tecnologia Blockchain é uma das novas fronteiras mais empolgantes para o seguro, tendo o potencial de transformar fundamentalmente a maneira como os consumidores protegem seus ativos valiosos.

Para entender os benefícios que ela pode trazer para seguradoras e segurados, devemos primeiro entender a tecnologia que a sustenta.

O blockchain, em seu sentido mais simples, é uma rede de computadores usada para armazenar dados com segurança. Por ser uma rede e não uma autoridade central – como um banco ou seguradora – quaisquer alterações nos dados devem ser acordadas em toda a rede para que sejam aceitas, por isso o blockchain é frequentemente descrito como uma 'plataforma de verdade'.

Nish Kotecha, presidente da empresa de blockchain Finboot, diz: “Ao armazenar dados no blockchain, as seguradoras podem reduzir o risco de erro humano ao concluir tarefas como processar sinistros ou atualizar registros. Por exemplo, alguém pode esquecer de trocar um nome em uma apólice de seguro. Ao tentar encontrar a apólice original, eles podem processá-la acidentalmente com as informações de outra pessoa, criando uma disputa no futuro. O erro humano dificulta muito o pagamento de sinistros – e os sinistros geralmente são processados ​​manualmente, e não por máquina, aumentando o espaço para erros.”

O consenso de informações que existe em todo o blockchain é frequentemente referido como tecnologia de 'livro-razão distribuído' (DLT), e é isso que tem o poder de remodelar o cenário de seguros. O DLT existe há mais de uma década e tem sido amplamente adotado no mainstream dos serviços financeiros, mas o seguro demora a alcançá-lo.

“A adoção nas seguradoras certamente foi mais lenta do que em setores semelhantes, mas a maré está mudando e agora vemos mais seguradoras examinando maneiras pelas quais o DLT pode apoiar o crescimento de seus negócios”, explica Richard Dhuny, UK DLT e Crypto Lead na transformação digital especialistas GFT. “Um dos principais impulsionadores disso é que as seguradoras estão começando a olhar além da DLT como uma tecnologia empresarial isolada. Em vez disso, eles estão começando a entender onde realmente está o valor da DLT – como um catalisador para a transformação do ecossistema de negócios”.

Dhuny acredita que o DLT pode ser usado para protocolos know-your-customer (KYC) para compartilhar dados dentro de um blockchain privado, o que significa que os clientes só precisam enviar informações uma vez, bem como para detecção de fraude, preços, tratamento de sinistros e subscrição.

Líderes empresariais não estão adotando totalmente o blockchain

Uma das razões pelas quais o seguro não adotou totalmente o blockchain é uma aparente hesitação causada pela falta de compreensão sobre os benefícios que ele pode trazer. De acordo com a empresa de pesquisa de mercado GlobalData, um quinto dos líderes empresariais acha que blockchain é “toda propaganda e nenhuma substância” com tecnologias mais bem compreendidas – como inteligência artificial (IA), segurança cibernética e computação em nuvem – com maior probabilidade de solicitar reações positivas.

“Blockchain costuma ser um tópico mal definido e incompreendido”, diz Benjamin Hatton, analista de seguros da GlobalData. “Sua associação com o mundo das criptomoedas e ativos digitais a deixou com uma má reputação entre muitos. Embora isso possa atrasar o desenvolvimento e a implementação do blockchain em seguros, os casos de uso permanecerão e continuarão a surgir no futuro. À medida que a regulamentação é gradualmente introduzida e fortalecida no espaço, algumas empresas podem obter a confiança na tecnologia de que precisam para reconsiderar o poder da blockchain.”

Apesar da abordagem aparentemente provisória do blockchain, a hesitação revelada pela pesquisa não é necessariamente corroborada pelos números. De acordo com previsões de vários observadores do setor, o valor do blockchain no mercado de seguros deve disparar – de uma avaliação atual de algumas centenas de milhões de dólares para US$ 20-30 bilhões até o final da década.

Liberando o potencial do blockchain em seguros

Uma vez superada a lacuna de conhecimento que parece persistir, há oportunidades a serem realizadas: blockchain tornará a vida mais conveniente para os consumidores; impulsionará a eficiência e abrirá novos fluxos de receita para as seguradoras; e tornará todo o processo mais transparente para todas as partes.

Richard Dhuny, da GFT, continua: “No setor de seguros, existem alguns aplicativos blockchain realmente interessantes provenientes de fornecedores inovadores que oferecem suporte a infraestruturas de dados mais robustas, menos vulneráveis ​​a fraudes ou erros humanos, além de oferecer práticas de TI mais ecológicas.

“A seguradora norte-americana Lemonade, por exemplo, fundou recentemente a Crypto Climate Coalition ao lado de outras provedoras. A coalizão funciona como uma organização autônoma descentralizada destinada a construir e distribuir seguro meteorológico paramétrico a custo para agricultores e criadores de gado em mercados emergentes.

“Uma inovação importante é que a Lemonade recebe informações meteorológicas granulares de sua rede de parceiros, gerando modelos que podem ser programados em contratos inteligentes que estimam automaticamente o prêmio preciso para garantir colheitas com base na localização, tamanho e topografia do campo. Ao medir parametricamente as quantidades de chuva em um campo segurado, os contratos inteligentes também podem acionar automaticamente reclamações de enchentes ou secas, pagando aos agricultores sem que eles precisem registrar uma reclamação.”

E Nish Kotecha, da Finboot, está entusiasmado com o futuro do blockchain: “Considere um mundo onde cada ativo físico tem seu gêmeo digital armazenado em um blockchain: a propriedade pode ser facilmente transferida e cada atividade é registrada de forma imutável. Esse passaporte digital é então usado para o fornecimento de seguro, que se baseia em fatos, e não na percepção do ativo e em seus usos e sinistros históricos. Se a provisão de seguro pode ser mais precisa, certamente pode ser mais barata e mais acessível, economizando tempo, dinheiro e recursos para as seguradoras?

“Se as seguradoras puderem rastrear o ativo, não o consumidor, teremos a capacidade de incorporar o seguro junto com o ativo, em vez de depender de cada novo proprietário para atualizar a seguradora sobre a condição ou uso do ativo. Isso tem a capacidade de mudar a indústria de seguros para sempre.”