Metodologias alternativas de avaliação de risco do seguro para carros autônomos

arros autônomos são embutidos com câmeras, sensores a laser e GPS, que permitem que o veículo siga uma rota específica e identifiquem obstáculos e evitem colisões. Alguns carros utilizam o sistema LIDAR (Light Detection And Ranging), que fica localizado no topo do veículo e é capaz de formar um mapa em 3D de um raio de 60 metros do ambiente que o cerca. Os dados captados por esses equipamentos são decodificados por softwares, que decidem a ação do veículo, como acelerar, frear, virar, dentre outras funções.
Maioria dos acidentes são causados por falha humana
As montadoras e empresas de tecnologia por trás dos carros defendem que a autonomia tornará as vias mais seguras, já que nove em dez acidentes são causados por falha humana. A questão é que para fazer um seguro de um carro, existem vários indicadores que compõem o valor final do prêmio, desde o local onde o segurado mora até a idade e o comportamento, no entanto, se tais características não vão mudar com os carros autônomos, qual será a base na qual as seguradoras poderão se apoiar para precificar o seguro?
Setor de seguros não está equipado
Buscando respostas para o questionamento acima e outros relacionados à implantação segura da tecnologia de veículos autônomos (AVs), a resseguradora Swiss Re divulgou um estudo em colaboração com a Waymo (empresa de desenvolvimento de tecnologia para carros autônomos). No relatório, a Swiss Re afirmou que esse tipo de tecnologia pode revolucionar o espaço de mobilidade, apesar de o setor de seguros ainda não estar equipado com o conhecimento e os dados certos para avaliar esse novo risco.
Fatores de risco centrados no veículo
O relatório apurou que os AVs provavelmente resultarão em uma mudança significativa nas características dos fatores de classificação de risco, de centrado no motorista para centrado no veículo, com os parâmetros de seguro tradicionais se tornando insignificantes.
Nova concepção de metodologia para avaliação de risco
Segundo o estudo, a falta de dados de sinistros tornará imprescindível a concepção de metodologias alternativas de avaliação de risco. Tilia Gode, chefe de risco e seguro da Waymo, comentou que à medida que empresas de tecnologia de direção autônoma progridem em sua missão de tornar as estradas mais seguras, espera-se que haja menos dados de sinistros para alimentar os modelos atuariais e de subscrição de seguros existentes. E acrescenta, ainda, que “Isso exige uma evolução dos métodos tradicionais e o uso de novas fontes de dados de maneiras inovadoras (...)”.
Motoristas confiam demais nos recursos de assistência
De acordo com o Instituto estadunidense IIHS — Instituto de Seguros para Segurança nas Rodovias — que pesquisa a segurança veicular, os motoristas estão confiando demais nos recursos de assistência ao motorista de seus veículos. Segundo a pesquisa, 53% dos usuários do Super Cruise da General Motors, 42% dos usuários do Tesla Autopilot e 12% dos usuários do ProPilot Assist da Nissan estavam confortáveis em deixar o sistema dirigir o veículo sem que eles observassem o que estava acontecendo na estrada. Alguns até descreveram ser confortável deixar o veículo dirigir durante o mau tempo e em estacionamentos.
Os riscos são diferentes, mas eles existem
Eis o perigo para o motorista e a dificuldade para seguradora na situação acima descrita: esses sistemas são todos recursos de assistência ao motorista que combinam controle de cruzeiro adaptativo e sistemas de manutenção de faixa, principalmente para manter um carro em uma faixa e seguir o tráfego na rodovia. Todos eles exigem um motorista humano atento para monitorar a estrada e assumir o controle total quando necessário. Em caso de sinistro, é difícil estabelecer de quem foi a culpa e, além disso, há a dificuldade de avaliar a probabilidade de que ocorra o risco, já que pode ocorrer falha mecânica ou humana.
A vigilância é de suma importância
A importância de permanecer vigilante foi destacada quando os motoristas relataram ao IIHS que os sistemas às vezes fazem coisas inesperadas que exigem a intervenção do motorista. Quase metade dos usuários do Tesla Autopilot (48%) pesquisados, um quarto dos usuários do Super Cruise e 23% dos usuários do ProPilot Assist disseram que seu sistema havia feito algo inesperado que exigia sua intervenção.
Precificação vai depender das variáveis do processo
O coordenador da Comissão de Automóvel do Sincor-SP, Salvador Edison, acredita que a precificação vai depender das variáveis do processo. Se a tecnologia tiver autonomia total pode haver uma precificação, e até monitoramento mais atraente. Se o usuário conseguir atuar em certas ocasiões, o perfil será necessário.Salvador ainda acrescenta que as seguradoras devem estudar o mercado minuciosamente e orientar o corretor. “Este produto terá um impacto na parte cultural e sociológica, por isso, é preciso saber em quais meios ele será melhor utilizado. Proporcionar ao corretor uma visão clara do papel dele neste processo e na possibilidade de desenvolvimento de novos produtos também será de extrema importância”, finaliza.