que agregam valor ao cliente final.

Um mercado movido por escolhas

A forma como o consumidor decide comprar um carro dita o ritmo das possibilidades de obtenção dos seguros. Cada modalidade revela um tipo de relação com o risco, com o bem e com o próprio planejamento de vida, e é justamente nesse ponto que o setor segurador precisa se adaptar. Enquanto o pagamento à vista traduz autonomia e menor risco, o financiamento exige proteção ampliada e um olhar técnico sobre garantias e obrigações. Já o consórcio, com seu ciclo mais longo e variado, demanda flexibilidade e soluções sob medida. Para profissionais do setor, compreender como as diferentes formas de aquisição impactam o comportamento do consumidor e o perfil de risco dos veículos segurados, é fundamental para desenvolver estratégias de precificação. A análise integrada entre dados financeiros e seguradores pode resultar em melhores produtos e uma maior eficiência operacional. Em um contexto de expansão e digitalização acelerada, a personalização é fundamental para atender as especificidades dos consumidores. Por isso, o mercado de seguros deve se concentrar em adaptação de produtos, análise de risco bem detalhada e atendimento personalizado, maximizando oportunidades, reduzindo riscos e priorizando boas experiências para os segurados.

Postado em
13/11/2025
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