Insurtech entre os segmentos de fintech que mais crescem na América Latina

ecossistema de fintech na América Latina (LatAm) cresceu rapidamente nos últimos dois anos, com crescimento sustentado observado em todos os segmentos e no número de fintechs ativas, mostra um novo relatório do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Finnovista. Mas em todas as principais categorias, são bancos digitais, tecnologia/TI e infraestrutura, bem como insurtech que testemunharam o crescimento mais forte.
No final de 2021, a região da América Latina e Caribe (LAC) abrigava 2.482 empresas de fintech. As maiores economias da região, Brasil e México, responderam por mais da metade do número total de empresas de fintech, hospedando 771 e 512 empreendimentos de fintech, respectivamente. Esses dois países, combinados com os outros três principais mercados de fintech da região, a saber, Colômbia, Argentina e Chile, representaram 81% de todas as startups de fintech da LAC.
Observando a trajetória de crescimento do setor de fintech nos últimos anos, o BID observa que o número de empresas de fintech na região mais que dobrou entre 2017 e 2021, mostrando o dinamismo e a expansão que o setor vem experimentando nos últimos anos. Em média, o número de empresas de fintech nos cinco maiores mercados de fintech da LAC cresceu 34% ao ano entre 2017 e 2021.

Evolução do ecossistema de fintech nos cinco principais mercados da América Latina, Fonte: Fintech na América Latina e Caribe: Um Ecossistema Consolidado para a Recuperação, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Finnovista, 2022
Um mergulho profundo nos principais subsetores de fintech mostra que pagamentos e remessas continuam sendo o maior segmento de fintech da região, representando agora 25% de todas as empresas de fintech na ALC ou 604 empreendimentos. A categoria de pagamentos e remessas é seguida por empréstimos (19%), soluções de tecnologia de negócios para instituições financeiras (15%) e gestão financeira empresarial (11%).

Distribuição das fintechs na América Latina, por segmento, Fonte: Fintech na América Latina e Caribe: Um Ecossistema Consolidado para a Recuperação, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Finnovista, 2022
O crescente setor bancário digital da América Latina
Embora os bancos digitais representem apenas 5% de todas as empresas de fintech na ALC, a pesquisa descobriu que foi o segmento de fintech que mais cresceu entre 2017 e 2021, com o número de empresas de banco digital crescendo a uma taxa média anual de 57% entre 2017 e 2021 para chegar a 60.

Crescimento médio anual dos segmentos de fintech na América Latina (2017–2021), Fonte: Fintech na América Latina e Caribe: Um Ecossistema Consolidado para a Recuperação, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Finnovista, 2022
O banco digital tem sido uma das tendências de fintech mais comentadas na América Latina em meio à crescente adoção em mercados como Brasil e México e à crescente atividade de financiamento.
O Nubank do Brasil acumulou mais de 48 milhões de clientes na América Latina e é hoje a maior empresa de banco digital do país. No ano passado, tornou -se o banco listado mais valioso da América Latina depois de levantar US$ 2,6 bilhões em uma oferta pública inicial (IPO) que lhe deu um valor de mercado superior a US$ 40 bilhões.
O Banco Inter, outro banco digital brasileiro, encerrou 2021 com um crescimento de clientes ano a ano (YoY) de 93%, atingindo 16,3 milhões de usuários. Isso ajudou a aumentar a receita em 131% em relação aos anos anteriores, bem como o lucro líquido em 1.307%. A empresa, que fornece serviços financeiros e não financeiros a seus clientes, está trabalhando em uma expansão nos EUA , adquirindo a startup Usend, com sede em Los Angeles, em janeiro de 2022 e lançando oficialmente sua operação nos EUA em junho de 2022.
A ascensão do banco digital na América Latina foi possibilitada pela forte atividade de capital de risco (VC) que apoia o setor. Uma análise realizada como parte do relatório do BID e da Finnovista descobriu que as empresas de banco digital na América Latina levantaram mais fundos, em média, do que o restante das fintechs em diferentes segmentos.
Das startups de banco digital pesquisadas para o relatório, 68% indicaram ter recebido financiamento. Destes, 36% disseram ter arrecadado mais de US$ 1 milhão, uma proporção muito superior à média relatada para todo o setor de fintech de 27%.
Infraestrutura, provedores de tecnologia e insurtech veem tração crescente
Depois do banco digital, as soluções de tecnologia de negócios para instituições financeiras registraram o segundo maior crescimento, crescendo a uma taxa média anual de 49% entre 2017 e 2021. O relatório destaca uma correlação entre o aumento do banco digital na América Latina e a crescente demanda vinda de instituições financeiras para plataformas digitais e soluções tecnológicas. Ele observa que, no segmento de tecnologia de negócios, as plataformas e serviços bancários digitais são a categoria mais representada, o que implica que o crescimento no espaço do neobanco levou os operadores históricos a acelerar sua transformação digital e recorrer a provedores de tecnologia para suas necessidades digitais.
O segmento insurtech também teve um desenvolvimento significativo, crescendo a uma taxa média anual de 46%. Este segmento já testemunhou uma tendência natural de crescimento antes da pandemia, mas o COVID-19 acelerou a ascensão do setor, observa o relatório.
A maioria das empresas de insurtech atualmente na América Latina opera sob um modelo business-to-consumer (27%), abordando consumidores bancários. 23% das empresas de insurtech da LAC operam sob um modelo business-to-business (B2B), atendendo instituições financeiras, e 20% estão atendendo consumidores na base das pirâmides.
Insurtech é um espaço promissor na ALC, diz o relatório, dada a baixa penetração de produtos de seguros que ficou em uma média de 3,1% de prêmios/PIB em 2020 em comparação com a taxa de penetração média global de 7,2% em 2019 .

Modelos de negócios e nichos de mercado atendidos por startups de insurtech na América Latina, Fonte: Fintech in Latin America and the Caribbean: A Consolidated Ecosystem for Recovery, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Finnovista, 2022