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escrita como uma insurtech disruptiva, a Hero Seguros está no mercado há dois anos e impressiona pelos números alcançados. Só em 2023, a startup especializada em seguro viagem movimentou mais de R$ 130 milhões, superando a marca de R$ 60 milhões em receita. Com pouco tempo de atuação, já responde por 8% do market share de todo o setor e quer dobrar de tamanho até dezembro deste ano. Agora, está expandindo as atividades para outros ramos: seguro de celular, residencial e prestamista.

À frente da Hero estão os empreendedores Raphael Swierczynski e Guilherme Wroclawski, profissionais com mais de duas décadas de atuação. Swierczynski vem do mercado de seguros — passou pela Chubb (foi superintendente), QBE (CEO da operação do Brasil) e Ciclic (CEO).

Já Wroclawski tem sua carreira baseada na experiência digital e empreendedora. Fundou a SaveMe, consolidadora de cupons de desconto (vendida ao grupo Buscapé); foi mentor e investidor-anjo de startups; lançou o brechó online Repasse (vendido à Renner), foi sócio da agência de marketing digital JotaCom e COO da Ciclic, onde conheceu o atual sócio.

Sem aportes externos desde o início, até o momento, foram investidos mais de R$ 15 milhões na companhia. A Hero atua como uma MGA (sigla derivada de Managing General Agent, que significa Agente Administrativo Geral) do grupo Generali, focando no modelo de negócios B2B2C (Business To Business To Consumer), ou seja, tem autorização da seguradora com atuação global para administrar e negociar contratos em seu nome, vendendo para outras empresas que revendem seus produtos aos consumidores.

A insurtech tem uma base de mais de 1 milhão de clientes e média de 70 mil bilhetes emitidos por mês. Desde quando foi lançada, prestou algum tipo de atendimento a 50 mil dos segurados, sendo que 30 mil acionaram o serviço durante as viagens. “No total, indenizamos mais de R$ 50 milhões a esses clientes”, afirma Swierczynski.

Por trás do crescimento

A Hero Seguros começou sua operação em março de 2022. Surgiu no mercado com a proposta de usar a tecnologia para desburocratizar processos de contratação de seguros, oferecendo serviços que abrangem diversas coberturas — de despesas médicas a cancelamento de viagens e extravio de bagagem.

Como explica Wroclawski, a empresa nasceu com um modelo de negócio diferente do que costuma ser adotado pela concorrência. “Por sermos uma MGA, temos todos os poderes que uma seguradora tem para criar, precificar, atender e regular os seguros que comercializamos. A Generali é uma intermediadora junto à Susep [Superintendência de Seguros Privados]. Com isso, não dependemos de processos, sistemas e burocracias internas para criar nossos produtos e precificá-los como entendemos ser mais aderente e inteligente”, diz.

Além de conseguir agilizar e diminuir as burocracias envolvidas, a startup desenvolveu um sistema multiproduto, que garante facilitar a integração com os clientes, permitindo que se integrem via API, numa relação 100% digital. Também disponibiliza a comercialização através de página web personalizada - desenvolvida pela equipe interna em menos de 24 horas - e uma aplicação web para que acessem diretamente o sistema.

Tais facilidades e agilidades, conforme revelam os fundadores, fizeram a startup entrar no mercado com remuneração diferenciada aos clientes (podendo chegar a 65% do valor de venda) e preços bem mais acessíveis para o consumidor (em média 15% mais baratos).

Segundo Wroclawski, isso ocorre porque, no mercado de seguro viagem tradicional, há uma extensa cadeia entre a seguradora e o cliente final, devido a questões regulatórias. Cada empresa embute seu custo e margens de lucro. Pelo fato de a startup ser MGA, elimina uma parte da cadeia, o que permite oferecer um serviço mais econômico.

Diante disso, já no lançamento, conquistaram grandes clientes, como Banco BTG Pactual; a Ciclic, que é uma joint venture com o Banco do Brasil; e VOETUR, maior empresa corporativa de viagens no mercado brasileiro. “Essas parcerias despertaram o interesse do mercado e, ao longo do primeiro ano, novos grandes clientes se uniram a nós”, acrescenta. Seguros Promo e CI Intercâmbio também são parceiros atuais.

Neste segundo ano de operação, a empresa está investindo em parcerias com agências de viagem de todo o Brasil, diversificando a atuação em diferentes segmentos de negócio. Apesar de os grandes players representarem perto de 40% da carteira, há em torno de 4 mil agências cadastradas, sendo mais de 2,2 mil ativas mensalmente.

“Apresentamos um crescimento de mais de 85% em 2023, quando alcançamos faturamento anual de R$ 60 milhões”, compartilha Wroclawski. Ao longo do ano, o faturamento foi crescendo tanto que no último mês, em dezembro, bateu a casa dos R$ 10 milhões de receita.

Para 2024, a expectativa é crescer mais de 40% só com seguro viagem, alcançando mais de 10% de market share do segmento. Considerando os próximos 5 anos, a intenção é se tornar o principal player do mercado. Já o faturamento previsto com os novos serviços não são divulgados, por questões estratégicas.

Outro diferencial que faz a Hero se destacar é oferecer benefícios aos clientes, que incluem desconto de 10% em lojas Duty Free, teleatendimento do Hospital Israelita Albert Einstein e acesso a salas VIP de aeroportos selecionados.

Novos produtos

Na esteira de lançamentos estão seguro celular, oferecendo aos clientes a opção de contratá-lo durante as viagens ou de uma apólice anual, seguro residencial e do seguro prestamista. A ideia é que, nas novas linhas de negócio, os parceiros também tenham comissionamento mais atrativos, com percentuais de remuneração que podem variar. “Essa abordagem garante uma estrutura de remuneração justa e alinhada com as particularidades de cada segmento em que atuamos”, diz Wroclawski.

Em relação aos novos produtos, num primeiro momento, seguirão um modelo de cobertura tradicional. Ao longo do ano, a ideia é implantar benefícios à altura dos oferecidos pelo seguro viagem.

Postado em
1/4/2024
 na categoria
Insurtech

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