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emes brasileiros têm alcance internacional 

A disseminação de memes brasileiros pode ser atribuída à sua capacidade de ressonar com experiências e emoções universais. Um exemplo disso é o caso da participação da cantora Gretchen no videoclipe da música "Swish Swish" da artista pop Katy Perry. A inclusão de Gretchen no clipe se deu a partir do sucesso de uma série de memes da brasileira, que gerou uma onda de comentários nas redes sociais, não apenas no Brasil, mas a nível internacional, causando um interesse renovado na figura de Gretchen dentro e fora do Brasil. Com a fama dos memes, o reconhecimento da cantora brasileira chegou no olhar da norte-americana Katy Perry, que a convidou para fazer parte de seu clipe e a levou para o palco do seu show em São Paulo, quando trouxe sua turnê para o Brasil em 2018.

“O Brasil é o país do meme”

Por todo esse alcance e repercussão, é inegável o poder e a habilidade que os internautas brasileiros têm de se expressarem de maneira criativa e perspicaz. Em uma reportagem da TV Cultura sobre comédia, a jornalista Rosana Hermann comentou: "O Brasil é o país do meme. A gente consegue fazer meme com tudo, com qualquer coisa, e sempre (...) A gente se reconhece universalmente nessa vontade de rir das coisas por mais pesadas que elas sejam".

É preciso atenção ao conteúdo que é disseminado

Os memes, muitas vezes baseados em imagens e vídeos fora de contexto ou manipulados, podem contribuir para a aceitação e propagação de conteúdo falso ou enganoso. Um aspecto particularmente preocupante é o surgimento das deepfakes, uma aplicação avançada da IA que permite a criação de mídias falsas extremamente convincentes. Com isso, há o risco de que essas tecnologias sejam usadas para criar memes ainda mais convincentes e enganosos, aumentando a disseminação de desinformação e minando a confiança na veracidade das informações. A cultura de memes no Brasil, assim como em outros lugares do mundo, é uma parte intrínseca da vida digital contemporânea. Os memes são usados para expressar ideias, opiniões e humor de maneira rápida e viral, alcançando um público amplo e diversificado. No entanto, essa cultura também possui limites que precisam ser considerados, especialmente quando se trata da disseminação de desinformação e conteúdo prejudicial.

Riscos causados pelas deepfakes no cenário político

Com a crescente integração da Inteligência Artificial nas eleições, surge um novo conjunto de desafios e preocupações. A capacidade da IA de processar grandes volumes de dados e gerar insights complexos tem sido aproveitada por campanhas políticas para segmentar eleitores, personalizar mensagens e influenciar o comportamento do eleitorado. Para produzir uma deepfake, o desenvolvedor emprega um software de código aberto. Ele recebe vídeos da pessoa que será alvo do conteúdo enganoso. A inteligência artificial analisa os dados e gera vídeos e áudios que imitam os movimentos e o som da voz de forma sincronizada. Essas representações audiovisuais manipuladas podem ser utilizadas para difamar candidatos, disseminar desinformação e influenciar a opinião pública de maneira prejudicial.

Impacto das deepfakes no processo eleitoral estadunidense

A capacidade de criar vídeos e áudios falsificados com facilidade e precisão usando inteligência artificial levanta preocupações sobre o uso dessas tecnologias para manipular eleitores e influenciar resultados políticos. O portal Olhar Digital exemplificou incidentes no cenário norte-americano, em que opositores do presidente Joe Biden utilizaram deepfakes para criar chamadas que pareciam ser autênticas, visando convencer as pessoas a não votarem nas primárias. Além disso, o uso de deepfakes para disseminar imagens enganosas de candidatos políticos, como o ex-presidente Donald Trump ao lado de pessoas negras, demonstra como essa tecnologia pode ser empregada para diminuir a rejeição de um candidato com determinados segmentos do eleitorado. 

Nas redes sociais, onde a circulação de memes políticos ocorrem de maneira desenfreada, o portal revelou que as empresas digitais Meta, Microsoft, Google, OpenAI, TikTok e X (antigo Twitter), se juntaram com intuito de combater o conteúdo enganoso produzido pela IA na intenção de ludibriar eleitores. Por fim, o Olhar Digital, reflete: “A eleição presidencial dos EUA, marcada para novembro, será um termômetro interessante para medirmos o quanto as autoridades conseguem enfrentar – e controlar – essas novas tecnologias”.

Medida recente do TSE pretende barrar uso indevido da IA nas eleições

Em meio todas essas preocupações crescentes sobre o impacto da IA no processo democrático, especialmente no que diz respeito à disseminação de desinformação, manipulação de eleitores e influência indevida nas decisões eleitorais, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) implementou uma medida destinada a combater o uso indevido da Inteligência Artificial nas eleições recentemente. A medida adotada visa estabelecer diretrizes claras para o uso ético e transparente da IA durante as eleições. Em contrapartida, especialistas alegaram ao InfoMoney que, embora o TSE tenha acertado ao estabelecer regulamentações para o uso IA, essa medida não garante proteção de fato. Segundo eles, apesar da tentativa do TSE, preencher uma lacuna legal anteriormente existente, é improvável que as eleições deste ano estejam totalmente protegidas contra notícias falsas ou o uso de deepfakes como uma ferramenta política. Sendo assim, consideram previsto que muitas pessoas usem chatbots e criem deepfakes, pela facilidade de uso da tecnologia e o difícil controle de rastreamento.

Brasil registra crescimento de 830% no uso de deepfakes 

No Brasil, os casos de deepfakes crescem 830% no intervalo de um ano, segundo Relatório de Fraude de Identidade 2023 lançado pela Sumsub. O estudo apontou que aproximadamente metade dos incidentes de deepfake registrados na América Latina se deram no Brasil, e indicou que o país obteve quase o mesmo número de casos que as outras nações lationamericanas juntas. Conforme o chefe de IA e ML da Sumsub, Pavel Kalaydin, a segurança da IA se tornará parte integrante das atividades nas empresas, uma vez que a regulamentação de inteligência artificial está entre os principais focos para 2024 no âmbito corporativo. Esses incidentes ressaltam a importância do Seguro, reforçando a necessidade de esforços coletivos de grandes empresas para enfrentar essa crescente ameaça. 

Mercado de Seguros precisa adotar tecnologias avançadas para suprir lacuna de proteção

Sabendo que as deepfakes representam um grande risco à veracidade das informações e à confiança pública, as seguradoras podem ajudar a minimizar esse cenário. Algumas apólices de seguro abordam apenas perdas provenientes de invasões de rede ou ataques cibernéticos, o que resulta em uma lacuna na proteção contra golpes de deepfake. Isso evidencia a necessidade de uma revisão das políticas de seguro para abordar de maneira mais incisiva a prevenção e a reparação de danos causados por deepfakes. Para combater essa ameaça em crescimento, muitos players estão adotando tecnologias avançadas, como plataformas que  utilizam blockchain para criar um ambiente confiável onde imagens, vídeos e documentos podem ser avaliados e compartilhados entre as seguradoras. Além disso, a análise de dados de voz ajuda a identificar potenciais riscos de fraude com base na forma como as pessoas falam e no contexto do áudio.

A necessidade de fornecer soluções para reduzir o impacto das deepfakes é urgente

O uso indiscriminado e potencialmente manipulador da IA levanta questões sobre transparência, assim como a natureza viral dos memes contribui para sua disseminação rápida e ampla, permitindo que eles ultrapassem fronteiras geográficas e culturais. Desde expressões culturais únicas até referências políticas e sociais, os memes brasileiros abordam uma ampla gama de temas, muitas vezes refletindo a diversidade e a complexidade da sociedade brasileira. Contudo, esse espalhamento de conteúdo online, muitas vezes, se traduzem em ações maldosas, onde informações distorcidas ou falsas podem influenciar a opinião pública e o processo democrático, impactando o cenário eleitoral no Brasil e no mundo. Uma vez  que as deepfakes podem influenciar a percepção pública, as seguradoras podem desempenhar um papel importante na proteção contra os riscos associados, como danos à reputação e responsabilidade legal. Ao investirem em soluções de detecção de deepfakes, os seguros podem aumentar a segurança cibernética e de prevenção de fraudes, ajudando a reduzir a vulnerabilidade às deepfakes. Visando oferecer apólices específicas para lidar com os impactos do uso irresponsável da IA, as seguradoras contribuem para a mitigação de atos maliciosos envolvendo a integridade de entidades e indivíduos.

Postado em
14/3/2024
 na categoria
Tecnologia

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