Vigilância inteligente: o que o setor de seguros pode aprender com as câmeras da polícia

Tragédias documentadas e a força das evidências visuais
A gravação de uma tragédia que resultou em cinco mortos e mais de 30 tiros, registrada por câmeras corporais de policiais militares, em São Vicente (SP), ilustra a relevância da tecnologia para garantir maior transparência e proteção em ambientes de alto risco. As imagens, obtidas pelo UOL, mostram as vítimas gritando que estavam desarmadas momentos antes de serem atingidas por dezenas de disparos. A Defensoria Pública destacou incoerências no caso, como o fato de as câmeras só terem sido acionadas após os tiros, comprometendo a versão apresentada pelos policiais. Esse episódio reforça como o registro visual pode expor contradições, proteger os envolvidos e contribuir para a apuração de responsabilidades. Para as seguradoras, o uso de dispositivos de captura de imagens em tempo real pode ser uma ferramenta estratégica para prevenção, investigação e redução de fraudes.
Monitoramento em tempo real para garantir decisões mais assertivas
O investimento em câmeras corporais por forças policiais e agentes de segurança tem ganhado destaque justamente por proporcionar uma visão mais clara dos eventos. No contexto do mercado segurador, o monitoramento em tempo real pode auxiliar no acesso a dados precisos e imparciais em casos que envolvem sinistros complexos, facilitando decisões mais rápidas e acertadas na assessoria a clientes e na liquidação de apólices. Para seguradoras especializadas em seguros de responsabilidade civil, segurança pública e seguros de vida, a tecnologia pode servir como um mecanismo de mitigação de riscos e como uma fonte confiável para apurações de sinistros, reduzindo litígios e contestação entre as partes.
IoT e a gestão de dados
A Internet das Coisas (IoT) tem se mostrado proveitosa no setor de seguros por permitir o monitoramento contínuo e a gestão inteligente de riscos. Conectando dispositivos à internet, a tecnologia viabiliza a coleta de dados em tempo real, oferecendo às seguradoras informações valiosas sobre o comportamento de clientes, condições de bens segurados e até o estado de saúde dos segurados. Esses dados permitem a criação de produtos personalizados, redução de custos operacionais e prêmios mais competitivos. A combinação de IoT com Inteligência Artificial e Big Data tem desempenhado um papel crucial na prevenção de acidentes de trânsito. A videotelemetria, por exemplo, identifica comportamentos de risco e envia alertas imediatos aos motoristas, promovendo segurança nas vias e permitindo que empresas adotem políticas de reconhecimento e correção de conduta.
Transparência e rastreabilidade para o mercado de segurança privada
No segmento de seguros patrimoniais, especialmente aqueles voltados à segurança privada, a adoção de tecnologias como a Internet das Coisas (IoT) tem se mostrado essencial para garantir transparência e responsabilidade na prestação dos serviços. A possibilidade de rastrear e documentar eventos em tempo real fortalece a relação de confiança entre seguradoras, prestadores e clientes, ao mesmo tempo em que contribui para a redução de fraudes e disputas jurídicas. O potencial da tecnologia é reforçado por dados do estudo Global IoT Insurance Market Insights, to 2030, da Advance Market Analytics, que destaca que o crescimento do mercado de seguros baseados em IoT está sendo impulsionado, entre outros fatores, pelo aumento global dos gastos com danos a propriedades — cenário que exige soluções mais inteligentes, preventivas e conectadas.
Desafios éticos e legais no uso da tecnologia
No Brasil, iniciativas governamentais podem estimular a implementação dessa tecnologia nos órgãos de segurança, fomentando parcerias entre o setor público e privado com tecnologias avançadas de inteligência artificial e análise preditiva, para promover a segurança urbana e pública. Questões como a proteção da privacidade, a segurança da informação e o uso responsável de imagens captadas exigem atenção redobrada por parte das seguradoras. É fundamental que essas instituições atuem em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), assegurando o cumprimento das normas e evitando riscos jurídicos que possam comprometer a confiança dos clientes e a reputação das empresas no mercado.
Tecnologia a serviço da segurança
Em um setor que depende diretamente da confiança, da clareza dos fatos e da precisão na apuração de responsabilidades, ferramentas de monitoramento em tempo real viabilizam decisões mais rápidas, assertivas e baseadas em evidências, o que pode reduzir fraudes e oferecer a comprovação necessária em casos de conflitos. Nesse sentido, a incorporação de tecnologias e dispositivos IoT pode melhorar a forma como o mercado segurador atua na avaliação de riscos, prevenção de sinistros e relacionamento com o cliente. Para o ecossistema de seguros, a utilização desse tipo de recurso requer investimentos contínuos em qualificação técnica, capacitação em novas tecnologias e compreensão das implicações éticas e legais – especialmente no que diz respeito ao uso seguro de dados sensíveis. Ao promover mais transparência, rastreabilidade e segurança, essas tecnologias abrem espaço para a inovação de produtos e para a personalização de serviços. Por isso, a adaptação às novas formas de captação e análise de dados visuais e contextuais é uma estratégia de proteção que pode trazer bons resultados dentro de uma indústria competitiva, cada vez mais digital e orientada por dados.