É

fato que a digitalização facilita e agiliza as rotinas operacionais e de negócios no segmento segurador. Por isso, esse processo é cada dia mais usado e continua sendo alvo de constante melhoria. Uma das áreas que tem sido foco desta melhoria é a subscrição. Algumas empresas notaram que a digitalização da subscrição diminui o tempo necessário para gerar uma avaliação de risco e, dessa forma, agiliza o processo de emissão/comercialização.

A resseguradora Swiss Re desenvolveu a Magnum Go, uma solução de subscrição em seguros de vida baseada em nuvem para ajudar a empresa a aumentar as vendas, reduzir custos e fornecer decisões de subscrição instantâneas para seus clientes.  Essa é uma das soluções que prometem reduzir o processo de subscrição de semanas para minutos e agilizar a jornada do cliente com o uso de questionários on-line dinâmicos adaptados aos produtos da seguradora e questionários de saúde.

Para potencializar ainda mais todo o  processo que envolve a seleção de riscos, é necessário obter mais fontes de dados na subscrição para torná-la cada dia mais precisa.

Diversificando as bases de informações

Os tipos de informações que as companhias de seguro costumam coletar são: histórico médico, histórico de direção, idade, hobbies perigosos, vícios, dentre outros. Tudo depende de quais e de quantas coberturas.

Depois que o Departamento de Serviços Financeiros do Estado de Nova Iorque, nos Estados Unidos, autorizou que as seguradoras da região utilizem algoritmos para obter informações nas redes sociais e em outras fontes não usuais para definir os valores das apólices de seguro de vida de seus clientes, muitas seguradoras já estão usando tais informações como embasamento para seleção de riscos, desenvolvimento de suas condições contratuais, atribuição de preços e mensuração de resultados.

Para evitar qualquer tipo de discriminação, a norma definiu que essas empresas usem análises estatísticas para determinar que esses algoritmos não se orientem pela raça, cor, religião, país de origem, orientação sexual ou qualquer outro que possa prejudicar grupos específicos.

Maria Vullo, superintendente do Departamento de Serviços Financeiros que criou a norma, fez uma declaração informando que ainda que a utilização de redes sociais por parte de seguradoras para avaliação de riscos esteja em debate há anos, havia uma escassez de regras para proteger a privacidade dos usuários nesses casos. Diante dessa realidade, o Departamento de Serviços Financeiros buscou se adiantar ao que considerou inevitável, estabelecendo regras para o procedimento.

Alguns players de seguros utilizam esse método

Segundo a Forbes, a maioria das companhias de seguros que foram pesquisadas pela Lewis & Ellis Actuaries and Consultants, utilizam sites de mídia social durante o processo de subscrição. A maioria usa o Google, e alguns verificam LinkedIn, Facebook, Instagram ou Twitter.

De fato, diz-se que há seguradoras de automóveis que criam avaliações relacionadas ao tipo de personalidade com base em certas escolhas do possível cliente. Por exemplo: se a escrita é concisa, quais pessoas o cliente segue na rede social ou o tipo de pontuação usada. Esse tipo de dado é usado para determinar se o cliente é confiante demais ou imprudente, características tais que são associadas a muitos condutores de alto risco.

Já outra seguradora de vida e saúde nos EUA,  testou dados comportamentais coletados de sites de varejo online e bancos de dados de terceiros como entradas para modelagem preditiva para determinar os riscos à saúde de mais de 60.000 candidatos. Examinar o comportamento do usuário ajudou a seguradora a obter resultados semelhantes aos exames médicos tradicionais por um custo muito menor.

Às vezes, as informações se apresentam por elas mesmas

De olho no alcance revolucionário da comunicação nas redes sociais, a maioria das seguradoras usam alguma rede social e possuem milhares de seguidores em suas páginas. Já constam apresentadas ali uma série de informações sobre o seguidor em si e sua rede de contatos pública. Com um número gigantesco de informações disponibilizadas por meio dessa interação, as empresas encontram o desafio de catalisar os dados disponíveis no ambiente digital e utilizá-los a seu favor. Ainda assim, é importante criar mecanismos para que tais informações sejam utilizadas dentro de parâmetros sérios e respeitosos quanto à privacidade e intimidade dos usuários. 

Afinal,os dados das redes sociais são ferramentas precisas de subscrição?

Os aspectos comportamentais que personificam um indivíduo podem ser subjetivos e, por isso, são instáveis. Para tornar a busca por informações mais assertiva, é preciso explorar dados à procura de padrões mais consistentes. Com esse objetivo, é importante que as seguradoras façam parcerias com empresas de tecnologia para extrair dados dos perfis dos usuários. Essas empresas dispõem de Know-How para levantar dados do cliente de forma a obter uma avaliação mais precisa do risco de um segurado.

O Brasil não está fora do movimento

Com o crescimento de redes sociais e publicações dos próprios titulares dos dados, as informações pessoais viraram matéria-prima mundial para a análise de tendências. As análises preditivas e algoritmos modernos são capazes de prever comportamentos de compra, tendências de alinhamento político e até a probabilidade de um sinistro de acordo com o perfil pessoal de cada indivíduo. No Brasil, as companhias de seguros não estão alheias a esse movimento.

Alessandra Monteiro, ex-diretora de Vida e Longevidade do IRB Brasil RE, afirmou em um debate sobre novas tendências do mercado de seguros e resseguros, em agosto de 2019: “Dados sobre estilo de vida, perfil de risco e poder aquisitivo podem auxiliar a subscrição de riscos de vida, por exemplo, de forma surpreendente. Algumas seguradoras já estão usando as redes sociais para cruzar informações fornecidas pelo segurado e até validar interesse segurável. A melhor forma de entender o consumidor é através do acompanhamento de redes sociais, pesquisas e análise de tendências. A identificação de nichos de pessoas com o mesmo perfil auxilia na criação de soluções personalizadas, para atender demandas que talvez estejam sendo ignoradas”.

No mesmo evento, Alessandra disse ainda que “a onda de influenciadores digitais poderia ser mais bem surfada, incentivando a cultura do seguro e alavancando as vendas. O discurso do influenciador pode ajudar a descomplicar o seguro, com uma comunicação mais simples e direta, desmistificando um assunto ainda cheio de burocracia, falta de conhecimento e, muitas vezes, desconfiança”

É importante para as seguradoras saber aproveitar os dados disponíveis do consumidor por meio das redes sociais, sem deixar de dar atenção à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). O ideal é que as seguradoras utilizem ferramentas tecnológicas que parametrizam variáveis comportamentais de modo a mitigar os riscos de analisar dados subjetivos.  A partir daí, os resultados de utilizar os dados das mídias sociais na subscrição de seguros podem ser muito proveitosos.

Postado em
11/4/2022
 na categoria
Tecnologia

Mais sobre a categoria

Tecnologia

VER TUDO