Seguro com raízes no campo: AXA aposta no agro brasileiro com dados, diálogo e responsabilidade

“Estamos dispostos a nos aproximar de quem vive o dia a dia do campo. Isso significa escutar o pequeno e o grande produtor, compreender as diferenças regionais e contribuir para soluções mais justas, equilibradas e sustentáveis”, disse Arthur Mitke, vice-presidente de Subscrição e Sinistros da AXA no Brasil, ao falar com a Insurtalks sobre o lançamento do seguro agrícola da companhia.
A novidade marca os dez anos da atuação da AXA no país e representa um movimento de expansão para o setor agropecuário dentro de uma proposta que integra tecnologia, inteligência de dados e critérios socioambientais em todas as etapas do contrato. Mitke explica como a personalização por talhão, o uso de imagens de satélite e a análise automatizada de riscos contribuem para uma subscrição mais precisa e uma atuação mais próxima do produtor. Na conversa, o executivo também detalha os mecanismos adotados para prevenir práticas ilegais, os caminhos possíveis para incluir pequenos produtores com dificuldades de adequação e a importância da previsibilidade em um setor guiado por ciclos naturais e imprevisibilidades estruturais. Confira abaixo a entrevista completa com os detalhes dessa nova etapa da AXA.
Insurtalks: O lançamento do seguro agrícola coincide com os 10 anos da AXA no Brasil.O que motivou essa escolha de momento e como ela se conecta à trajetória que a companhia vem construindo no país?
Arthur Mitke: Nestes 10 anos, construímos um portfólio robusto, com soluções que atendem desde pequenos até grandes riscos. Em 2025, consolidamos nossa posição como o parceiro ideal dos negócios brasileiros em seguros, contribuindo para o crescimento econômico do país. Ao mesmo tempo, identificamos uma oportunidade estratégica de ampliar nossa atuação no setor agropecuário, um dos principais motores do desenvolvimento nacional, levando nossa expertise também para esse segmento fundamental da economia.
Insurtalks: O uso de dados oficiais e imagens de satélite tem ganhado força no seguro rural, mas no produto da AXA esses recursos estão integrados desde a subscrição até o fim da apólice. O que esse tipo de integração permite alcançar em termos de análise de risco e acompanhamento da atividade
Arthur Mitke: O processo de subscrição incorpora tecnologia para uma análise criteriosa dos riscos, baseada em dados de órgãos oficiais e validações automatizadas. São utilizados indicadores como trabalho escravo, proximidade de comunidades quilombolas, embargos do ICMBio e IBAMA (por área e CPF/CNPJ), além da localização de sítios arqueológicos e terras indígenas. Esses mecanismos visam coibir práticas ilegais e garantir que as áreas seguradas estejam em conformidade com as normas ambientais e sociais. A tecnologia também é empregada na leitura de imagens de satélite, com a inteligência artificial avaliando riscos sociais e ambientais. E, durante a vigência da apólice, são implementados mecanismos que detectam indícios de desmatamento e trabalho infantil análogo à escravidão. É um avanço significativo no monitoramento da atividade agrícola, que além de contribuir na subscrição e na gestão de risco, pode favorecer o produtor na ponta final do negócio dele, como um reforço à aplicação de boas práticas.
Insurtalks: A personalização do seguro agrícola até o nível de talhão indica um movimento de aproximação quase cirúrgica da realidade do produtor. Como equilibrar esse grau de detalhamento com a necessidade de escalar a operação em um país com tamanha diversidade territorial e produtiva?
Arthur Mitke: A personalização por talhão representa um avanço importante na forma como avaliamos e precificamos o risco no seguro agrícola. De fato, trata-se de um movimento que aproxima a seguradora da realidade específica de cada produtor, o que gera mais precisão, justiça na precificação e melhor aderência à necessidade do cliente.
Para equilibrar esse nível de detalhamento com a necessidade de escala em um país tão diverso quanto o Brasil, a chave está no uso intensivo de tecnologia e dados. Utilizamos ferramentas de georreferenciamento, imagens de satélite, inteligência artificial e modelagens climáticas para automatizar a análise e acelerar o processo de subscrição, mesmo com alto grau de personalização.
Além disso, adotamos uma abordagem modular e escalável, que permite atender desde pequenos produtores até grandes grupos do agronegócio, mantendo o padrão técnico e operacional. Dessa forma, conseguimos combinar profundidade analítica com capilaridade comercial, ampliando nossa atuação no campo sem abrir mão da eficiência.
Insurtalks: Que papel os critérios ESG desempenham hoje dentro da lógica de subscrição de riscos agrícolas da AXA?
Arthur Mitke: O Seguro Agrícola da AXA foi desenvolvido para avaliar as melhores práticas agrícolas, garantindo que aquela operação promova a sustentabilidade em cada etapa da produção. Não dá para falar sobre produtos agrícolas sem pensar em mudanças climáticas hoje em dia. Acreditamos que, ao fomentar boas práticas e proteger produtores comprometidos com a legalidade e a sustentabilidade, também ajudamos a impulsionar uma evolução positiva no setor.
Insurtalks: Incorporar critérios socioambientais na aceitação de riscos pode colocar a seguradora em situações sensíveis, especialmente quando há restrições que impedem a cobertura. Que tipo de abordagem tem sido pensada para lidar com esses casos sem transformar o seguro em mais um elemento de exclusão no campo?
Arthur Mitke: A adoção de critérios socioambientais na subscrição não tem como objetivo excluir produtores, mas sim contribuir para a evolução sustentável do setor. Acreditamos que o seguro pode ser um agente de transformação positiva, incentivando boas práticas por meio do diálogo, da transparência e do apoio técnico. Quando identificamos riscos socioambientais relevantes, buscamos primeiro compreender o contexto e oferecer caminhos de adequação, sempre respeitando as realidades locais.
Nossa abordagem é orientada por parceria e evolução contínua. Em vez de impor barreiras, queremos apoiar o produtor na transição para práticas mais sustentáveis, tornando o seguro um instrumento de inclusão e desenvolvimento, e não de punição.
Insurtalks: O Brasil alimenta boa parte do mundo, mas ainda lida com a insegurança alimentar dentro de casa. Ao entrar no agro, a AXA passa a operar num setor cheio de contradições. O que uma seguradora pode aprender (ou precisa estar disposta a escutar) quando decide proteger uma atividade marcada por alta performance produtiva e tensões estruturais não resolvidas?
Arthur Mitke: O agronegócio é, ao mesmo tempo, um motor da economia brasileira e um setor com grandes desafios sociais e ambientais. Ao ingressar nesse segmento, a AXA entende que não basta oferecer proteção financeira; é preciso escutar, compreender os diferentes contextos e atuar com responsabilidade. Estamos dispostos a nos aproximar de quem vive o dia a dia do campo. Isso significa escutar o pequeno e o grande produtor, compreender as diferenças regionais e contribuir para soluções mais justas, equilibradas e sustentáveis. Combinamos nossa expertise global com um compromisso local: apoiar um agro mais resiliente, ético e inclusivo.
Insurtalks: No imaginário coletivo, o seguro ainda é visto como algo que reage ao imprevisto. Mas no campo, onde o tempo e a terra impõem ciclos próprios, o que significa trabalhar com previsibilidade em um ambiente que convive com a incerteza como parte do cotidiano?
Arthur Mitke: No agro, a previsibilidade é um valor essencial. Porém, sempre (e cada vez mais) convivemos com incertezas climáticas, geográficas e de mercado. O papel do seguro, nesse contexto, é antecipar riscos com base em dados, tecnologia e conhecimento técnico, ajudando o produtor a planejar melhor e a proteger sua produção com mais confiança.
Trabalhar com seguros no campo é oferecer estabilidade diante da volatilidade. É contribuir para a continuidade da atividade produtiva mesmo em cenários adversos, reforçando a resiliência do setor. Ao lado do produtor, o seguro deixa de ser apenas uma resposta ao imprevisto. O nosso papel como seguradora, de maneira geral, é atuar de maneira estratégica, como parceiros dos nossos clientes, pensando na prevenção e no gerenciamento de riscos de uma maneira mais ampla, que contribua para a saúde e a estabilidade dos negócios.