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Brasil retoma produção nacional de insulina após 20 anos: Como as operadoras de saúde podem favorecer a população diabética?

A retomada da produção nacional de insulina após 20 anos retoma a discussão sobre o abastecimento e cria oportunidades para que operadoras de saúde revisem coberturas, ampliem o acesso ao tratamento do diabetes e aprimorem a gestão de riscos em benefício dos segurados.
Brasil retoma produção nacional de insulina após 20 anos: Como as operadoras de saúde podem favorecer a população diabética?

Produção nacional de insulina volta após 20 anos

Conforme uma publicação da Veja, após duas décadas sem fabricar insulina, o Brasil retomou a produção nacional do medicamento. O Ministério da Saúde recebeu o primeiro lote, mais de 200 mil unidades de insulina regular e NPH, resultado de um acordo de transferência de tecnologia com a farmacêutica indiana Wockhardt, que integra a Estratégia Nacional para o Desenvolvimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde. A iniciativa tem o objetivo de reduzir a dependência de importações e garantir maior estabilidade no fornecimento, problema que se alastrou durante a pandemia. O investimento total é de R$ 142 milhões e deve beneficiar cerca de 350 mil pessoas com diabetes. Entre 2025 e 2026, os contratos preveem a entrega de mais de 8 milhões de doses ao SUS. Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a retomada reforça a soberania nacional e oferece mais segurança aos pacientes, especialmente diante de crises como a vivenciada na covid-19, já que cerca de 10% da população necessita de tratamento para diabetes.

O peso do diabetes e a importância da insulina 

O diabetes é uma condição que atinge cerca de 20 milhões de brasileiros, segundo o Censo 2022 do IBGE e no levantamento do Vigitel e da Federação Internacional de Diabetes (IDF). A maior parte dos casos é de diabetes tipo 2, associado à resistência à insulina e a fatores como obesidade, alimentação inadequada e sedentarismo. Esse tipo pode ser controlado com mudanças no estilo de vida, medicamentos e, em alguns casos, insulina. Já o diabetes tipo 1, que afeta cerca de 600 mil pessoas, ocorre quando o sistema imunológico destrói as células produtoras de insulina, o que demanda o uso contínuo do hormônio. O Brasil está entre os países com maior número de pessoas com diabetes no mundo, 6º lugar no total e 3º em casos de tipo 1. Como a insulina é indissociável no tratamento do tipo 1 e de parte dos casos do tipo 2, sua produção nacional tende a reduzir custos logísticos, ampliar a segurança do fornecimento e trazer maior previsibilidade ao sistema de saúde.

Falta de abastecimento expõem riscos e exigem revisão estratégica

As faltas no abastecimento de insulina demonstram fragilidades produtivas e de planejamento que ampliam riscos para pacientes e pressionam operadoras de saúde a revisarem coberturas, precificação e estratégias de gestão. De acordo com o portal BioRed, desde março de 2024, médicos e o CRM-DF relatam escassez do medicamento em hospitais e farmácias, indicando dependência do mercado externo e falhas na coordenação pública. A inconsistência no acesso preocupa, principalmente porque muitos pacientes são insulinodependentes e outras alternativas terapêuticas podem ser mais caras ou insuficientes na rede pública. Por isso, a situação indica a necessidade de um planejamento mais eficaz, diversificação de fornecedores e políticas que assegurem a continuidade do tratamento. Para o setor de seguros, a imprevisibilidade no tratamento do diabetes aumenta riscos assistenciais e pode elevar a sinistralidade, exigindo medidas preventivas e monitoramento constante.

União Química e os impactos na cadeia

A expansão da União Química reforça a capacidade produtiva nacional e reduz a dependência externa em medicamentos essenciais. Após cumprir exigências legais e gerar mais de 700 empregos, a empresa consolidou sua instalação no Distrito Federal, onde investiu R$ 115 milhões em uma fábrica de 82 mil m². A partir do final deste ano, iniciará a construção da maior planta de insulina do Hemisfério Sul, com capacidade anual de 800 kg, volume suficiente para suprir o mercado brasileiro e ainda permitir exportações. Além da insulina, a empresa fabrica milhões de unidades de diversos medicamentos, ampliando a oferta de produtos estratégicos. Essa expansão fortalece a cadeia de abastecimento e tende a beneficiar seguradoras, especialmente em regiões com alta prevalência de diabetes e demanda por tratamentos contínuos. 

Gestão de riscos e foco no tratamento adequado aos diabéticos

O diabetes é uma condição que exige acompanhamento rigoroso e contínuo, consultas frequentes, exames, monitoramento e o uso de medicamentos, especialmente a insulina, cujo tratamento costuma ser custoso. Para muitos pacientes, manter esse cuidado regular é um desafio para o bolso, o que reforça o papel fundamental das operadoras de saúde e seguradoras. Neste cenário, é importante que as operadoras revisem seus critérios de cobertura, buscando um equilíbrio entre sustentabilidade do setor e proteção adequada ao segurado. Garantir acesso ao tratamento correto, não só melhora a qualidade de vida das pessoas com diabetes, como contribui para a redução de complicações futuras, podendo diminuir a ocorrência de sinistros de maior gravidade. 

Importância do Seguro Saúde e de Vida

O Seguro Saúde oferece suporte indispensável ao possibilitar consultas, exames e terapias sem comprometer o orçamento familiar. Já o seguro de vida, sobretudo quando inclui cobertura para doenças graves, funciona como um amparo financeiro em situações de incapacidade ou na necessidade de intensificar o tratamento. Para assegurar um atendimento de qualidade e manter previsibilidade assistencial, é válido acompanhar de perto a estabilidade da cadeia produtiva da insulina. Parcerias com fornecedores confiáveis, uso de dados clínicos e tecnologias integradas podem fortalecer o cuidado ao segurado, ao mesmo tempo em que ajudam operadoras e seguradoras a administrar riscos de forma eficiente e sustentável. Além disso, incentivos governamentais para fortalecer a indústria farmacêutica nacional também podem alterar preços, estimular a concorrência e influenciar o desenho das apólices. 

Cobertura completa no tratamento do diabetes tipo 1

A Comissão de Assuntos Econômicos aprovou um projeto que torna obrigatória, nos planos de saúde privados, a cobertura completa para pessoas com diabetes tipo 1. A proposta, que ainda será analisada pela Comissão de Assuntos Sociais, altera a lei dos planos de saúde e garante atendimento ambulatorial e hospitalar, além do fornecimento de medicamentos, sensores de monitorização contínua de glicose e bombas de insulina, desde que aprovados pela Anvisa. O texto também determina revisões periódicas dos tratamentos, com base em protocolos clínicos elaborados por sociedades médicas, e estabelece prazo máximo de 20 dias para que as operadoras entreguem os equipamentos solicitados. A medida visa contornar a realidade posta no Brasil, um dos países com mais diagnósticos de diabetes tipo 1 no mundo, e o tratamento precoce é essencial para evitar complicações. Para os senadores, incluir essas tecnologias nos planos privados pode reduzir a pressão sobre o sistema público e melhorar a qualidade de vida das crianças e adultos que convivem com a doença.

Garantia de cuidado, prevenção e eficiência para a saúde dos diabéticos

Com maior autonomia produtiva, menor risco de desabastecimento e perspectivas de ampliação do acesso, abre-se um caminho para modelos de coberturas e planos personalizados,com integração tecnológica e uma gestão de riscos mais inteligente. A combinação entre insulina nacional, diretrizes regulatórias e ampliação de direitos como a cobertura completa para o diabetes tipo 1 recria o cenário para que o setor de seguros fortaleça sua atuação e reduza desigualdades no tratamento. Neste novo ciclo, operadores que investirem em cuidado contínuo, monitoramento remoto, parcerias estratégicas e políticas centradas no paciente poderão garantir sustentabilidade, melhor experiência do segurado e prevenção de complicações. A produção de insulina no Brasil é um lembrete para que o mercado de saúde suplementar avance rumo a um futuro mais seguro, acessível e alinhado às necessidades da população diabética. Portanto, o mercado segurador deve acompanhar atentamente essas movimentações para ajustar modelos de precificação e prever demandas específicas relacionadas ao tratamento da doença.

Postado em
2/12/2025
 na categoria
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