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ntre maio de 2023 e abril de 2024, as exportações do agronegócio brasileiro alcançaram o montante de US$168,36 bilhões, o que representou uma expansão de 4,7% em comparação aos US$160,86 bilhões exportados nos doze meses imediatamente anteriores. Somente o Agro Paulista registrou, no primeiro quadrimestre deste ano, um superávit de US$7,51 bilhões, aumento de 21,7% comparado ao primeiro quadrimestre do ano passado. Esse sólido desempenho contribui de forma importante para o superávit da balança comercial do Brasil. 

Posição de liderança em várias áreas do mercado agrícola

Esses resultados fazem com que o país tenha uma posição de liderança em várias áreas do mercado agrícola, sendo o maior exportador mundial de produtos como café, açúcar, suco de laranja e carnes, incluindo bovina e de frango. Além disso, o Brasil ocupa a segunda posição na exportação global de milho e soja, abrangendo grãos, farelo e óleo. O país também se destaca como um exportador relevante de carne suína e algodão, entre outros produtos fundamentais da produção rural.

Dependência de condições climáticas resulta em oscilação dos preços e incertezas no processo produtivo 

Apesar de contribuir positivamente para a economia brasileira, o setor agropecuário apresenta também a maior instabilidade em termos econômicos. Essa instabilidade decorre de diversos grupos de riscos que podem levar a perdas econômicas consideráveis. A dependência de condições climáticas resulta em uma forte oscilação dos preços e introduz incertezas no processo produtivo da atividade agropecuária. Essas flutuações podem impactar desde a produção até a comercialização dos produtos, afetando diretamente a rentabilidade e a sustentabilidade do setor.

Cerca de 90% das cidades gaúchas foram afetadas pelas recentes chuvas

A mais recente tragédia climática do Brasil é um exemplo de como a rentabilidade da agropecuária pode ser impactada por esse tipo de evento. Depois que cerca de 90% das cidades gaúchas foram afetadas pelas recentes chuvas, os prejuízos foram enormes e de diferentes naturezas. Segundo o relatório da Defesa Civil, das 497 cidades do estado, 463 foram atingidas pelas tempestades, representando cerca de 92,5% do total de municípios gaúchos. Apenas 37 cidades escaparam sem registrar danos diretamente relacionados a esse fenômeno climático. Os prejuízos reportados são consideráveis e variam amplamente, afetando desde infraestruturas urbanas até a vida cotidiana dos habitantes dessas regiões.

Prejuízo bilionário na agricultura

As perdas financeiras decorrentes das chuvas no Rio Grande do Sul foram superiores a R$1 bilhão. Desse total, a agricultura sofreu prejuízos de R$1,1 bilhão, enquanto a pecuária registrou danos na ordem de R$61 milhões, de acordo com a Confederação Nacional de Municípios (CNM). Esses números são estimativas iniciais, já que nem todas as localidades conseguiram quantificar as perdas. 

No setor agrícola, a produção de arroz foi particularmente afetada. Antes do início das chuvas, o estado estava finalizando a colheita deste cereal, essencial para o Brasil, que responde por cerca de 70% da produção nacional. Estima-se que aproximadamente 114 mil toneladas de arroz foram perdidas, afetando uma área de 22,9 mil hectares que permaneceu submersa por dias. Apesar dos danos, o Instituto Riograndense do Arroz (Irga) indica que não há risco imediato de escassez do grão. A produção prevista foi ajustada para cerca de 7,149 milhões de toneladas, refletindo os impactos das inundações e outros efeitos relacionados ao fenômeno El Niño.

Estudo aponta que seguro agrícola ajuda agricultores a apresentar níveis mais altos de produtividade

Esses tipos de catástrofes trazem luz à reflexão sobre possibilidades de evitar ou diminuir os impactos decorrentes delas. Em situações deste tipo, seja ajudando na prevenção, na redução de danos por meio de indenizações e na retomada eficiente das atividades, o Seguro Rural e suas tecnologias podem ser ferramentas eficazes.

O estudo “Impacto do seguro agrícola na produtividade: uma avaliação regional no Brasil”, publicado no volume 30, nº 1 da Revista de política Agrícola,  apontou que os agricultores que contrataram seguros agrícolas tendem a apresentar níveis mais altos de produtividade em comparação com aqueles que não possuem essa proteção. Esta pesquisa destacou o seguro agrícola como “um instrumento de política eficiente em termos do aumento da produtividade, especialmente nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil”. Estas áreas, que juntas representam aproximadamente 90% da demanda por seguros agrícolas no país, demonstram que a adoção de seguros pode estar diretamente relacionada à otimização do rendimento e eficiência nas práticas agrícolas. A partir do estudo, é possível concluir que a adoção ao Seguro Agrícola pode ser decisiva no momento da retomada das atividades pelos produtores rurais que vivenciaram perdas decorrentes de catástrofes climáticas.

Tecnologias usadas no Seguro Rural podem ajudar a melhorar a retomar a produção no campo com mais eficácia

Outra coisa que pode ajudar produtores rurais a retomar a produção no campo com mais eficácia após catástrofes ambientais como as chuvas do Rio Grande do Sul é a tecnologia de ponta aplicada ao Seguro Rural. A utilização de modelos climáticos avançados podem facilitar a previsão de eventos climáticos extremos, como secas e tempestades. Essa capacidade preditiva permite que seguradoras desenvolvam produtos de seguro mais adaptados às necessidades dos agricultores, enquanto estes podem tomar medidas de precaução para proteger suas futuras culturas. 

Sistemas de informação geográfica

Os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) são tipos de software e hardware que realizam funções como a coleta, o armazenamento, a análise e o tratamento de dados georreferenciados. No seguro rural, eles são empregados para mapear áreas agrícolas e avaliar riscos associados a diferentes localidades. Por meio do GIS, é possível realizar uma análise detalhada da topografia e do uso do solo, fatores que influenciam diretamente na vulnerabilidade das plantações a eventos climáticos. Isso contribui para a determinação de prêmios de seguro mais equitativos e identificação de regiões que necessitam de estratégias de mitigação específicas.

Drones, sensores e IoT

Drones e veículos aéreos não tripulados têm um papel relevante na inspeção e avaliação de danos após eventos climáticos. Eles fornecem imagens detalhadas que auxiliam na rápida e precisa verificação das reivindicações de perda, o que agiliza o processo de sinistros e reduz os custos associados. Inclusive, em março deste ano, a startup aeroespacial Psyche Aerospace foi responsável pelo voo inaugural do maior drone agrícola do mundo, o que gerou grande expectativa sobre o futuro da agricultura e do Seguro Agrícola no Brasil.

Já a integração de sensores no campo e tecnologias da Internet das Coisas (IoT) possibilita a coleta de dados em tempo real sobre condições do solo e outros parâmetros importantes para a saúde das plantações. Essas informações são de grande valia para ajustar práticas de manejo agrícola e prevenir perdas, oferecendo aos agricultores e seguradoras alertas tempestivos sobre condições potencialmente prejudiciais. 

Análise de dados e Big Data

Outras tecnologias que favorecem a manutenção e eficácia do setor rural são as plataformas de análise de dados e Big Data. Elas permitem uma gestão mais eficiente de informações relacionadas ao clima, solos e práticas agrícolas. O uso de tecnologias fornece percepções profundas sobre tendências de longo prazo e potenciais ameaças futuras, facilitando a elaboração de estratégias de mitigação mais eficazes e ajudando na criação de apólices de seguro que respondam melhor às necessidades do setor rural.

Seguro Rural demonstra ser uma ferramenta eficaz para fortalecer a resiliência do setor agropecuário

Com tantos desafios impostos por eventos climáticos extremos e que são cada dia mais recorrentes, o seguro rural demonstra ser uma boa ferramenta para fortalecer a resiliência do setor agropecuário. Conforme o estudo mencionado sobre o impacto do seguro agrícola na produtividade, a adesão ao seguro agrícola está associada a um aumento na produtividade dos agricultores, sugerindo que a proteção financeira oferecida contribui para uma maior estabilidade e eficiência na gestão agrícola. Além disso, o emprego de tecnologias avançadas no âmbito do seguro rural, como modelos climáticos precisos e sistemas de informação geográfica, permite uma retomada mais ágil e informada da produção após incidentes adversos. Essas ferramentas tecnológicas, além de facilitarem a previsão e a mitigação de riscos, também asseguram uma distribuição mais justa das indenizações, apoiando os agricultores na recuperação rápida de suas atividades.

Esforços colaborativos podem proporcionar um ambiente mais seguro e produtivo para a agricultura

Além de tudo isso,  a cooperação entre os principais interessados — leia-se: governos, seguradoras, produtores rurais e sociedade — é fundamental para mitigar possíveis perdas. A implementação de políticas que incentivem a adoção de seguros e o investimento contínuo em tecnologias de ponta podem ser decisivos para que o setor agrícola consiga enfrentar os desafios ambientais. Juntos, esses esforços colaborativos podem proporcionar um ambiente mais seguro e produtivo para a agricultura, assegurando sua vitalidade econômica e sustentabilidade a longo prazo.

Postado em
3/6/2024
 na categoria
Inovação

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