Google aposta em energia nuclear para sustentar a IA e impactos podem chegar ao setor de seguros

Google dá passo em direção à eficiência energética
O Google anunciou a construção de sua primeira usina nuclear avançada nos Estados Unidos, em parceria com a Kairos Power. Localizada em Oak Ridge, Tennessee, a unidade deve entrar em operação em 2030, com capacidade de 500 megawatts — suficiente para abastecer cerca de 350 mil residências. O projeto integra a estratégia da empresa de adotar pequenos reatores modulares para garantir energia limpa e estável a seus centros de dados de inteligência artificial. A decisão do Google de construir sua primeira usina nuclear avançada nos Estados Unidos para abastecer seus data centers de inteligência artificial (IA) marca uma virada significativa na busca por sustentabilidade e eficiência energética no setor de tecnologia. Esse movimento não apenas responde à crescente demanda por energia limpa, mas também reflete um compromisso estratégico que reverbera diretamente no mercado de seguros, onde a inovação tecnológica e a confiabilidade operacional são pilares essenciais.
O crescimento dos data centers na era da IA
O avanço da inteligência artificial, especialmente da IA generativa, impulsionou o crescimento dos data centers no Brasil e no mundo, que são responsáveis por processar enormes volumes de dados e executar algoritmos cada vez mais complexos. Essa demanda crescente por capacidade de processamento exige infraestrutura de alto desempenho, resultando em maior consumo de eletricidade e água. Em 2024, esses centros já consumiam 1,5% da eletricidade mundial, segundo a AIE, com projeções de que esse número dobre até 2030. Nesse contexto, o uso de energia nuclear avançada surge como uma alternativa sustentável que alia alta capacidade com baixo impacto ambiental.
Número de data centers no Brasil cresceu 628%
Conforme divulgado em uma matéria do portal Terra, o Brasil vive uma expansão acelerada no setor de data centers, com crescimento de 628% entre 2013 e 2023, segundo estudo da JLL. O país concentra 40% dos novos investimentos da América Latina, mas enfrenta o desafio da segurança energética diante do aumento no consumo e da pressão causada por eventos climáticos extremos. Interrupções no fornecimento, mesmo breves, podem gerar prejuízos milionários em operações críticas que exigem estabilidade contínua. Nesse cenário, empresas como a Tecnogera têm se destacado ao oferecer soluções de energia temporária e de missão crítica, com geradores de alta potência, monitoramento remoto e logística nacional, garantindo planos de contingência para operações em diferentes regiões. Para o CEO Abraham Curi, assegurar a continuidade energética deixou de ser apenas diferencial competitivo e se tornou requisito estratégico para a economia digital brasileira.
Inteligência artificial e análise de dados vão revolucionar o setor dos seguros
Segundo Bruno Abril, Head of Insurance da NTT DATA Europe & LATAM, a competitividade no setor de seguros depende cada vez mais da inteligência artificial e da análise de dados. Essas tecnologias estão redefinindo a forma como seguradoras criam soluções, identificam clientes e posicionam produtos. O uso estratégico de dados permite maior precisão na segmentação de mercado, automação de processos e comunicação mais eficaz com o cliente. Para a NTT DATA, construir um ecossistema de dados robusto é essencial para sustentar operações contínuas e oferecer experiências mais inteligentes e seguras aos clientes.
Cenário de adoção de energia nuclear ao redor do mundo e seus benefícios
O uso da energia nuclear vem ganhando espaço no debate sobre a descarbonização global e na busca por alternativas mais limpas e seguras para atender à crescente demanda energética. Ela é responsável por cerca de 23,7% do total de energia limpa gerada no mundo. Atualmente, existem cerca de 437 reatores em operação, sendo que os Estados Unidos lideram com 93, seguidos por França (56), China (55) e Rússia. O diferencial dessa matriz é a capacidade de gerar grandes volumes de energia sem a emissão direta de gases de efeito estufa, o que a torna uma aliada importante na transição energética. Entre os benefícios está a estabilidade da oferta, uma vez que, ao contrário de fontes como solar e eólica, a geração nuclear não depende das condições climáticas. Além disso, trata-se de uma fonte de alta densidade energética, capaz de produzir eletricidade em larga escala com baixo uso de recursos naturais como água e terra.
Impactos em ESG e sustentabilidade
O projeto de energia nuclear modular avançada do Google propõe uma infraestrutura capaz de fornecer energia estável para operações ininterruptas e seguras de sistemas digitais críticos. Para as seguradoras, essa estabilidade pode indicar menor vulnerabilidade a falhas operacionais causadas por possíveis interrupções no fornecimento energético. Além da redução significativa das emissões de gases de efeito estufa, alinhada com as metas de sustentabilidade corporativa, o investimento do Google evidencia uma tendência global de transição energética que impacta diretamente a cadeia de seguros. Empresas do setor que investem em tecnologia e infraestrutura sustentável tendem a melhorar sua avaliação ESG (ambiental, social e governança), fator cada vez mais valorizado por clientes, investidores e reguladores.
Eficiência energética como aliada da inovação em seguros
Adotar tecnologias sustentáveis significa ampliar a competitividade, atendendo às demandas de um mundo em constante transformação. Soluções nos processos de seguros, como sistemas de resfriamento a líquido, que substituem o ar e reduzem o consumo de energia nos data centers, e chips desenvolvidos especificamente para aplicações em inteligência artificial podem contribuir para a eficiência energética, de forma atrelada ao setor tecnológico. Essas inovações não só ajudam a manter um alto desempenho em tarefas complexas de processamento de dados, como também diminuem custos operacionais.
Compromisso com a energia limpa e práticas sustentáveis
O movimento do Google em investir em usinas nucleares avançadas para sustentar seus data centers mostra como inovação e sustentabilidade caminham juntas em um cenário de crescente demanda por inteligência artificial. A busca por fontes de energia mais estáveis e de baixo impacto ambiental responde não apenas ao desafio do consumo elevado, mas também ao imperativo de reduzir emissões em um setor que já consome uma parcela significativa da eletricidade mundial. Esse esforço aponta para um futuro em que a eficiência energética será determinante para a continuidade da transformação digital. No campo dos seguros, a mesma lógica se aplica: o setor terá de acompanhar essa transição, adotando práticas e soluções que garantam resiliência, ao mesmo tempo em que reforçam seu compromisso com a sustentabilidade. Diante deste cenário, cabe ao mercado segurador antecipar e adaptar suas estratégias, desenvolvendo produtos alinhados às novas demandas para agregar na sua cadeia de valor.