Inovação

Como o seguro agrícola pode ajudar a sustentar a cadeia do café

Como o seguro agrícola pode ajudar a sustentar a cadeia do café

Nos últimos meses, o preço do café bateu recordes, segundo dados da FAO, entidade da ONU voltada para segurança alimentar e produção agrícola, divulgados pelo G1. O café arábica, principal variedade cultivada no Brasil, subiu 70% na bolsa de Nova York em 2024, enquanto os preços globais avançaram quase 40% no mesmo período. Esta valorização, atribuída principalmente à retração da oferta causada por geadas severas e desequilíbrios climáticos em regiões produtoras, adiciona complexidade à gestão de riscos agrícolas. Para o produtor, lidar com a perda da lavoura significa comprometer ciclos futuros de colheita. É nesse ponto que o seguro agrícola para café encontra espaço, ao indenizar danos nos pés de café e garantir recursos para podas, replantio e continuidade do cultivo após eventos extremos.

Tarifas dos EUA ampliam incertezas no mercado

Além da irregularidade no clima, o mercado ainda enfrenta medidas comerciais que aumentam a incerteza. Nos Estados Unidos, tarifas que variam de 10% a 50% foram impostas sobre o café importado, afetando exportadores brasileiros. Para a Organização Internacional do Café, a combinação de perdas de safra, tarifas e demanda crescente tem sustentado os preços em patamares elevados. Vanúsia Nogueira, diretora-executiva da entidade, alertou que o Brasil, maior produtor e exportador mundial, colheu menos do que o esperado e lida com grãos mais leves, sinal de que a pressão sobre a cadeia deve continuar.

A insegurança sobre a renda esperada eleva a demanda por seguros agrícolas

A mudança nos hábitos de consumo, observada em pesquisa realizada pela Abic com 4.200 pessoas em setembro de 2025, reforça a extensão do problema. O levantamento mostrou que 24% dos brasileiros reduziram o consumo de café no ano e 39% passaram a optar pela marca mais barata da prateleira. Pela primeira vez, o número de consumidores que diminuíram a ingestão da bebida superou o daqueles que aumentaram. Esse comportamento gera efeitos indiretos para a cadeia produtiva, pressionando produtores a ajustarem custos e abrindo caminho para maior necessidade de garantias financeiras, sobretudo em regiões vulneráveis a desastres naturais. A insegurança sobre a renda esperada eleva a demanda por seguros agrícolas que ofereçam proteção abrangente e flexível.

Seguro agrícola reduz impacto da instabilidade climática

O reflexo dessa soma de pressões é visível tanto na ponta da produção quanto no consumo. O seguro, embora incapaz de interferir em tarifas ou regular preços internacionais, atua em uma frente decisiva: reduzir o impacto da instabilidade climática sobre a lavoura. Ao oferecer condições para que o cafezal se recupere e volte a produzir, evita que o agricultor fique sem margem para reinvestir e ajuda a manter a oferta menos vulnerável a quebras abruptas. Essa proteção não elimina a volatilidade global, mas funciona como uma barreira contra perdas mais profundas que, em última instância, acabam sendo transferidas para o consumidor.

Tecnologias de satélites e drones reforçam proteção no campo

A boa notícia é que já há algumas iniciativas inovadoras que vêm ampliando as possibilidades de proteção no campo. O uso de satélites e drones para sensoriamento remoto tem permitido identificar, com mais precisão, áreas atingidas por geadas, estiagens ou pragas. Esses dados fortalecem a avaliação de riscos e tornam mais ágil a resposta a eventos adversos, favorecendo cálculos de indenização mais justos e estratégias preventivas mais eficientes. A AXA é uma das seguradoras que têm uma proposta que integra tecnologia, inteligência de dados e critérios socioambientais em todas as etapas do contrato dessa modalidade de seguro.

Ela é um exemplo concreto de que para cumprir seu papel em um ambiente de riscos constantes e voláteis, o seguro agrícola precisa acompanhar as inovações e expandir suas coberturas, oferecendo ao produtor garantias que dialoguem com uma agricultura cada vez mais dependente de tecnologia, afinal, até a NASA está usando tecnologia para Seguro Agrícola

Seguro agrícola como parte estrutural da cadeia do café

A experiência recente do café mostra que as oscilações de preço são resultado da soma entre clima extremo, safra abaixo do esperado e barreiras comerciais. Cada uma dessas variáveis têm efeitos distintos, mas é o produtor quem absorve a primeira e mais dura consequência: a incerteza sobre a continuidade da lavoura. O seguro agrícola, quando articulado a tecnologias de monitoramento e a modelos de cobertura mais completos, se torna uma ferramenta de estabilidade econômica. Ele garante condições para que o produtor reinvista após geadas, granizo ou estiagens e, ao fazê-lo, ajuda a amortecer o impacto que inevitavelmente alcançaria o consumidor. Em uma cultura que abastece milhões de xícaras todos os dias e movimenta a balança comercial brasileira, a proteção da lavoura deve ser vista como parte estrutural da própria sustentabilidade da cadeia do café.

Postado em
1/10/2025
 na categoria
Inovação
Deixe sua opinião

Mais sobre a categoria

Inovação

VER TUDO