m levantamento solicitado pela Microsoft à empresa de comunicação Edelman mostrou que o uso da inteligência artificial já ocupa lugar relevante nas decisões de micro, pequenas e médias empresas brasileiras. Segundo o estudo “IA em micro, pequenas e médias empresas: tendências, desafios e oportunidades”, 75% dessas empresas veem a tecnologia como algo positivo para o negócio. Entre os que tomam decisões estratégicas, mais da metade afirma já contar com metas ou planos estruturados relacionados à IA.
Motivos para aumento de adesão vão de aumento de produtividade à melhora na experiência do cliente
A pesquisa identificou usos frequentes em atendimento ao cliente, buscas, personalização de serviços e criação de produtos. Os setores de marketing, tecnologia e relacionamento com clientes concentram as iniciativas. Ao lado disso, cresce também o interesse por ferramentas capazes de processar dados, gerar conteúdos e otimizar operações. Embora o investimento em IA esteja mais presente nas pequenas empresas, o estudo indica que microempresas e médias também avançam nessa direção. Os motivos vão de aumento de produtividade à melhora na experiência do cliente. A redução de custos aparece com menos destaque, o que reforça o uso da IA como meio de adaptação e resposta, mais do que como instrumento de corte.
Proteções ainda atreladas a estruturas antigas
Mesmo com os apontamentos desse estudo (que indica um movimento em curso), os produtos de seguro voltados a empresas ainda refletem uma estrutura pensada para cobrir bens físicos, perdas diretas ou falhas contratuais. Isso cria um desalinhamento difícil de contornar: os riscos já migraram, mas o modo de protegê-los permanece ancorado em referências anteriores. Muitas dessas empresas agora operam com base em plataformas digitais, dependem de sistemas automatizados para lidar com clientes e mantêm seus dados em ambientes compartilhados. Nessas condições, uma falha de sistema pode interromper vendas, comprometer o relacionamento com o público ou gerar perdas que não se materializam, mas se acumulam.
Apesar disso, seguros voltados à proteção digital ainda têm alcance limitado, sobretudo entre negócios menores. Há uma combinação de fatores para isso: ausência de linguagem acessível, pouca flexibilidade nas coberturas, baixa distribuição nos canais que essas empresas de fato acessam. Na prática, o seguro ainda está se inserindo nas conversas sobre tecnologia.
Prevenção e reparo precisam partir do mesmo vocabulário
O estudo aponta que muitas MPMEs já reconhecem os riscos ligados à segurança de dados e ao mau uso de informações. Isso ainda não se converte, no entanto, em estratégias consistentes de proteção. A percepção se forma, mas não se organiza.
Há uma oportunidade de aproximação entre quem oferece seguros e quem busca ferramentas para manter o negócio funcionando com mais segurança. Para isso, é preciso abandonar os modelos únicos, rever a forma como se constrói o diálogo com o contratante e permitir que a proteção acompanhe a complexidade real da operação, sem torná-la mais pesada ou opaca.
Nem sempre é necessário cobrir tudo. Às vezes, basta ajustar o ponto de contato. Entender como essas empresas operam, onde se concentram suas fragilidades e qual linguagem elas de fato compreendem pode ser mais efetivo do que ampliar coberturas.
Quando a proteção não reconhece mais o formato do risco
A incorporação da inteligência artificial nas MPMEs muda os riscos para áreas que ainda não contam com instrumentos de proteção compatíveis. A gestão de dados, os sistemas de decisão automática e os erros que se acumulam sem vestígios físicos não se encaixam com facilidade nas categorias tradicionais de seguro.
Oferecer coberturas coerentes com esse ambiente não depende apenas de inovação técnica. Envolve sensibilidade para identificar o que, nesse novo modo de operar, realmente precisa de respaldo — e sob que condições. Partindo daí, é preciso compreender que a proteção que acompanha esse processo não pode vir empacotada como algo à parte, nem esperar que a demanda venha pronta. Em muitos casos, ela precisa ser construída junto —com menos ruído e mais atenção ao que realmente sustenta essas escolhas.