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penas 30% da frota de veículos no Brasil é segurada 

No Brasil, cerca de 30% da frota de veículos possuem seguro, deixando um vasto mercado potencial ainda inexplorado pelas seguradoras. A ascensão da proteção veicular como uma alternativa aos seguros convencionais é notável. Essa modalidade tem atraído muitos proprietários de veículos devido a custos geralmente mais baixos e procedimentos menos burocráticos. No entanto, essa tendência também levantou preocupações relacionadas à falta de regulamentação e à segurança financeira dos associados, uma vez que as entidades de proteção veicular não são legalmente consideradas seguradoras.

Diferenças entre Seguro e Proteção Veicular

As diferenças fundamentais entre os seguros tradicionais e a proteção veicular residem principalmente na regulamentação, garantias oferecidas e modelo de operação.

Os seguros tradicionais estão sujeitos à regulamentação da Susep, que estabelece requisitos legais e financeiros que as seguradoras devem cumprir, garantindo maior segurança e proteção aos segurados. Por outro lado, a proteção veicular opera em um cenário menos regulado, muitas vezes funcionando como uma cooperativa entre associados, sem a mesma supervisão e garantias legais. Os seguros oferecem uma gama mais ampla de coberturas, como proteção contra acidentes, roubo, furto, danos a terceiros, entre outros. Além disso, as seguradoras são obrigadas a manter reservas financeiras para garantir o pagamento de indenizações aos segurados, proporcionando uma maior segurança financeira. 

Perigos e desvantagens da proteção veicular

A proteção veicular pode adotar um modelo de rateio de despesas entre os participantes, resultando em prêmios mais baixos para alguns associados, mas também aumentando o risco de insolvência da associação em caso de sinistros graves ou frequentes. Um caso envolvendo um consumidor do serviço ilustrou a fragilidade da associação, que recusou ressarcimento do associado que buscava o conserto do seu veículo, mesmo dentro da garantia. De acordo com o condutor, a empresa de proteção veicular inicialmente negou a autorização para os serviços, alegando que não se tratava de uma oficina credenciada. Após, permitiu os reparos, porém por um montante inferior ao cobrado pela concessionária. O cliente afirmou ter coberto a diferença de valor e consentido com a conclusão dos consertos, porém a associação de proteção veicular recusou-se a reembolsá-lo. Na ação, ele argumentou que a resolução do impasse levou mais de 40 dias e solicitou que a empresa fosse condenada a reembolsar o montante pago, deduzindo a franquia estipulada no contrato, bem como reembolsar as despesas de aluguel de outro veículo e compensar por danos morais. 

Práticas de proteção veicular resultam em perda de receita

Os riscos relacionados à proteção veicular são altos, conforme exposto acima, por causa da baixa garantia e eficiência de cobertura. Durante um evento da Fenacor, especialistas discutiram sobre a prática crescente das associações de proteção veicular. Ana Paula de Almeida Santos, diretora de Sustentabilidade, Consumo e Relações Institucionais da CNseg, ressaltou que embora essas associações ofereçam coberturas semelhantes às das seguradoras, por não estarem sujeitas à fiscalização de órgãos reguladores, muitas vezes deixam de cumprir os contratos firmados com os consumidores. No evento em questão, foram apresentados dados que evidenciam a importância de combater essas associações, como um estudo da FenSeg divulgado pelo porta-voz da Susep, que apontou uma perda de arrecadação fiscal de R$ 2,5 bilhões devido à atuação ilegal dessas organizações. “Existe um esforço coletivo da indústria seguradora em fornecer informação de qualidade para o consumidor. É imprescindível que o brasileiro saiba que nestas organizações ele não é cliente e, sim, um associado”, argumentou Ana Paula.

SPVAT pode minimizar a busca de condutores por proteção veicular 

O projeto de lei aprovado pelo Senado na quarta-feira da semana passada, dia 8, pleiteia a recriação do Seguro Destinado às Vítimas de Acidentes de Trânsito, conhecido como DPVAT. Agora denominado Seguro Obrigatório para Proteção de Vítimas de Acidentes de Trânsito (SPVAT), será aplicado anualmente aos proprietários de veículos automotores, incluindo automóveis e motocicletas, com valores previstos entre R$50 e R$60 por ano. Este seguro obrigatório oferece cobertura para danos pessoais causados por veículos automotores em casos de acidentes de trânsito em todo o território nacional. 

Ao contrário das associações de proteção veicular, o antigo DPVAT é um sistema regulamentado e fiscalizado, garantindo proteção aos cidadãos de maneira confiável e transparente. Outro aspecto importante é o papel do SPVAT na proteção dos direitos dos consumidores. Ao fornecer uma estrutura legal sólida e canais estabelecidos para a resolução de disputas e reclamações, o SPVAT ajuda a garantir que os beneficiários recebam o suporte e a compensação adequados em caso de acidente, sem as incertezas e riscos associados à proteção veicular não regulamentada.

É importante que as seguradoras foquem em inovação de produtos

Para atender às demandas específicas da camada da população ainda não segurada, as seguradoras estão reconhecendo a necessidade de lançar produtos mais personalizados, e isso é imprescindível para se destacar no mercado securitário atual. Os clientes que buscam opções mais acessíveis e flexíveis, precisam de uma cobertura adequada sem comprometer suas finanças. Nesse sentido, a implementação de tecnologias como telemetria e análise de dados pode contribuir na personalização das apólices, resultando em custos mais acessíveis. Essas tecnologias permitem que as seguradoras coletem informações detalhadas sobre o comportamento de condução dos segurados, o que possibilita a criação de apólices sob medida, com prêmios de seguro calculados com base no perfil de risco individual de cada cliente.

Dados do condutor podem promover apólices mais baratas

As seguradoras estão trabalhando em estratégias para tornar o seguro auto mais acessível. Uma delas é o uso de dados para obter informações do motorista. Um aplicativo da seguradora Justos, instalado no celular do condutor, monitora diversos aspectos da condução, como aceleração, frenagem, habilidade em curvas e até mesmo a atenção do condutor ao trânsito, incluindo o uso do celular. Esses dados são transformados em uma pontuação, indicando o nível de prudência do motorista. Isso não só torna as apólices mais personalizadas, mas também pode resultar em custos mais baixos para os clientes, tornando o seguro mais atrativo em comparação com a proteção veicular. Além disso, a utilização de tecnologias inovadoras pode ajudar as seguradoras a simplificar e agilizar os processos de contratação, sinistros e atendimento ao cliente, proporcionando uma experiência mais satisfatória para os segurados.

Impulsionar iniciativas inovadoras pode combater prática de proteção veicular 

É preciso reconhecer que, embora a proteção veicular possa parecer uma alternativa inicialmente atraente devido aos custos aparentemente mais baixos, os seguros oferecem uma proteção mais robusta e confiável a longo prazo. Enquanto as associações de proteção veicular podem oferecer uma abordagem informal e acessível, muitas vezes carecem da regulamentação e garantias legais fornecidas pelas seguradoras tradicionais. As medidas e os órgãos regulatórios, junto com o projeto de lei do SPVAT estão considerando a segurança perante este cenário. Portanto, é fundamental que as seguradoras repensem suas estratégias e se adaptem às demandas do mercado, com o desenvolvimento de produtos mais personalizados e acessíveis, além do uso de tecnologias avançadas para melhorar a experiência do cliente e a conscientização sobre os benefícios dos seguros tradicionais em comparação com as alternativas informais, isentas de soluções de proteção automotiva confiáveis e abrangentes. Através do compromisso com a excelência, as seguradoras têm o potencial de garantir a segurança e a tranquilidade dos motoristas brasileiros, oferecendo soluções que vão além das simples economias de custos iniciais, proporcionando uma proteção efetiva e duradoura.

Postado em
16/5/2024
 na categoria
Inovação

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