Veículos mais baratos que iPhones

Os leilões de veículos estão se popularizando no Brasil, e chamam a atenção pela suas ofertas com modelos populares, como um Honda Civic, por exemplo, arrematado por R$ 12,4 mil – valor R$ 3 mil abaixo do preço de um iPhone topo de linha – e opções de luxo, como uma Range Rover Evoque blindada vendida por pouco mais de R$ 40 mil. Em um dos eventos mais recentes da Copart, empresa especializada no setor, os lances variaram de R$ 7.600, para um Fiat Palio 2015, até R$ 365 mil por uma Porsche 911 Turbo S. Nesses leilões, há opções aptas a circular, que podem ser registradas para rodar novamente, e também veículos considerados irrecuperáveis, destinados ao comércio de peças. A diversidade e os descontos chamam atenção de consumidores, mas também lançam luz sobre os seguros para esse tipo de veículo, que precisam ser avaliados com cautela, considerando os riscos e o histórico dos automóveis negociados para oferecer coberturas adequadas.

Crescimento do mercado de leilões de carros no Brasil

Segundo a Copart, as vendas em leilões extrajudiciais cresceram cerca de 18% em 2024, em comparação ao ano anterior. Os modelos mais procurados são os populares, com destaque para o Volkswagen Gol, que aparece no topo da lista de comercialização. Esse movimento reflete a busca por opções mais acessíveis em um cenário econômico que favorece o mercado de usados. Além disso, Segundo a Fenauto, só em julho foram vendidos 1,7 milhão de carros usados, volume recorde para o mês, representando alta de 19,1% em relação a junho e 16,6% sobre o mesmo período de 2024. No acumulado do ano, já são mais de 10 milhões de unidades negociadas, um avanço de 14,2%. O órgão também pontuou uma venda média diária de 75 mil veículos, o que também configura o maior índice de vendas registrado até o momento. Com a alta demanda, os leilões se firmam como alternativa cada vez mais atrativa, tanto pela diversidade de ofertas quanto pelo potencial de economia, competindo diretamente com os canais tradicionais de compra e venda.

Especificidades de adquirir veículos em leilões e práticas no seguro auto

De acordo com uma matéria divulgada no portal InfoMoney, adquirir veículos em leilões pode ser uma opção vantajosa para quem busca preços mais baixos, com descontos que chegam a até 60% do valor de mercado. Apesar disso, a prática exige do consumidor atenção e preparo financeiro, já que não é possível testar o carro antes da compra, sendo recomendável reservar recursos extras para reparos. Em relação ao seguro, a publicação destaca que as seguradoras não podem recusar automaticamente a cobertura de veículos provenientes de leilão, mesmo quando recuperados de roubo, furto ou perda total. A recusa só é permitida após vistoria técnica, e, caso a apólice seja aceita, o valor deve ser proporcional ao de automóveis de perfil semelhante, evitando cobranças abusivas.

Coberturas e estratégias de avaliação

Veículos adquiridos em leilões podem possuir histórico de sinistros, pendências burocráticas ou danos reparados que impactam diretamente na precificação e aceitação das apólices. As seguradoras, por sua vez, podem investir em modelos de avaliação que consideram o estado real dos veículos leiloados, incluindo inspeções técnicas para identificar padrões de risco, desenvolvendo um processo especializado para análise desse tipo de automóvel.

Regularização de documentos e seguros especializados para compradores de leilão

Para consumidores que adquirem veículos via leilão, a contratação de seguros se distingue da dos veículos adquiridos de forma tradicional. Produtos ajustados à realidade desses veículos oferecem maior segurança patrimonial e reduzem o risco de prejuízos futuros. Por isso, é importante que as seguradoras façam uma análise criteriosa do histórico do automóvel, o que também leva em conta a atuação consultiva de corretores, orientando corretamente os clientes. Além disso, a regularização dos documentos pode ser um fator decisivo na aceitação do seguro. Veículos retomados por inadimplência em leilões de financeiras têm maior chance de aprovação, desde que estejam em boas condições, com laudos positivos e documentação em dia. Já carros com sinistro grave, procedência duvidosa ou histórico irregular tendem a ser recusados ou receber apenas coberturas restritas, como proteção contra roubo ou danos a terceiros.

Oportunidades que demandam atenção

O aumento dos leilões no cenário automotivo brasileiro, tem atraído consumidores em busca de preços muito abaixo da tabela, enquanto desafiam seguradoras a repensarem suas práticas de análise e cobertura. O crescimento desse mercado reforça a necessidade de avaliações técnicas mais criteriosas e de produtos de seguros específicos com critérios de análise bem definidos para não gerar dúvidas nos clientes. Corretores bem informados possuem um papel importante em orientar os compradores sobre condições do veículo, regularização documental e tipos de cobertura disponíveis, promovendo o esclarecimento necessário no processo de aquisição. Uma visão proativa e analítica garantirá que o setor de seguros continue a atuar com eficiência, mitigando riscos e aproveitando novas oportunidades de mercados que surgem a partir das demandas dos consumidores.