Mercado de seguros fatura bilhões e aumenta potencial para investir em tecnologia e inovação

Todos sabem que a área de seguros gera muita rentabilidade para os players do mercado, para os corretores, parceiros de negócios e para o próprio país, já que movimenta bastante a economia. Apesar de ser um fato público e notório, a novidade tem a ver com o quão impactantes são as cifras que permeiam o faturamento do setor.
Receita de bilhões por vários meses consecutivos
O Boletim IRB+Mercado, relatório mensal da plataforma IRB+Inteligência que resume as operações de seguros a partir dos dados públicos disponibilizados pela Susep, demonstrou que o ramo segurador teve receita bilionária por vários meses consecutivos:
- Março: levantamento de R$ 13 bilhões em faturamento, um avanço de 13,8%, na comparação com igual período de 2021 (19ª edição do Boletim).
- Abril: faturou R$12,4 bilhões, um avanço de 18,8% na comparação com igual período de 2021 (20ª edição do Boletim).
- Maio: faturamento de R$14,2 bilhões, um avanço de 26,5% na comparação com igual período de 2021 (A maior taxa para um mês de maio,desde o início da divulgação dos relatórios, em 2014).
Crescimento exponencial
Se separar por segmento de seguro, todos eles tiveram avanço, em relação a 2021 e ainda é possível observar um crescimento exponencial em relação aos meses anteriores de 2022. Os números são extremamente otimistas:
Vida
- Março: o seguro de Vida faturou R$ 4,7 bilhões, alta de 12,8% em relação ao mesmo mês de 2021 e encerrou o trimestre com avanço de 10,9% frente ao primeiro trimestre de 2021
- Abril: o segmento Vida faturou R$4,6 bilhões, alta de 11,3% em relação ao mesmo mês de 2021, e avançou 11% no quadrimestre totalizando R$17,6 bilhões. No quarto mês do ano, os sinistros ocorridos registraram R$1,1 bilhão, redução de 38,5% diante de abril do ano passado. Ao comparar abril de 2021 com abril de 2020, houve um aumento de 116% em sinistros ocorridos devido à pandemia.
- Maio: chegou a R$5 bilhões, alta de 17,2% em relação ao mesmo mês de 2021, e avançou 12,3% no somatório dos cinco meses iniciais de 2022, totalizando R$22,6 bilhões. A sinistralidade, no acumulado do ano, foi de 32%, redução de 17 pontos percentuais (p.p.) frente ao mesmo intervalo de 2021.
Automóvel
- Março: somou R$3,9 bilhões e cresceu 28%. No acumulado, registrou progresso de 23,8%, o maior desde 2014, o que resultou em R$2,1 bilhões a mais frente ao primeiro trimestre de 2021.
- Abril: R$3,6 bilhões (+34,8%), sendo o melhor desempenho de abril. No acumulado, faturou R$14,3 bilhões (+26,4%), R$3 bilhões a mais do que o quadrimestre anterior.
- Maio: responde por (28,8% do mercado de janeiro a maio) faturamento de R$4,2 bilhões (+43,3%), o melhor desempenho pelo segundo mês consecutivo. No acumulado, faturou R$18,5 bilhões (+29,9%).
Danos e Responsabilidades
- Março: registrou R$2,1 bilhões (+7,8%). No trimestre, cresceu 12%.
- Abril: registrou R$2,2 bilhões (+21,7%). No quadrimestre, somou R$9,3 bilhões, sendo alta de 14,1%.
- Maio: faturou R$2,5 bilhões em maio (+24,6%) e R$11,8 bilhões (+16,1%) no acumulado de 2022. O seguro contra riscos cibernéticos, pertencente a este segmento, teve variação positiva de 95% impulsionada pela adoção de trabalho remoto por grande parte das empresas.
Individuais contra Danos
- Março: registrou R$1 bilhão (+8,9%). Já no acumulado do ano, a variação do segmento foi de 0,6% em relação ao 1º trimestre de 2021.
- Abril: faturou R$901 milhões (+14,8%) e no acumulado arrecadou R$3,9 bilhões (+3,6%). A sinistralidade, por sua vez, também aumentou, sendo a maior da série histórica nesse período: 40,7%, um incremento de 9 pontos percentuais em comparação ao mesmo período de 2021.
- Maio: faturou, no quinto mês do ano, R$1,1 bilhão (+23,7%). No acumulado anual, o segmento arrecadou cerca de R$5 bilhões (+7,5%).
Segmento Rural
- Março: teve sua primeira retração do ano (-5,4%) e levantou R$812 milhões no terceiro mês do ano. Apesar disso, no acumulado de 2022, teve evolução de 51% frente aos três primeiros meses de 2021, aumento de R$901 milhões, sendo responsável por 17,2% do crescimento do setor de seguros, atrás apenas de Automóvel e Vida. A sinistralidade para o segmento, de janeiro a março de 2022, foi de 236,4%, sendo a única do setor acima de 100%.
- Abril: teve mais uma retração (-1,8%), a segunda do ano, e levantou R$771 milhões em abril. Apesar disso, no acumulado de 2022, teve evolução de 34,8% frente aos quatro primeiros meses de 2021, somando cerca de R$3,4 bilhões.
- Maio: obteve avanço de 27,1% ao arrecadar em maio R$942 milhões. No acumulado de 2022, ao totalizar R$4,4 bilhões, com a maior variação nominal do setor: 33% de janeiro a maio. O bom desempenho é influenciado pelos valores direcionados pelo programa de subvenção do Governo Federal. Embora a sinistralidade, no acumulado, tenha avançado 110,9 p.p. em comparação ao ano passado, registrando 177,2%, em maio foi observada a primeira retração mensal frente ao mesmo mês de 2021: 73,4%, queda de 28,2 pontos percentuais.
Crédito e Garantia
- Março: obteve arrecadação de R$398 milhões (-1,2%). em decorrência da queda de 10,1% na linha de negócio Crédito, parcialmente compensada pelo crescimento na linha de Garantia (2,8%), que representou 71,3% do segmento no mês. No primeiro trimestre do ano, o avanço foi de 21,3% em relação ao mesmo período do ano anterior em função da evolução do produto Garantia Segurado – Setor Público, que aumentou 18,6%, representando 47% do incremento do trimestre.
- Abril: obteve, em abril, arrecadação de R$410 milhões (+23,2%, segundo melhor resultado do setor de seguros). No somatório do ano, o segmento registrou R$1,7 bilhão (+21,8%). A taxa de sinistralidade do segmento, em 2022, também se destacou, pois caiu 7,3 p.p. e atingiu 19,2%, a segunda menor desde o início da série histórica, em 2014.
- Maio: a arrecadação obtida foi de R$456 milhões (+14,3%), sobretudo em decorrência do avanço de 28% do produto Crédito Interno. Quando analisado o ano, o faturamento é de R$2,1 bilhões (+ 20,1%), com a menor sinistralidade do setor (18,4%).
Qual a fatia de cada segmento no mercado?
O ranking de participação dos segmentos no mercado segurador, durante os cinco primeiros meses do ano, é o seguinte:
1º: VIDA: com 35,1% do faturamento do mercado, o seguro de Vida corresponde a maior fatia do mercado de seguros, em 2022.
2º: Automóvel: com 28,8% de participação
3º: Danos e Responsabilidades: 18,3%
4º: Individuais contra Danos: responde por 7,7%
5º: Rural: responde por 6,8%
6º: Crédito e Garantia: responde por 3,3% do mercado.
Sinistralidade
- Março: o índice de sinistralidade do setor registrou aumento de 4,9 pontos percentuais (p.p.) na comparação com o mesmo mês de 2021, fechando em 57,7%. No primeiro trimestre de 2022, o índice cresceu 15,1 p.p. em relação à taxa registrada no mesmo período do ano passado, devido ao alto impacto do segmento Rural: 64,3%. Se o setor fosse desconsiderado na análise, a taxa de sinistralidade das seguradoras seria de 49,3%, 0,8% acima da base do primeiro trimestre de 2021, também excluindo Rural.
- Abril: o índice de sinistralidade do setor de seguros registrou queda de 2,1 pontos percentuais na comparação com o mesmo mês de 2021. A melhoria na sinistralidade foi impulsionada pelos segmentos Vida (-26,7 p.p.) e Corporativos de Danos e Responsabilidades (-19,2 p.p.), que compensaram o aumento da taxa nos demais segmentos. Já no acumulado do ano, o índice cresceu 10,7 p.p. em relação ao mesmo período de 2021, impactado fortemente por Rural (+145,8 p.p.).
- Maio: o índice de sinistralidade (sinistros ocorridos sobre o faturamento do mês) registrou aumento de 1,4 p.p. na comparação com o mesmo mês de 2021, fechando em 52,3%. No acumulado até maio, cresceu 8,8 p.p. (58,9%) em relação à taxa registrada no mesmo período do ano passado. A piora na sinistralidade foi impulsionada, principalmente, pelo segmento Rural (73,4%, em maio). Desconsiderando da análise esse segmento, a taxa do mercado ficaria em 48,8%, o que representaria 0,1 p.p. a menos em relação ao acumulado até maio de 2021.
Grande potencial para investimento em tecnologia e inovação
Com as cifras apresentadas acima e sabendo que o mercado de seguros,no acumulado do ano, teve alta de 18,8%, somando um total de R$64,4 bilhões ( R$10,2 bilhões a mais na comparação com o mesmo período do ano passado), é possível concluir que há uma grande disponibilidade financeira do setor para viabilizar investimentos em inovação e tecnologia.
É de suma importância que o mercado segurador continue abraçando esse tipo de investimento para dar oportunidade ao surgimento de mais ideias inovadoras no campo da tecnologia e para que elas continuem gerando oportunidades de melhoria no setor.