Nordeste em ascensão na produção de elétricos e híbridos

A inauguração do Polo Automotivo do Ceará marca um novo ciclo de desenvolvimento industrial no estado. O presidente Lula participou da entrega de projetos educacionais em Fortaleza e, em Horizonte, inaugurou a linha de montagem do Chevrolet Spark EUV, um modelo elétrico que chega ao país em kits semiprontos. Segundo o presidente, a iniciativa fortalece o Ceará como polo econômico e tecnológico, impulsionado também pelo anúncio de investimentos no Datacenter estadual. Em entrevista ao Bom Dia Ceará, Lula ainda comentou temas como segurança pública, saúde e economia. 

Ceará irá produzir primeiro híbrido no Brasil e terá investimento do TikTok em datacenter

Durante a conversa, o presidente revelou ainda que o Ceará será responsável por produzir o primeiro carro híbrido da General Motors no Brasil, e considerou um passo decisivo para inaugurar uma nova fase de desenvolvimento industrial no estado. O presidente também destacou a instalação do primeiro grande data center do Ceará. O projeto, que será instalado no complexo portuário industrial e financiado pela TikTok, prevê investimentos de longo prazo próximos a R$ 200 bilhões e promete transformar os setores de TI, comunicação e energia. Segundo o presidente, o data center funcionará com energia 100% renovável e utilizará apenas água reutilizada, preservando os recursos destinados à população. Para o governo, a combinação da indústria automobilística com a chegada dessa infraestrutura tecnológica consolida o Ceará como um polo estratégico de crescimento e modernização.

Frota eletrificada no Brasil crescerá 44 vezes até 2040 com 72% de veículos híbridos

Um estudo do Instituto MBCBrasil, elaborado pela LCA Consultores, projeta que a frota de veículos eletrificados no Brasil será 44 vezes maior até 2040, chegando a 17,4 milhões de unidades – o que corresponde a cerca de 27,6% do total de veículos do país. Os híbridos devem dominar esse cenário, representando 72% dos eletrificados. O crescimento deverá ocorrer em razão da queda no custo das baterias, da ampliação da oferta de modelos e da expansão gradual da infraestrutura de recarga. Mesmo com esse crescimento, os elétricos ainda serão minoria no curto prazo devido à força dos híbridos flex e dos biocombustíveis. Para sustentar a eletrificação, o Brasil precisará chegar a 807 mil pontos de recarga até 2040, um número também 44 vezes maior que o atual, demandando investimentos entre R$ 20,7 bilhões e R$ 24,9 bilhões.

Riscos específicos exigem novas soluções de seguro

A natureza dos riscos associados aos veículos eletrificados se difere da dos automóveis tradicionais. As baterias de íon-lítio, por exemplo, podem apresentar riscos de superaquecimento, enquanto os reparos eletrônicos têm custos mais elevados e mão de obra especializada. Diante desse cenário, seguradoras precisam desenvolver apólices adequadas à realidade tecnológica desses modelos. Empresas do setor já começam a reagir de forma estratégica, investindo em coberturas ampliadas, assistência técnica especializada e serviços focados no ecossistema elétrico, trabalhando para adaptar seus produtos às demandas dos novos modelos.

Aumento na contratação de seguros

Com a adoção desses modelos, seguros empresariais passam a incorporar análises de telemetria, hábitos de condução e manutenção preditiva, transformando a apólice em uma ferramenta de eficiência operacional. O movimento já aparece nas estatísticas do setor e, com base em um levantamento divulgado pelo portal InfoMoney, entre janeiro e agosto de 2025, as buscas por seguros para veículos eletrificados cresceram 4% em relação ao mesmo período de 2024, enquanto as vendas avançaram 3%. A participação desse tipo de seguro aumentou de 1,6% em 2024 para 2,6% em setembro de 2025 e isso indica a expansão contínua do mercado. Seguradoras também ampliaram coberturas específicas para esses modelos, incluindo proteção para componentes de alto valor, como baterias e cabos de carregamento, e assistências compatíveis com necessidades técnicas dos eletrificados. Em muitos casos, o uso de guincho plataforma tornou-se obrigatório, já que diversos veículos elétricos não podem ser rebocados com as rodas motrizes no chão sem risco de danos ao sistema.

Palco de inovação, colaboração e desenvolvimento dos corretores

A ampliação da cadeia produtiva no Ceará cria um ambiente propício para inovação e cooperação entre diferentes atores do setor. Montadoras, seguradoras e oficinas especializadas tendem a estabelecer parcerias que otimizam custos, aceleram processos de reparo e aprimoram a jornada do cliente. No entanto, esse novo contexto também eleva o nível de exigência para os corretores de seguros. Entender em profundidade as particularidades dos veículos elétricos – como o funcionamento das baterias, a complexidade dos sistemas embarcados e o valor dos componentes – torna-se indispensável para oferecer orientações precisas. Nesse cenário, a capacitação contínua e o uso de ferramentas digitais assumem papel central, permitindo um atendimento mais técnico, consultivo e alinhado às transformações do mercado.

Um novo capítulo para o seguro automotivo brasileiro

A combinação entre indústria, tecnologia e infraestrutura coloca o Ceará no centro de uma transformação que vai muito além da produção de veículos eletrificados. A chegada do primeiro híbrido da GM fabricado no Brasil, somada ao investimento bilionário em um data center de alta eficiência, inaugura uma fase em que inovação e sustentabilidade deixam de ser tendência e passam a ser realidade concreta no Nordeste. Esse movimento industrial se conecta diretamente ao avanço projetado da frota eletrificada no país. Ao passo que veículos híbridos e elétricos se tornam mais presentes, novas demandas, riscos e oportunidades de especialização aparecem no ramo automotivo. Seguradoras, corretores e toda a cadeia de serviços são chamados a evoluir junto às novidades do segmento, criando soluções mais inteligentes, conectadas e alinhadas ao ritmo acelerado da transição energética. O que nasce como um projeto industrial pode se tornar uma iniciativa que posiciona ainda mais o Brasil no mapa da inovação, impactando diretamente o presente e o futuro do setor de seguros no país.