Conforme levantamento do TripAdvisor, as experiências turísticas mais valorizadas em 2025 demonstram um movimento em direção a passeios exclusivos, personalizados e muitas vezes de alto risco ou especificidade. Desde visitas a sítios históricos com acessos restritos até aventuras em cavernas e mergulhos em locais remotos, o perfil do viajante atual suscita um alto grau de segurança física, assim como de garantias financeiras diante de imprevistos. Esse fato é um sinal de que o seguro viagem precisa inovar para acompanhar a complexidade das experiências buscadas, demandando coberturas customizadas e flexíveis que englobem essas novas modalidades.

Turismo imersivo e personalizado pressiona a lógica tradicional dos seguros

O turismo global vem evoluindo para experiências que ultrapassam o tradicional pacote de viagem, impactando até mesmo o e-commerce. De acordo com a Grand View Research, o mercado de entretenimento imersivo deve expandir a uma taxa anual de 24,6% até 2030. Esses dados sugerem uma inclinação por vivências que rompem com o lugar-comum, o que estimula uma demanda por seguros que acompanhem essa sofisticação. Isso representa a oportunidade e o desafio de criar produtos que atendam a riscos específicos dessas atividades diferenciadas. Por exemplo, seguros para esportes radicais, tours arqueológicos em locais de difícil acesso ou expedições subaquáticas demandam análises minuciosas de risco e oferta de coberturas que vão além da tradicional assistência médica e cancelamento de viagem.

Digitalização amplia acesso e facilita a gestão de riscos em tempo real

Nesse sentido, a digitalização do processo de contratação e o uso de aplicativos móveis são tendências que facilitam o acesso a coberturas e o acionamento de assistências, essenciais para viajantes que buscam praticidade e agilidade diante de imprevistos. Essa integração tecnológica também permite a coleta contínua de dados para aprimorar a precificação e a gestão de sinistros.

Iniciativas já existentes ainda não cobrem toda a complexidade do turismo atual

O mercado de seguros para turismo já responde a algumas dessas demandas com produtos que incorporam cláusulas especiais para proteção em experiências turísticas únicas, como seguros para expedições de mergulho em cenários exóticos, com cobertura para acidentes e equipamentos técnicos. Ainda assim, trata-se de um campo em que a inovação avança de forma desigual. Enquanto determinadas atividades recebem atenção mais estruturada (como o trekking de alta montanha ou o esqui em áreas regulamentadas) outras experiências, igualmente complexas, seguem à margem das apólices tradicionais. Casos como hospedagens em ambientes extremos, expedições que envolvem múltiplos meios de transporte ou vivências que mesclam esporte, cultura local e autonomia do viajante revelam lacunas na previsão de riscos e na oferta de coberturas proporcionais à especificidade da atividade. Há, portanto, espaço para o desenvolvimento de soluções que dialoguem com o grau de autonomia e imprevisibilidade que caracteriza esse novo perfil de viagem.

Parcerias estratégicas e sustentabilidade fortalecem o ecossistema

Na perspectiva das seguradoras, formar alianças estratégicas com operadores turísticos e agentes de viagem pode impulsionar a oferta integrada de serviços e seguros, viabilizando pacotes completos que garantam experiências seguras e memoráveis. Essas parcerias ainda abrem canais diretos para coleta de dados e feedbacks que aprimoram produtos e atendimento. Além dos benefícios práticos, investir em inovação para seguros ligados a experiências turísticas está alinhado à tendência global de sustentabilidade e responsabilidade social, uma vez que a proteção adequada também minimiza riscos financeiros e ambientais, colaborando para um turismo responsável e resiliente.

Seguro viagem como resposta interpretativa à sofisticação da jornada

O seguro viagem é hoje convocado a acompanhar esses novos destinos e, com eles, o grau de imprevisibilidade e sofisticação que define a experiência turística contemporânea. A partir do momento que o deslocamento se torna menos sobre o trajeto e mais sobre a vivência singular, o desafio das seguradoras passa a ser também interpretativo. Ou seja: compreender o que está em jogo para o viajante, em termos de segurança, valor e expectativa. Por isso é preciso que os players adicionem coberturas e construam soluções que dialoguem com o tempo do viajante, com seus riscos reais e com a pluralidade de experiências que ele está disposto a viver.