Selic a 15% desafia o setor de seguros a equilibrar rentabilidade e demanda

decisão do Banco Central de elevar a taxa Selic para 15% ao ano, maior patamar desde 2006, pode ter influência no mercado de seguros. Este movimento, motivado por pressões inflacionárias e incertezas econômicas, reverbera diretamente na precificação dos produtos, no custo do capital e nas decisões de investimentos das seguradoras. Entender essas implicações é fundamental para corretores, seguradoras e demais profissionais da indústria.
Endividamento mais caro pressiona operações financeiras do setor
O aumento da Selic impacta inicialmente o custo do capital das seguradoras, uma vez que o endividamento tende a ficar mais oneroso. Operações financeiras que dependem de empréstimos ou financiamento para expansão ou cobertura de riscos precisam ser revisadas, uma vez que a elevação da taxa básica de juros encarece essas operações.
Rentabilidade de investimentos aumenta com títulos públicos atrelados à Selic
Ao mesmo tempo, a alta na taxa Selic pode beneficiar os investimentos de seguradoras, que têm uma parte de seus recursos aplicados em títulos públicos atrelados à taxa básica de juros. Com a Selic maior, aumentam também os rendimentos dessas carteiras, oferecendo maior rentabilidade para garantir o equilíbrio financeiro das apólices e a solvência regulatória.
Gestão de portfólio precisa se adaptar à nova realidade monetária
Entretanto, esse duplo efeito exige uma gestão financeira apurada. Empresas que não souberem alinhar a melhor estratégia de investimentos, ajustando seus portfólios diante da nova realidade monetária, podem enfrentar perdas ou redução da competitividade no mercado. Exemplos recentes do mercado mundial mostram que seguradoras que diversificam além dos títulos públicos, incorporando ativos alternativos, tendem a mitigar riscos associados a ciclos de alta nas taxas de juros.
Produtos de longo prazo podem ficar mais caros para o consumidor final
Na precificação dos produtos, a Selic elevada influencia diretamente o custo do capital embutido nas apólices, tornando seguros de longo prazo, como vida e previdência privada, mais onerosos para o consumidor final. Isso exige que seguradoras e corretores repensem suas estratégias de comunicação e oferta, focando em destacar benefícios e diferenciais de valor agregado para manter a demanda.
Comportamento do consumidor muda diante do custo de oportunidade
Além disso, a alta taxa Selic afeta o comportamento dos consumidores e empresas na hora de contratar seguros e planos de proteção, pois o custo de oportunidade do dinheiro aumenta. Em momentos de juros altos, é comum observar uma redução na procura por produtos que demandam desembolso imediato ou condições de pagamento mais rígidas.
Segmento empresarial pode ser afetado pela retração em garantias e coberturas
Corretoras e seguradoras também precisam estar atentas ao impacto do ciclo de alta nas dívidas empresariais e no mercado de seguros comerciais. Empresas com maior custo financeiro podem reduzir a contratação ou renovação de garantias e coberturas, afetando o volume de negócios do segmento.
Setor deve alinhar controle de custos à oferta de produtos ajustados à nova conjuntura
Assim, a elevação da taxa Selic para 15% ao ano exige visão estratégica que contemple tanto o controle de custos quanto a oferta de soluções diferenciadas. Tem também o fato de que o ambiente de juros altos tende a influenciar o comportamento de investidores e consumidores, o que exige atenção redobrada das seguradoras na leitura dos movimentos do mercado e na capacidade de antecipar demandas. É preciso manter o equilíbrio entre rentabilidade e compromisso de oferecer produtos acessíveis aos segurados.