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Proposta de 30 km/h nas cidades pode mudar o cálculo do seguro auto

Proposta de 30 km/h nas cidades pode mudar o cálculo do seguro auto

O governo federal abriu uma consulta pública para atualizar o Guia de Gestão de Velocidades no Contexto Urbano, documento que orienta estados e municípios na definição de limites em vias públicas. A proposta, conduzida pelo Ministério dos Transportes e pela Senatran, discute hipóteses como a padronização de 30 km/h em áreas urbanas, em consonância com diretrizes da Organização Mundial da Saúde e do Banco Mundial. Embora à primeira vista seja um tema restrito à engenharia de tráfego, a medida carrega implicações diretas para o mercado de seguros, sobretudo no ramo automotivo.

Evidências de impacto em capitais brasileiras

De acordo com a matéria publicada na Uol, experiências recentes em cidades brasileiras oferecem dados concretos sobre os efeitos da redução da velocidade máxima. Em Fortaleza, a diminuição de 60 para 50 km/h em algumas avenidas resultou em queda de 30% no total de sinistros e redução de até 63% nos atropelamentos, além de ganhos ambientais pela menor emissão de gás carbônico. Em Curitiba, levantamentos com base em GPS mostraram que trafegar acima do limite gera uma economia irrisória de tempo (em média, três segundos por quilômetro), enquanto amplia a probabilidade de colisões.

Mudança pode afetar diretamente os custos e a frequência de indenizações no seguro auto

A Associação Brasileira de Medicina de Tráfego estima que um terço das mortes no trânsito tem o excesso de velocidade como causa. Isso representa cerca de 12 mil mortes por ano, segundo dados do Ministério da Saúde.  Esses números ajudam a sustentar a ideia de que a mudança na gestão de velocidades pode afetar diretamente os custos e a frequência de indenizações no seguro auto.

Propostas tecnológicas em análise

Outro ponto em debate é a adoção de limites dinâmicos, ajustáveis em tempo real por placas eletrônicas conforme condições de tráfego e imprevistos. Se implementada, essa tecnologia pode alterar a forma como motoristas interagem com a via e como seguradoras interpretam a exposição ao risco. A proposta de criação de um mapa nacional de acidentes também merece atenção: a sistematização desses dados traria uma base estatística mais robusta, potencialmente útil para cálculos atuariais e para o desenvolvimento de produtos que levem em conta características regionais.

Reflexos no seguro auto

O impacto para o setor de seguros seria perceptível em diferentes frentes. A redução da gravidade dos acidentes tende a diminuir custos de indenizações, enquanto a queda na frequência pode levar a ajustes em tarifas e na precificação de perfis. Há reflexos possíveis ainda no seguro de responsabilidade civil facultativa, já que menos atropelamentos significa menor acionamento desse tipo de cobertura. 

O peso para o consumidor e para o mercado

Do ponto de vista do consumidor, a discussão pode parecer distante, mas a conta chega de forma indireta. Se as medidas forem capazes de reduzir de maneira consistente os índices de sinistros, o mercado terá condições de refletir essa nova realidade em seus modelos de risco, o que pode, no médio prazo, impactar o preço final do seguro auto. 

Velocidade, risco e a matemática das apólices

O processo ainda está em fase de consulta e não há definição sobre quais medidas serão efetivamente incorporadas ao guia. Mas o simples fato de o governo federal abrir esse debate já coloca em pauta a questão da segurança viária e de como ela compõe um fator estrutural na avaliação de riscos e, por consequência, no funcionamento do mercado de seguros. A partir dos resultados apresentados em cidades que adotaram limites menores, fica perceptível que mudanças na velocidade máxima podem alterar a equação que sustenta o seguro auto no Brasil.

Postado em
2/9/2025
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