A

o passo que o mercado de trabalho global se inclina cada vez mais para a flexibilidade e a individualização do trabalho, o modo de trabalhar e a própria natureza de diversas profissões passou por transformações profundas e, em consequência disso, as necessidades de proteção desses novos tipos de trabalhadores ou de modos de operar o próprio trabalho desafia o setor de seguros a repensar e desenvolver produtos que correspondam à realidade desses novos padrões laborais. 

O fenômeno da Gig Economy 

Gig Economy – expressão americana que se popularizou e significa uma forma de trabalho flexível ou uma forma alternativa de emprego – é uma tendência em expansão. Também conhecida como Freelance Economy ou mesmo Economy on Demand, a  gig economy é um modelo econômico alternativo da era digital que privilegia a realização de trabalhos temporários ou de curta duração para várias empresas. Esse conceito é particularmente atraente para trabalhadores autônomos, abrangendo uma extensa variedade de freelancers. O termo também está associado ao surgimento de plataformas como Airbnb e Uber, que empregam profissionais conforme a necessidade para tarefas específicas e de breve período.

 Gig Economy, trabalho remoto e as mudanças nas relações de trabalho

Com a emergência de novas dinâmicas de trabalho, como o emprego remoto, a flexibilidade nos horários e o aparecimento de novas profissões, a Gig Economy criou novas formas de relações trabalhistas baseadas em atividades sob demanda. Entre os benefícios dessa transformação, destacam-se a flexibilidade na carga horária e a oportunidade de alcançar rendimentos mais elevados, uma vez que os profissionais têm a liberdade de definir seus próprios preços e horários de trabalho.

Durante a pandemia, o home office foi uma estratégia adotada por 46% das empresas. Depois da flexibilização, esse percentual diminuiu e alguns especialistas chegaram a apontar que a modalidade de trabalho 100% remota iria acabar para dar vez ao modelo híbrido. No entanto, o levantamento “Resultados sobre trabalho no domicílio”, da FGV, divulgado no Valor Econômico, apontou que o home office tem potencial para dobrar no país. Diante dessas informações, o ajuste em oferta de seguros se torna imprescindível para atender a um grupo crescente de profissionais que, agora, demandam soluções tão flexíveis e dinâmicas quanto seus empregos. 

Seguros de Saúde adaptativos para a Gig Economy

Quanto às proteções que podem ser oferecidas pelos seguros, há alguns caminhos possíveis. Por exemplo, os pilares da Gig Economy, trabalhadores autônomos e freelancers, enfrentam uma realidade onde a estabilidade oferecida por planos de saúde corporativos é inexistente. Com a variabilidade de seus contratos e projetos, esses trabalhadores precisam de opções de seguro de saúde que permitam flexibilidade tanto na escolha quanto na duração da cobertura. As seguradoras precisam considerar planos que possam ser ajustados com facilidade, acompanhando as flutuações na carga de trabalho e na renda desses indivíduos, proporcionando a eles a capacidade de aumentar ou reduzir a cobertura sem enfrentar obstáculos burocráticos ou penalidades financeiras.

Responsabilidade Profissional em um mercado fragmentado

A liberdade de escolher projetos e empregadores caracteriza a Gig Economy, mas também expõe os trabalhadores a riscos jurídicos. Com a transição frequente entre trabalhos, a possibilidade de enfrentar alegações por falhas ou negligências é uma realidade. Seguros de responsabilidade profissional desenhados para se encaixar ao volume e natureza dos trabalhos podem ser determinantes para esses profissionais. Estes produtos devem oferecer proteção contra reclamações por danos causados a terceiros, garantindo que os trabalhadores possam manter sua reputação e continuidade profissional sem o peso de potenciais litígios.

Proteção da renda diante da volatilidade do mercado

O fluxo de renda variável é talvez o maior desafio para quem opera na Gig Economy. Produtos de seguro que garantam uma renda estável durante períodos de doença ou após acidentes são fundamentais. Além disso, seguros que cobrem paralisações operacionais específicas para freelancers, como a perda de um cliente principal ou falhas tecnológicas, podem fornecer um suporte financeiro crucial em momentos de incerteza.

Adaptações no seguro para o trabalho remoto

A recente expansão do trabalho remoto, como a iniciativa do Mercado Livre de aumentar seu quadro de funcionários em 28% e consolidar essa modalidade de trabalho, demonstra que há terreno para novas formas de seguro. Equipamentos domésticos utilizados para o trabalho e a segurança cibernética são agora áreas de interesse primário. Os seguros podem cobrir desde danos materiais em casa até responsabilidades associadas à proteção de dados, abordando riscos emergentes que acompanham o trabalho fora de ambientes corporativos tradicionais.

Inovação nesse campo pode abrir novos nichos de atuação para o mercado de seguros

Como as seguradoras devem sempre se mobilizar para acompanhar as mudanças e atender as demandas da sociedade, faz muito sentido que o setor busque estar alinhado às mudanças no mercado de trabalho, criando produtos que atendam às necessidades específicas e cada vez mais diversificadas de freelancers e trabalhadores remotos. A capacidade de inovar e responder a essas novas demandas pode proporcionar segurança aos trabalhadores em arranjos de trabalho não tradicionais e abrir novos nichos de atuação para o mercado de seguros expandir seus negócios.

Postado em
22/4/2024
 na categoria
Inovação

Mais sobre a categoria

Inovação

VER TUDO