Como a proposta de crédito para motos elétricas aos motoboys pode impactar os seguros e proteger entregadores autônomos

Proposta de crédito para motos elétricas no Brasil
A proposta do governo federal de lançar uma linha de crédito para motoboys adquirirem motos elétricas pode demandar alguns ajustes nos seguros para esses veículos e para a proteção desses trabalhadores. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou recentemente a intenção de facilitar o financiamento das motos, com foco nos entregadores de aplicativo. Apesar de ainda não ter sido formalizado, o programa busca incentivar a adoção de alternativas mais sustentáveis e beneficiar trabalhadores que enfrentam jornadas longas de trabalho e despesas com combustíveis. Atualmente, o mercado de motos elétricas ainda é pouco expressivo no Brasil. Segundo a Fenabrave, apenas 4.803 unidades foram emplacadas em 2025, o que representa 0,5% das vendas de motocicletas zero quilômetro no ano. A baixa participação é explicada por fatores como a escassez de modelos competitivos e a ausência das grandes montadoras, como Honda e Yamaha, que juntas dominam mais de 80% do mercado.
A produção de motos elétricas está em crescimento
Embora o ritmo de adoção das motos elétricas ainda seja mais tímido em comparação aos carros elétricos, a eletrificação no segmento de duas rodas vem ganhando espaço no país. Em 2024, a produção cresceu 11,1%, alcançando 1.748.317 unidades, enquanto os emplacamentos tiveram alta de 18,6%, somando 1.876.427 motos vendidas – o melhor resultado da indústria desde 2011, segundo a Abraciclo. Nesse cenário, a criação de uma linha de crédito específica para motoboys tende a acelerar a adoção de motos elétricas, podendo trazer vantagens para trabalhadores que enfrentam riscos e maior chance de sinistralidade, com acidentes e furtos. Com o aumento da presença desses veículos na frota de entregas, os seguros precisam compreender suas particularidades operacionais e tecnológicas, que exigem abordagens específicas, para entender e mensurar novos tipos de riscos.
Condução simples e especificações técnicas
As motos elétricas são uma alternativa prática, econômica e sustentável, com pilotagem simples e baixo custo de uso. – e são atraentes para brasileiros que estão adquirindo sua primeira motocicleta e optando por deixar o transporte público. Conforme a matéria do Mobilidade Estadão, desde 2018, com a chegada da Watts ao setor, o país passou a vivenciar um novo nicho, com bike shops, que se transformaram em lojas especializadas em mobilidade elétrica, e o surgimento de capacitação por meio de cursos e treinamentos técnicos voltados para esse segmento. Apesar do cenário promissor, são poucas as instituições financeiras que oferecem financiamento para esse tipo de veículo, e, quando oferecem, as taxas de juros são elevadas. Com o incentivo da união, a mobilidade elétrica pode ganhar mais espaço, e, consequentemente, a oferta de novas iniciativas de seguros para acompanhar a popularização desses automóveis.
Compromisso ambiental
A adoção de motos elétricas a curto-médio prazo pode contribuir para a sustentabilidade e para a redução das emissões de gases poluentes, o que melhora a qualidade do ar nas cidades. Ainda segundo a matéria, um estudo da UNEP apontou que se 90% das motos vendidas até 2030 forem elétricas, cerca de 11 bilhões de toneladas de CO2 poderão ser evitadas até 2050. Além de reduzir a poluição ambiental e sonora — especialmente importante nos centros urbanos —, as motos elétricas ganham força nas decisões de consumo e investimento. Seguradoras que adotam critérios ESG em suas estratégias reforçam seu papel de alinhamento a práticas sustentáveis. Para fortalecer a confiança do consumidor, as empresas do setor podem investir em tecnologia, qualidade e sustentabilidade.
Seguros ajustados à realidade das motos elétricas e dos motoboys
Diferentemente das motos convencionais, veículos elétricos apresentam questões próprias, como autonomia limitada das baterias, tempo e locais específicos para recarga, além de peças mais caras e manutenção especializada. Esses fatores influenciam diretamente a sinistralidade e os custos das apólices. Além disso, o perfil dos motoboys — expostos a longas jornadas e condições adversas nas cidades — demanda seguros personalizados, com base em tecnologias como a telemetria, que permitem precificar o risco conforme o uso real do veículo. Nesse contexto, surgem também oportunidades para oferecer coberturas complementares, como proteção para acessórios tecnológicos, assistência 24 horas especializada e seguros para falhas de bateria, ampliando as opções disponíveis e agregando valor para quem depende do veículo no dia a dia. Por isso, é importante também que, com o avanço do segmento, fomentar práticas de incentivo à educação dos motoboys em ações que promovam a direção segura e manutenção preventiva.
Um futuro elétrico mais seguro e sustentável nas entregas urbanas
A proposta de crédito para motos elétricas voltada aos motoboys traz uma oportunidade para o mercado de seguros alinhar-se às práticas sustentáveis e oferecer melhores condições de trabalho para quem se move pelas cidades entregando produtos diariamente. À medida que as motos elétricas ganham espaço nas ruas, surgem novas demandas que desafiam o setor segurador a inovar, personalizar e se antecipar às mudanças. Ao oferecer proteção mais alinhada com a realidade tecnológica desses veículos e com as necessidades dos entregadores, as seguradoras além de ampliarem seu portfólio, assumem um papel relevante na construção de uma mobilidade mais segura, limpa e eficiente. Para corretores e empresas do setor, o momento é de adaptação: entender os novos riscos, promover a educação do condutor e investir em soluções digitais e sustentáveis.