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Agropecuária impulsiona economia em 2025 e abre novas oportunidades para o mercado de seguros rurais

Agropecuária impulsiona economia em 2025 e abre novas oportunidades para o mercado de seguros rurais

Crescimento da agropecuária e impacto no PIB

No segundo trimestre de 2025, a agropecuária brasileira registrou um crescimento de 10,1% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo o IBGE, impulsionando o avanço de 2,2% do PIB nacional. O desempenho está ligado principalmente às projeções de colheitas recordes de soja e milho, com alta estimada de 14,2% e 19,9%, respectivamente, em relação a 2024. Além do aumento das safras, o crescimento reflete a expansão da pecuária e da agroindústria, ampliando a participação do setor na economia. Para o mercado de seguros, esse cenário reforça a valorização das apólices rurais tradicionais e evidencia a necessidade de incorporar tecnologias e estratégias inovadoras que lidem com os riscos emergentes da cadeia produtiva.

Seguro rural como ferramenta para proteger o agro e os produtores

O crescimento da agropecuária reforça sua relevância na economia e faz com que aumente a demanda por produtos seguradores que protejam os ativos e garantam a continuidade das atividades. O Seguro Rural é um instrumento fundamental para proteger o agronegócio, setor altamente vulnerável às variações climáticas, como secas, geadas, chuvas intensas e granizo, que podem comprometer safras e atividades pecuárias. Além de garantir a continuidade da produção, ele cobre atividades agrícolas e pecuárias, patrimônio, produtos e crédito para comercialização, e pode incluir seguro de vida dos produtores. O objetivo é oferecer uma proteção completa, beneficiando produtores, famílias, investidores e parceiros de negócios, reduzindo riscos e promovendo segurança financeira em toda a cadeia do agronegócio. 

Seguro rural no Brasil cai 47% e indica necessidade de políticas públicas e incentivo

Apesar do crescimento econômico da agropecuária brasileira, o seguro rural no país registrou queda. Em três anos, a área segurada caiu de 13,7 milhões de hectares (2021) para 7,2 milhões (2024), apenas 7,6% da lavoura nacional – e a tendência é de nova retração em 2025. Um dos principais motivos foi o bloqueio de 42% da verba do Programa de Subvenção Rural (PSR) pelo governo federal, reduzindo a cobertura a níveis próximos aos de 2018. A instabilidade dos recursos, a falta de previsibilidade nas políticas públicas e a ausência de produtos adaptados a diferentes culturas e regiões reforçam o problema. O paradoxo é que, enquanto a cobertura diminui, as indenizações dispararam: só em 2024, os pagamentos chegaram a R$ 60,3 bilhões, alta de mais de 7.600% em relação a 2013. É importante destacar o papel das políticas públicas e incentivos governamentais, que contribuem para a expansão do seguro rural. Programas que subsidiam parte do prêmio e incentivos a práticas ambientalmente responsáveis ajudam a reduzir a inadimplência e elevar a adesão dos pequenos e médios produtores, historicamente menos inseridos no mercado segurador. 

Inovação e tecnologia no campo 

O mercado de seguro rural vem incorporando cada vez mais tecnologia, oferecendo coberturas adaptadas que abranjam desde o seguro agrícola, que protege contra eventos climáticos adversos, até o seguro pecuário e as soluções que cobrem riscos logísticos e comerciais. Segundo Fábio Damasceno, diretor de agronegócio da FF Seguros, as corretoras do setor têm se adaptado mais rápido do que a média do mercado, trazendo ferramentas digitais e estratégias inovadoras. Entre os recursos adotados, tem-se: agricultura de precisão, imagens de satélite, análise de solo e dados climáticos, além da telemetria de máquinas, permitindo um monitoramento mais preciso e a oferta de seguros com maior valor agregado e adaptados às necessidades de cada produtor. 

Dados e satélite para a análise de riscos

A modernização do setor agropecuário trouxe novas ferramentas também para o seguro rural. O uso de dados e imagens de satélite tem sido um recurso bastante utilizado para uma análise de riscos mais precisa e personalizada. Em entrevista ao Insurtalks, Arthur Mitke, da AXA, explicou que o processo de subscrição incorpora a tecnologia, baseada em dados oficiais e em validações automatizadas. Entre os indicadores utilizados estão registros de trabalho escravo, proximidade de comunidades quilombolas, além da identificação de sítios arqueológicos e terras indígenas. Esses filtros têm como objetivo evitar práticas ilegais e assegurar que as propriedades seguradas estejam alinhadas às normas ambientais e sociais. A inteligência artificial também desempenha papel central na interpretação de imagens de satélite, permitindo identificar riscos socioambientais com maior agilidade. Durante a vigência da apólice, mecanismos adicionais monitoram indícios de desmatamento e até situações de trabalho infantil ou análogo à escravidão. Além de tornar a subscrição mais criteriosa e fortalecer a gestão de risco, a tecnologia contribui para valorizar o produtor que adota boas práticas, reforçando a sustentabilidade e a competitividade do seu negócio.

Seguradora líder no agro comenta sobre papel do corretor

Com uma das estruturas mais completas do mundo, esse modelo garante estabilidade ao produtor, mas também traz desafios de subscrição e gestão de riscos. Nesse cenário, o corretor se consolida como peça-chave para conectar o agricultor às melhores soluções de proteção. No 17º episódio do Insurtalks Cast, o superintendente da Sancor Seguros destacou que o seguro agrícola brasileiro é um dos mais completos do mundo, oferecendo mais ferramentas de proteção para o produtor em comparação a outros países. Perguntado sobre o relacionamento com os corretores, o superintendente explicou que o seguro agrícola exige conhecimento técnico aprofundado e comunicação precisa com o produtor. Cada apólice pode representar a continuidade da atividade e até a preservação do patrimônio do produtor, evitando perdas como a venda de parte da terra. A necessidade de capacitação contínua e o uso de ferramentas digitais para análise de risco e apresentação de propostas fortalecem a relação comercial e ampliam a confiança no seguro rural. 

Campo e proteção: desafios e oportunidades para o futuro

O crescimento da agropecuária em 2025 reforça o protagonismo do setor na economia nacional, mas também evidencia a vulnerabilidade dos produtores frente aos riscos climáticos e de mercado. O seguro rural se revela como ferramenta de proteção e de continuidade das atividades. Ainda assim, a retração da área segurada e a instabilidade de políticas públicas de incentivo expõem a fragilidade governamental, o que pode limitar o acesso de pequenos e médios produtores a essa ferramenta tão importante. Por outro lado, a tecnologia vem ampliando horizontes com imagens de satélite, inteligência artificial, agricultura de precisão e telemetria para garantir análises mais criteriosas, personalização das apólices e estímulo a boas práticas socioambientais. Soma-se a isso o papel estratégico dos corretores, que aproximam o produtor das soluções mais adequadas e fortalecem a confiança no sistema. Assim, o futuro do seguro rural no Brasil depende do incentivo governamental, inovação tecnológica contínua e da capacitação dos agentes de mercado. Com esse equilíbrio, o seguro rural pode além de proteger o agronegócio contra perdas, também impulsionar sua competitividade, sustentabilidade e continuidade como um dos pilares da economia nacional.

Postado em
8/9/2025
 na categoria
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