Recém-formados sob pressão: IA transforma o mercado de seguros

utomação pressiona entrada de recém-formados no mercado de trabalho
Possuir um diploma de bacharelado nos tempos atuais deixou de ser algo mandatório para muitos tipos de cargo. Embora a formação superior promova a entrada de muitos graduados em suas respectivas áreas de atuação, a ascensão acelerada da inteligência artificial tem provocado mudanças no mercado de trabalho e os profissionais em início de carreira podem estar entre os mais afetados. Os recém-formados enfrentam hoje um cenário incerto, marcado pela substituição de funções operacionais facilitadas por sistemas automatizados.
Funções tradicionais podem ser impactadas pela IA
Segundo um estudo divulgado pelo The New York Times, profissionais com cargos bem remunerados e atuação em setores tradicionais, como finanças, e tecnologia estão mais suscetíveis ao impacto da inteligência artificial. A análise, baseada em dados do Burning Glass Institute em parceria com a associação de recursos humanos SHRM, aponta que, embora a IA não deva extinguir empregos, ela tende a reformular a maneira como eles são organizados. Especialistas consultados pela reportagem destacam que a transformação ocorrerá sobretudo nos critérios de contratação. Ou seja, é preciso que haja uma mudança nas habilidades, experiências e certificações valorizadas pelos recrutadores. No setor de seguros, essa tendência já se reflete em áreas como atendimento ao cliente, análise de dados e processamento de sinistros, onde a automação tem reduzido a necessidade de cargos operacionais básicos
Efeitos da IA no emprego do setor segurador pressionam mudanças
De acordo com um relatório da Deloitte sobre tendências para 2025, 76% das seguradoras no mundo já adotaram a IA em seus negócios, ainda que em estágios iniciais. No âmbito das oportunidades, a IA estimula o surgimento de produtos e serviços personalizados, baseados em big data e análises preditivas – criando espaço para corretores se agirem como consultores digitais, oferecendo soluções customizadas com maior valor agregado ao cliente final. Para isso, essas companhias precisam revisar as funções de seus colaboradores e investir em educação para incorporar o uso intensivo de tecnologia, bem como para criar ambientes que fomentem a inovação contínua. Além do desafio de realocação profissional, a adoção da IA levanta questionamentos éticos e regulatórios, especialmente sobre a autonomia algorítmica e transparência nas decisões automatizadas, por isso, é necessário que as seguradoras garantam que as inovações tecnológicas respeitem as normas vigentes.
Setor de seguros exige novo perfil profissional
Essa dinâmica exige das seguradoras, corretores e demais players um olhar profissional mais atento às competências necessárias para se manterem ativos diante da transformação digital. Corretores e seguradoras precisam investir em programas de capacitação que preparem os profissionais para lidar com ferramentas de inteligência artificial, como modelos preditivos para subscrição e análise de riscos, chatbots avançados para atendimento personalizado e plataformas integradas de gestão de apólices. Nas empresas, isso requer melhores critérios de recrutamento na busca por perfis profissionais, priorizando habilidades analíticas, digitais e estratégicas – uma vez que essas características impactam diretamente na eficiência operacional e na experiência do cliente.
Reposicionamento e qualificação
Conforme refletido anteriormente, para os recém-formados, o cenário sugere a necessidade de um reposicionamento. A carreira tradicional, que frequentemente começava por funções administrativas ou atendimento simples, está ficando para trás. Agora, o foco se desloca para a qualificação profissional em ciência de dados e até mesmo em soft skills, como adaptabilidade e pensamento crítico. As insurtechs são cases exemplares neste movimento, trazendo modelos altamente tecnológicos e disruptivos, valorizando profissionais com habilidades híbridas. Esses novos players exigem perfis multidisciplinares que não apenas compreendam o produto de seguros, mas saibam aplicar a IA para personalização de ofertas, precificação dinâmica e gestão proativa de riscos.
IA pressiona cadeia produtiva a se reinventar
A integração da inteligência artificial no mercado de seguros, portanto, é um fator elementar que pressiona a cadeia produtiva a se reinventar. Desde a formação de talentos até a estruturação de processos, o setor deve encarar essa evolução não necessariamente como um risco, mas principalmente como uma chance para firmar resiliência e alavancar o setor ainda mais. O desafio maior é construir uma cultura que valorize a jornada de aprendizado contínuo e o desenvolvimento de habilidades digitais junto aos profissionais. Assim, será possível ressignificar carreiras, ampliar competências e garantir um ecossistema competitivo e sustentável. A transformação liderada pela IA não é uma ameaça definitiva, mas um convite à evolução.