Ataque hacker e recuperação de R$ 5,5 milhões em cripto reforçam urgência da cibersegurança no mercado de seguros

Crime milionário com criptomoedas escancara vulnerabilidade no sistema PIX
A Operação Magna Fraus, conduzida pelo Ministério Público de São Paulo e pela Polícia Federal, revelou um esquema de fraude que desviou mais de R$ 500 milhões em poucas horas por meio do PIX, em um dos maiores ataques cibernéticos já registrados contra o sistema financeiro brasileiro. O grupo criminoso invadiu sistemas de uma empresa de tecnologia que conecta bancos ao sistema de pagamentos instantâneos (SPI), explorando falhas de segurança para realizar transferências fraudulentas. Durante a ação, foram cumpridos mandados em Goiás e no Pará, e recuperados R$ 5,5 milhões em criptomoedas, graças à localização da chave privada dos ativos digitais. Os envolvidos responderão por crimes como invasão de dispositivos, fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa. Esse é mais um episódio que revela os desafios que o setor financeiro e de seguros enfrentam em meio à digitalização. A exposição dessas vulnerabilidades no sistema de pagamentos instantâneos reitera a necessidade de investimentos contínuos em tecnologias de proteção e na governança de riscos digitais para proteger ativos e dados sensíveis.
PIX em crescimento: conveniência que atrai também o crime digital
Lançado há apenas quatro anos, o PIX se consagrou como o principal meio de pagamento no Brasil, utilizado por mais de 76% da população. Criado pelo Banco Central com o objetivo de facilitar transações financeiras, o sistema ganhou rápida adesão pela sua praticidade. Em contrapartida, essa popularização também ampliou as brechas para ações de cibercriminosos. O aumento na frequência e no volume das operações torna o sistema um alvo estratégico, exigindo que seguradoras e instituições financeiras invistam em soluções de segurança cada vez mais robustas e inteligentes para acompanhar essa nova realidade digital.
Criptomoedas e seguros: impacto direto nos riscos cibernéticos
O uso crescente de criptomoedas para práticas ilícitas, como lavagem de dinheiro, tem impacto direto sobre o setor de seguros — principalmente nas áreas de seguro cibernético, fidelidade e proteção patrimonial. A dificuldade em rastrear essas transações digitais amplia a complexidade dos riscos enfrentados por empresas e seguradoras. De acordo com o Barômetro de Risco Allianz, incidentes cibernéticos se tornaram a maior preocupação para empresas brasileiras em 2025, superando até as mudanças climáticas, que lideravam o ranking no ano anterior. Cerca de 41% dos entrevistados apontaram os ataques digitais como principal ameaça aos negócios, reflexo do aumento de violações de dados e casos de ransomware — agravados pelo avanço acelerado da inteligência artificial.
Colaboração institucional é fundamental no combate às fraudes
Neste cenário, a atuação conjunta do Ministério Público e da Polícia Federal em São Paulo demonstra a importância da colaboração entre órgãos reguladores, forças de segurança e o setor privado para combater fraudes e ataques digitais. A recuperação do montante em criptomoedas relembra à comunidade de seguros a necessidade de fortalecer a detecção e resposta a incidentes digitais. As seguradoras, por sua vez, precisam ampliar a oferta de produtos que considerem esse novo contexto, investindo em coberturas específicas para ataques via PIX, fraudes envolvendo criptomoedas e violações de dados pessoais. Além disso, é importante investir na qualificação dos profissionais do setor. Corretores de seguros devem estar preparados para orientar os clientes quanto aos riscos cibernéticos e às soluções disponíveis, contribuindo também para disseminar boas práticas de segurança digital e aumentar a conscientização sobre os desafios do ambiente online.
Produtos específicos e inovação tecnológica como resposta
A incorporação de tecnologias de IA tem sido responsiva no enfrentamento de fraudes. Soluções como autenticação biométrica, análise comportamental e blockchain estão na linha de frente dessa transformação. A autenticação biométrica reforça a identificação segura dos usuários, enquanto a análise comportamental permite detectar padrões suspeitos em tempo real, prevenindo ações fraudulentas antes que causem danos. O uso do blockchain tem se destacado pela sua capacidade de garantir a rastreabilidade e a integridade das informações. Aplicado à gestão de sinistros, esse recurso permite acompanhar cada etapa do processo com total transparência, dificultando fraudes e fortalecendo a confiança entre seguradoras e clientes. Essa evolução tecnológica também abre espaço para o desenvolvimento de produtos específicos voltados a riscos como as fraudes com criptomoedas ou os ataques cibernéticos envolvendo o PIX.
Integração entre seguros e pagamentos digitais exige atenção redobrada
A integração entre sistemas tradicionais de seguro e as novas tecnologias de pagamento digital precisa ser cuidadosamente planejada para evitar vulnerabilidades. Para garantir uma transição segura, é preciso que as seguradoras revisem e alinhem suas estratégias de segurança da informação com as exigências do mercado atual e com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Também é importante adotar frameworks de segurança reconhecidos internacionalmente, como o NIST Cybersecurity Framework. Estruturas como essa oferecem diretrizes indispensáveis para identificar vulnerabilidades, proteger dados, responder a incidentes e recuperar sistemas de forma eficiente. A integração tecnológica, se feita com planejamento, pode fortalecer o ecossistema de seguros, mas requer investimento contínuo em governança digital e em uma cultura organizacional voltada para a cibersegurança.
A prevenção é mais eficaz e econômica do que a reparação
Diante dos prejuízos bilionários causados por crimes cibernéticos globalmente, a prevenção é um remédio mais eficiente e econômico do que a reparação. Portanto, a antecipação de riscos e a inovação constante são fundamentais para a sustentabilidade dos negócios no setor de seguros em um contexto de digitalização acelerada. Com investimentos certos em tecnologia, parcerias estratégicas e foco na educação digital, o setor tem o dever de agir na proteção contra fraudes e crimes digitais, promovendo mais segurança e confiabilidade para seus clientes. Considerando o crescimento exponencial das transações digitais e da complexidade das ameaças no mundo cibernético, o mercado de seguros precisa enxergar a inovação em cibersegurança não como um diferencial, mas como uma condição fundamental para a sobrevivência e o desenvolvimento sustentável.