Seguro para Todos: inclusão financeira e impacto social em pauta no Insurtalks Cast

No 24º episódio do Insurtalks Cast, a jornalista Thaís Rucco recebeu Marcos Kapp, CEO da Split Risk, para discutir os caminhos do movimento Seguro para Todos. A conversa abordou a baixa penetração do seguro no Brasil, a importância da conscientização financeira, o papel da educação e a construção de um ecossistema colaborativo que reúne seguradoras, empresas de tecnologia, oficinas, assistências e poder público. Mais do que um projeto de mercado, trata-se de uma iniciativa que conecta proteção, impacto social e inovação.
Thaís Rucco: Por que o seguro ainda é tão inacessível no Brasil? Como você enxerga a realidade da baixa penetração no país?
Marcos Kapp: O seguro tem uma baixíssima penetração. Eu acredito que é uma questão educacional da população. Acho que, na fase escolar, ainda não existe uma grade curricular voltada para o empreendedorismo, para algo que ensine como manter o bem que já conquistamos.
O executivo destacou que essa falta de conscientização faz com que os brasileiros não compreendam a real importância do seguro como mecanismo de proteção financeira. E acrescentou outro ponto: a forte concentração do setor em grandes seguradoras, com canais de distribuição restritos, o que dificulta o alcance à população.
A motivação para o movimento
Questionado pela jornalista sobre a criação do movimento, Marcos explicou que os números chamaram sua atenção logo que entrou no setor. Ele relatou que, entre mais de cem veículos em circulação no Brasil, apenas trinta possuem algum tipo de seguro, índice que cai para menos de 10% quando se trata de carros com mais de cinco anos de uso.
Ainda sobre esse tema, lembrou das agendas realizadas com a Susep e da articulação com o poder público em Uberlândia, cidade de origem da Split. “Queremos transformar Uberlândia em uma cidade mais segura, mas também mostrar que esse não é um movimento exclusivo de uma seguradora, e sim de todo o ecossistema.”
Proteção vai além
Thaís Rucco: A frase “Proteção vai além” aparece com destaque na comunicação de vocês. O que ela representa para o movimento e para a Split Risk?
Marcos Kapp: A proteção vai muito além porque entendemos que é necessário educar o consumidor. Dou um exemplo pessoal: antes de trabalhar no setor, eu contratava seguros para a minha família com um amigo corretor. Só depois percebi que não fazia sentido contratar mil quilômetros de guincho para o meu pai, que só vai ao supermercado. Precisamos orientar para que o cliente pague por aquilo que realmente precisa.
Construção do ecossistema
Questionado sobre os integrantes do movimento, Marcos listou empresas de tecnologia, regulação de sinistros, assistência 24h e inteligência artificial, além de oficinas e fornecedores locais. Falando ainda sobre esse ponto, destacou que o seguro formalizado também beneficia os municípios, ao estimular a arrecadação fiscal. “Imagine duas pessoas sem seguro envolvidas em uma colisão. Elas levam o carro para oficinas sem nota fiscal, e o município perde em arrecadação. Quando há seguro, a prestação de contas é formal e a economia local também ganha.”
Sinergia e papel da Split
A respeito da colaboração entre empresas, Kapp detalhou que a Split mantém reuniões mensais com distribuidores para analisar sinistralidade e ajustar produtos.
Ainda sobre essa cooperação, ressaltou que a análise comparativa de regiões e dados gera um movimento de inteligência de mercado, permitindo decisões mais assertivas e ampliando a rentabilidade dos parceiros.
Diferenciais da Split
Thaís Rucco: A Split Risk tem se destacado como uma seguradora que desafia o modelo tradicional. Quais os principais diferenciais em relação às seguradoras convencionais?
Marcos Kapp: Acreditamos muito no modelo de distribuição regionalizada. Trazemos o distribuidor que conhece de perto seu cliente final, diferente do modelo das seguradoras tradicionais, que disputam clientes entre si. Outro diferencial é que não limitamos o ano de fabricação do veículo. Enquanto as grandes companhias preferem os riscos mais previsíveis, nós analisamos o veículo em si e não apenas o histórico do segurado.
Mudança de percepção
Questionado se o movimento já ajuda a mudar a visão de que o seguro é caro e elitizado, Kapp afirmou que cerca de 80% da base de clientes nunca havia tido apólice antes. Ainda sobre esse tema, relatou campanhas presenciais que emocionaram pela reação de pessoas simples ao garantirem um carro conquistado com esforço de uma vida inteira. “O seguro deixa de ser apenas um produto financeiro e passa a ser um instrumento de inclusão.”
Educação como base
Sobre iniciativas educativas, Marcos destacou a parceria com a Susep e o MEC no programa Meu Futuro Seguro, que prevê aulas de empreendedorismo para estudantes do ensino médio.
Falando ainda sobre educação, citou projetos locais em Uberlândia. Defendeu começar em escala reduzida, medir resultados e depois expandir para outras cidades, reforçando: “Antes de mudar o mundo, arrume a cama do seu quarto.”
Como participar
Thaís Rucco: Para quem quer participar, quais são os caminhos para empresários e distribuidores entrarem no movimento?
Marcos Kapp: Criamos o portal seguroparatodos.com.br e a página no Instagram @portalseguroparatodos. Lá estão todas as informações de como se tornar parceiro ou embaixador do movimento.
Questionado sobre o alcance da iniciativa, ele afirmou que se cada distribuidor transformar sua região já haverá grande impacto.
Ainda sobre esse horizonte, ressaltou que o case de Uberlândia chamou a atenção da Susep e que o movimento deve ser replicado em outras localidades. “Não somos donos do movimento: queremos que outros players também assumam esse papel de protagonismo.”
Marcos lembrou que o movimento foi lançado no Summit de Uberlândia no ano passado e, desde então, ganhou mais adesão e confiança dos parceiros. Ele destacou também a expansão da presença em eventos nacionais e internacionais, como a Insurtech Brasil e o ITC em Las Vegas.
“Temos muito espaço para crescer”
Thaís Rucco: Que mensagem você deixa aos empresários, corretores e profissionais do setor que querem fazer parte dessa transformação?
Marcos Kapp: O setor de seguros representa cerca de 6% do PIB no Brasil, enquanto em outros países esse índice ultrapassa 12%. Temos muito espaço para crescer. É hora de nos unirmos para mudar essa realidade. Nossa meta é chegar a 10% do PIB até 2030. Pode parecer difícil, mas, se cada um fizer sua parte, vamos conseguir.