Prática ilegal: recarga de carro elétrico em poste gera riscos e preocupa seguradoras

arregamento em poste é perigoso e ilegal
O aumento da frota de veículos elétricos no Brasil vem acompanhado de novos desafios para consumidores e para o setor de seguros. Um dos comportamentos mais preocupantes é o carregamento irregular dos automóveis diretamente em postes de iluminação pública. Muito além de uma prática ilegal, essa ação pode trazer riscos técnicos, financeiros e legais. Embora alguns motoristas vejam essa solução improvisada como uma forma “gratuita” de recarga, ela é extremamente perigosa. Pode provocar curtos-circuitos, incêndios e danos irreversíveis ao sistema elétrico do veículo, colocando em risco a integridade física das pessoas ao redor. Além disso, o uso não autorizado da rede pública de energia configura infração grave e pode gerar sanções jurídicas ao condutor
Aumento na adesão de carros elétricos e impacto nas apólices de seguro automotivo
Do ponto de vista do seguro, a prática destacada acima pode invalidar a cobertura contratada, já que o uso de fontes não homologadas fere os critérios técnicos exigidos pelas apólices. Assim, considerando a popularização desses carros, é preciso que haja uma estrutura adequada e segura para o carregamento. O uso de pontos de recarga não certificados, especialmente quando ligado diretamente em postes, foge dos padrões técnicos exigidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e dos fabricantes, gerando novos riscos. Para as seguradoras, a prática representa um desafio duplo: o aumento da exposição a sinistros e a viabilidade da cobertura. Muitas apólices automotivas possuem cláusulas que excluem danos causados por uso indevido ou instalações elétricas improvisadas. Dessa forma, consumidores que optam por essa forma ilegal de carregamento podem ter seus pedidos de indenização negados, o que favorece uma maior litigiosidade e insatisfação no setor.
Padronização e caminhos para a prevenção
A expansão da mobilidade elétrica no Brasil depende diretamente da padronização e certificação dos equipamentos e sistemas de recarga. Essa foi uma das principais mensagens do painel “Padronização, certificações e melhores práticas de instalação e segurança” – realizado no evento Latam Mobility & Net Zero 2025, em São Paulo, com especialistas da mobilidade elétrica no país e na América Latina. Com isso, é importante reforçar a necessidade da regulamentação e da conscientização, com campanhas educativas para evitar riscos ligados a instalações clandestinas. Corretores de seguros podem orientar os clientes sobre a importância do uso de carregadores homologados e das normas técnicas vigentes. A inclusão de cláusulas específicas nas apólices que evidenciem a necessidade de conformidade com essas normas também pode reduzir riscos e tornar o processo de indenização mais transparente e justo para ambas as partes.
Parcerias e regulamentação como estratégia de mitigação de riscos
A construção de uma rede de carregamento segura e eficiente pode contar com a colaboração e ações em conjunto entre seguradoras, concessionárias e órgãos reguladores. Estabelecer parcerias que trabalhem em conjunto para fornecer infraestrutura adequada de recarga pode ajudar a minimizar riscos e fomentar o desenvolvimento de diretrizes específicas de seguros voltados à mobilidade elétrica. O consumidor, por sua vez, deve ser alertado sobre os perigos do carregamento irregular, desde os danos irreversíveis ao sistema elétrico do veículo até os riscos à integridade física, passando pela possibilidade de anulação da garantia do fabricante e da apólice de seguro. Em termos estratégicos, o mercado de seguros precisa acompanhar a rápida evolução da mobilidade elétrica, adaptando seus produtos e processos para a emergência de novos riscos e comportamentos de consumo.
Mobilidade elétrica segura exige responsabilidade compartilhada
O crescimento da mobilidade elétrica no Brasil exige mais do que avanços tecnológicos — demanda também responsabilidade, informação e colaboração entre todos os agentes envolvidos. O carregamento irregular de veículos elétricos em postes de energia, além de ilegal, compromete a segurança dos motoristas, a integridade dos veículos e a validade das apólices de seguro. Para que esse cenário evolua de forma sustentável, é fundamental investir em infraestrutura padronizada, regulamentação eficaz e ações educativas que conscientizem a população sobre os riscos dessa prática. As seguradoras, por sua vez, têm a oportunidade de liderar esse processo ao criar produtos alinhados às novas demandas, incorporar cláusulas que incentivem o uso seguro de tecnologias e investir em ferramentas digitais para monitoramento e prevenção de sinistros, consolidando o papel do seguro como elemento de proteção investindo na construção de uma rede de mobilidade elétrica segura.