Desconfiança do público impulsiona seguradoras a repensarem inovação com mais transparência

Cai o otimismo dos brasileiros em relação à IA
A mais recente pesquisa global da Ipsos, que avalia a presença da tecnologia no cotidiano das pessoas, revelou uma mudança no comportamento dos brasileiros diante da inteligência artificial. A pesquisa constatou um paradoxo: embora o otimismo em relação à IA tenha sofrido uma redução, o receio em relação a ela também tem diminuído. Realizado anualmente desde 2023, o levantamento deste ano apresentou dados relevantes sobre como moradores de 30 países se relacionam com essas ferramentas tecnológicas. No Brasil, o contato mais frequente com a IA parece ter contribuído para aliviar parte do sentimento de ameaça que prevalecia em anos anteriores. O percentual de brasileiros preocupados em perder o emprego para a IA caiu de 57% em 2024 para 43% em 2025. À medida que a inteligência artificial se torna mais presente no cotidiano, o público passa a compreendê-la de forma mais madura, deixando para trás percepções idealizadas ou temerosas por uma visão mais equilibrada e realista.
A IA como pilar da transformação no setor de seguros
A IA é uma das principais alavancas da inovação no setor de seguros, ajudando em etapas como a análise preditiva de riscos, automação de sinistros e atendimento ao cliente. De acordo com uma publicação da CNN, nos últimos anos, a adoção da IA tem crescido pouco a pouco e segundo dados da McKinsey, em 2024, 72% das empresas globais estavam utilizando essa tecnologia, um salto significativo em relação aos 55% registrados em 2023. Além disso, a matéria também revelou que 65% dos negócios aumentaram seus investimentos em IA, conforme estudo da Randstad. Grandes empresas de tecnologia, como Microsoft e Amazon, lideram essa corrida, investindo bilhões em projetos de IA avançada. Embora setores como energia, materiais e tecnologia concentrem a maior parte dos investimentos, o mercado de seguros tem se beneficiado com ganhos relevantes em eficiência operacional e na experiência do cliente.
A confiança abalada e o alerta para a governança de dados
A redução de 6% no otimismo, detectada na pesquisa nacional, também pode indicar que consumidores estão mais conscientes dos riscos associados ao uso indiscriminado da IA, especialmente no que tange ao tratamento de informações sensíveis e decisões automatizadas que podem afetar diretamente a cobertura e indenizações. Para o setor de seguros, isso sinaliza a necessidade de aprimorar políticas de governança de dados e adotar práticas transparentes que esclareçam o papel da IA em seus processos.
Comunicação transparente e ética
A adoção de inteligência artificial no setor de seguros deve vir acompanhada de uma postura clara e ética na relação com os clientes. Na prática, seguradoras que investem em tecnologias de IA precisam também implementar ações comunicacionais eficazes, que tornem compreensível o funcionamento dos algoritmos e reforcem a transparência em cada etapa do processo. Medidas como a criação de canais de atendimento voltados ao esclarecimento sobre as decisões automatizadas e a publicação de relatórios de auditoria dos sistemas utilizados são possibilidades para construir confiança e demonstrar compromisso com a ética digital. A combinação entre inovação tecnológica, regulamentação ativa e comunicação clara são de suma importância para a sustentabilidade e a reputação do setor de seguros dentro de uma realidade mais orientada por dados e automação.
Papel dos corretores na jornada digital
No Brasil, a transformação digital no setor de seguros continua avançando, porém a diminuição do otimismo do público com a IA funciona como um alerta para que corretores e seguradoras repensem não só a tecnologia em si, mas a forma como ela é apresentada e justificada ao consumidor final. O cenário exige que os profissionais do mercado se debrucem sobre o treinamento em tecnologia e ética, habilitando-se para responder dúvidas e atuar como consultores confiáveis dentro da jornada digital do cliente. Esse papel fortalece a relação e reduz a resistência à inovação
Reações do consumidor e regulação em evolução
Uma outra pesquisa revelou que o aumento do conteúdo automatizado e a dificuldade em distinguir o que é autêntico têm alimentado a desconfiança do público em relação à inteligência artificial, ampliando a percepção de um ambiente digital desordenado e pouco confiável. Esse cenário não se limita a um setor específico — trata-se de um desafio global que exige ações articuladas entre empresas e órgãos reguladores para promover o bem-estar e a transparência para os usuários. No setor de seguros, essa fase de alerta deve ser encarada como uma oportunidade para avançar com responsabilidade. Cabe às seguradoras liderar a transformação por meio da adoção de boas práticas, fortalecendo a transparência e a prestação de contas sobre o uso de IA.
Inovação com propósito: o futuro do seguro passa pela confiança
A queda no otimismo com a inteligência artificial, embora preocupante à primeira vista, pode ser o ponto de virada para que os seguros possam refletir sobre sua responsabilidade no cenário digital. É hora de priorizar a forma como essas inovações são comunicadas, implementadas e supervisionadas. Transparência, ética e educação do consumidor são práticas importantes diante da transformação digital. Corretores bem preparados, seguradoras comprometidas em esclarecer processos referente aos sistemas utilizados, e o respeito à privacidade de dados, podem resultar em uma maior confiança. Assim, o setor de seguros precisa reinterpretar seu modelo tecnológico sob uma ótica mais humanizada, que se preocupa com a percepção dos usuários.