Como a tecnologia, a inovação e os ecossistemas digitais estão remodelando o seguro

urante o painel “Tech e inovação reconstruindo o seguro”, ocorrido no dia 25 de outubro, na mais recente edição do CQCS Insurtech & Innovation, Karine Chaves - CTIO da Junto Seguros e Mariana Santana - Head de Inovação da Brasilseg (uma empresa BB Seguros), deram suas valiosas contribuições ao tema. Evangelos Avramakis, Head Digital Ecosystems R&D da SwissRe, também esteve presente ao evento e fez uma palestra, no dia 26/10, sobre ecossistemas digitais. A Insurtalks destacou alguns dos insights do painel e da palestra. Confira abaixo:
Estender a proposta de valor aos clientes
Evangelos Avramakis, Head Digital Ecosystems R&D da SwissRe, falou em sua palestra, sobre estender a proposta de valor aos clientes com base em super ecossistemas que consigam estabelecer conectividade e agregar serviços entre mobilidade, saúde e entretenimento, por exemplo. Para alcançar esse resultado, ele disse que as seguradoras precisam refletir sobre a seguinte questão: “Quando o cliente acorda, levanta, trabalha, estuda e faz as demais tarefas do cotidiano, quais os serviços que ele precisa usar durante todo o dia dele, da hora que ele acorda até a hora que vai dormir?”.
Ecossistemas digitais
Sobre ecossistemas digitais e suas ferramentas, Evangelos disse: “Ecossistemas digitais combinam uma ampla variedade de produtos e serviços em uma plataforma essencialmente digital, para fornecer aos clientes acesso extremamente fácil e conveniente a tais produtos e serviços. O que quer dizer que quanto mais dados e informações forem compartilhados, mais o produto pode ser personalizado e maior o aumento do valor do ecossistema como um todo”.
“Um dos fatores de sucesso imprescindíveis para os ecossistemas digitais é ser realmente fácil”
Falando sobre as vantagens dos ecossistemas digitais, o Head Digital Ecosystems R&D da SwissRe declarou: “Um dos fatores de sucesso imprescindíveis para os ecossistemas digitais é ser realmente fácil, pois os consumidores têm mais opções do que nunca e podem acessar produtos e serviços digitais com muita facilidade em seu smartphone. A indústria de re/seguro desempenha um papel importante, uma vez que são os clientes que decidem quem torna suas vidas mais fáceis e a quem eles querem confiar seus dados”.
Disrupção a longo prazo
Mariana Santana inicia sua fala no painel dizendo que sua experiência de vida ensinou que não basta ser muito boa, individualmente, em um esporte coletivo e usa o gancho para declarar que isso serve para o dia a dia profissional de todos. A partir daí, ela fala sobre a nova dinâmica do mercado e diz que “os competidores estão vindo com mais força e é daí que surge a disrupção em um longo prazo”.
Aspectos da disrupção
Mariana continua sua palestra acrescentando quatro aspectos da disrupção e explicando que, cada um, corresponde a um nível mais alto ou mais baixo de disrupção à medida que se aproxima de cada aspecto.
Começando pelo nível alto, tem o aspecto da viabilidade: que corresponde às novas ou recriadas indústrias que enfrentaram intensa disrupção; e a volatilidade, que são as indústrias que encaram altos níveis de disrupção e são suscetíveis a mais disrupção no curto prazo.
Já se aproximando dos níveis mais baixos em relação à disrupção, há os aspectos da durabilidade: corresponde às empresas que precisam ativamente reinventar seus negócios, ao invés de preservá-los. Dentro desse aspecto, as empresas precisam otimizar custos no core e realizar experimentos para tornar ofertas mais baratas e melhores para os clientes; e o aspecto da vulnerabilidade, que corresponde a, por exemplo, líderes existentes que se beneficiam de barreiras de entrada (regulação e necessidade de capital). Essas empresas enfrentam pressão para melhorar eficiência e reduzir custos de operação dos sistemas legados, o que atrai disruptores oportunistas.
Mudando o posicionamento na máquina de vulnerabilidades
A Head de Inovação da Brasilseg declara: “Vou trazer para vocês algumas
que começam a talvez modificar o nosso posicionamento nessa máquina de vulnerabilidades”. A partir daí, Mariana enumera algumas dessas tendências:
- Mais soluções que produtos:“Quando a gente pensa nos consumidores, eles realmente estão precisando mais de soluções que de produtos. De fato, é aquela questão do ecossistema. Acho que isso para o mercado de produtos é uma mudança de chave, de mentalidade, porque éramos muito focados em produtos”.
- ASG: “O tema de ASG ganhando muita força, sendo critério de escolha”.
- Coexistência do canal humano com o canal digital: “Acho que isso é um assunto muito importante para esse evento: a coexistência do canal humano com o canal digital. Como, hoje, as grandes empresas vão trazer e agregar valor para o corretor? E como o corretor vai começar a se relacionar melhor com os clientes utilizando os canais digitais? Quando a gente pensa na indústria de seguros, a gente também quer a evolução da interação com as novas tecnologias e parceiros”.
- Mudanças na gestão do seguro: “ E então, a gente também vê a mudança na gestão, por exemplo do seguro Cyber, a gente vê a mudança de foco da proteção para a prevenção, isso também é algo muito significativo para o nosso mercado. As seguradoras tinham a questão de ‘estou focada ali em proteger o meu segurado’. Hoje, ela precisa começar a participar do dia a dia desse segurado, atendendo, de fato, a jornada de vida desse segurado”.
Inteligência Artificial e Machine Learning no dia a dia
Karine Chaves inicia a palestra falando sobre como a tecnologia permeia nossa vida cotidiana. Ela explica: “No mercado de seguro temos usado cada vez mais Inteligência Artificial, Blockchain, Analytics e várias outras tecnologias que são aquelas que a gente pode ver no nosso dia a dia. Então, por exemplo, quando vocês estão em casa assistindo uma série na Netflix, o que está por trás disso? Inteligência Artificial, Machine Learning e, na medida, que as pessoas vão escolhendo as séries e filmes de sua preferência, começa a ir contando para o seu perfil, o gosto que você tem por aquele tipo de conteúdo. E assim, aos poucos, a tecnologia vai aprendendo com seus gostos e direcionando cada vez mais os novos conteúdos para você. Na nossa casa, a gente tem a Alexa e a Siri, por exemplo, que fornece a possibilidade de automação residencial (...). Então, tudo isso que estamos vendo de tecnologia no nosso dia a dia está muito mais próximo da gente do que imaginamos”.
A conexão da tecnologia do cotidiano com o mercado de seguros
Para embasar a conexão da tecnologia do cotidiano com o mercado de seguros, a CTIO da Junto, levantou a pergunta: “Tudo isso se conecta de que forma com o mercado de seguros?” Para responder a essa pergunta, ela trouxe alguns dados sobre o mercado:
- Investimento em tecnologia resulta em aumento de negócios e redução das taxas de sinistralidade: De acordo com dados da CNseg, compartilhados por Karina, um estudo da BCG (Boston Consulting Group), revelou que as seguradoras que investem significativamente em IA já estão obtendo aumento de 20 a 25% em novos negócios líquidos e reduzindo as taxas de sinistralidade em 2 a três pontos percentuais;
- A McKinsey prevê uma automação de 25% no setor de seguros até 2025 e um investimento de até 74% em IA para o mercado de seguros.
Seguro embutido e APIs
Citando matéria divulgada pela própria Insurtalks, Karine fala sobre o seguro embutido, que depende da conectividade das empresas por meio de interfaces de programação de aplicativos ( APIs), e ajuda a transformar o seguro de um produto em um serviço. Como exemplos, são citados o Airbnb, que já incorpora um seguro de proteção ao anfitrião, bem como uma garantia ao anfitrião voltada para o hóspede, como padrão em todos os aluguéis de curto prazo que oferece. Da mesma forma, a Tesla oferece cotações de seguro auto personalizadas em cada compra de seus carros.
“Como pagar um percentual melhor para o meu corretor, baseado no cliente que eu estou avaliando?”
A executiva da Junto Seguros faz uma provocação a respeito de como as tecnologias colaboram para a evolução do negócio do seguro. Ela declara: “Para que eu vou usar tudo isso (a tecnologia)? Vou usar isso para me aproximar cada vez mais dos meus clientes, dos meus corretores. Para pensar: ‘Como posso melhorar minha análise de crédito, minha análise de risco? Como pagar um percentual melhor para o meu corretor, baseado no cliente que eu estou avaliando? Então, tudo isso a gente consegue perceber através do uso de novas tecnologias”, finaliza Karine.