E

m um cenário de aumento da produção agrícola simultaneamente com o crescente risco climático, é necessário buscar alternativas para a evolução das estratégias de mitigação de risco. Neste contexto complexo, o seguro rural vem ganhando cada vez mais importância como instrumento de política agrícola por todo o mundo, já que é capaz de garantir a renda do produtor em cenários de incerteza climática e auxiliar na segurança alimentar. 

Aumento da produtividade

O seguro rural pode ser uma ferramenta geradora do aumento da produtividade no campo, uma vez que o uso de tecnologias capazes de mitigar os riscos (como adoção de tecnologias de irrigação contra estiagem, por exemplo), podem ser usadas de forma a não apenas garantir a boa safra, mas aumentá-la, partindo do princípio de que os imprevistos naturais (enchentes, secas, etc.) serão minimizados ao máximo.

Crescimento do mercado do seguro rural

Segundo dados do PSR - Programa do Seguro Rural, divulgados pelo Ministério da Agricultura, o mercado do seguro rural cresceu nos últimos anos e, como consequência, houve um aumento do prêmio total arrecadado. Apesar disso, devido às mudanças climáticas radicais, houve aumento também no índice de sinistralidade que, em 2021, foi de 125%. 

Além do salto na sinistralidade ocorrido nos últimos 4 anos (em 2018 foi de 80%), em 2021 os valores de indenizações pagas pelas seguradoras ultrapassaram os valores arrecadados com os prêmios.

Como as novas tecnologias podem facilitar a contratação do seguro rural?

Na última edição do telejornal “Mercado & Companhia”, exibido pelo Canal Rural,  o diretor de desenvolvimento de negócios da Earth Daily Agro, Pedro Ronzani, respondeu a algumas perguntas e uma delas foi sobre como novas tecnologias podem facilitar a contratação do seguro rural. Ele disse que as seguradoras precisam cada vez mais de transparência para poder ofertar um seguro competitivo. Segundo ele: “O que a gente tem visto cada vez mais, quem atua no mercado de tecnologia principalmente, é que a gente precisa de uma transparência muito grande, da seguradora entender o risco para poder ofertar para o produtor lá na ponta”.

“Hoje as tecnologias vêm para ajudar, jamais para substituir a pessoa do campo”

Falando sobre qual é a maior dificuldade que o produtor pode encontrar para acionar o seguro, Ronzani disse: ““Uma das grandes dificuldades que a gente pode enxergar é, de fato, comprovar a indenização. Há situações onde o sinistro é fácil de ser comprovado e há situações onde a pessoa depende de um perito ir lá no campo para entender o que de fato aconteceu, quantificar e saber qual foi o nível de impacto. Hoje as tecnologias elas vêm para ajudar, jamais para substituir a pessoa do campo, acho que isso é super importante a gente deixar claro. Mas dentro desse desafio de, muitas vezes, você comprovar o sinistro, você tem tecnologias que ajudam bastante a entender o que que aconteceu no Brasil e no mundo inteiro”.

Tecnologias usadas

A tecnologia utilizada no seguro rural  está evoluindo rapidamente. Dentre elas, é possível destacar:

  • Software de gerenciamento agrícola;
  • Irrigação inteligente;
  • Drones e robôs;
  • Agricultura de precisão e análise preditiva de dados;
  • Sensores; 
  • Plataformas integradas de mercado 

Agricultura 4.0

O Brasil, sendo hoje o segundo maior produtor e o segundo maior exportador de alimentos, com uma produção que alimenta 10% da população mundial, tem adotado cada vez mais a agricultura 4.0, um conjunto de  tecnologias aplicado a todas as etapas produtivas. São técnicas e ferramentas como softwares, drones, robótica, biotecnologia, internet das coisas e outras que ajudam a incrementar a produção. Para isso, tem colaborado a difusão das agtechs (startups do setor), que oferecem soluções tecnológicas para problemas do agro.

Potencial de crescimento para o mercado segurador

A Radar Agtech Brasil 2020/21 – estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em parceria com a gestora de capital de risco SP Ventures e a Homo Ludens Research and Consulting –os investimentos globais em agtechs saltaram de US$ 6,4 bilhões, em 2014, para US$ 30,5 bilhões, em 2020. Apesar de o Brasil não estar entre os 15 países que mais investiram nessas empresas, há grande potencial de crescimento para o mercado segurador com a agricultura 4.0 representando grandes oportunidades.

Bom resultado é fruto de conhecimento tecnológico e atitude empresarial dos produtores rurais

Para Sibelle de Andrade Silva, diretora do Departamento de Apoio à Inovação para Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, os bons resultados do agronegócio se devem ao conhecimento tecnológico e à atitude empresarial dos produtores rurais, para além da disponibilidade de terras agricultáveis e do clima favorável. Ela afirma: “Esse conjunto de fatores promoveu, nos últimos 25 anos, um aumento de 250% na produção, enquanto a área cultivada cresceu 106%”. Ela destaca aspectos como o uso intensivo de tecnologia embarcada no processo produtivo, maquinário integrado com computação e internet, aplicação adequada de fertilizantes e defensivos, material genético adaptado às condições regionais e, “principalmente, a capacidade gerencial dos produtores”.

Dever do seguro e da agricultura torna-se mais viável

Ao combinar tecnologia com o propósito de mitigar riscos, o mercado de seguros rurais está colaborando para alavancar a produção no campo e, ainda, para a construção de uma agropecuária mais sustentável no mundo. Dessa maneira, torna-se mais viável o cumprimento dos deveres do seguro e da agricultura, como bem resumiu a frase de um autor desconhecido: “A agricultura é a arte de saber esperar. O seguro é a arte de tranquilizar a espera”.

Postado em
6/12/2022
 na categoria
Tecnologia

Mais sobre a categoria

Tecnologia

VER TUDO