Mudança de tendência do público consumidor aponta necessidade de transformação no seguro P&C

o longo do século XX, os deslocamentos seguiram a trilha aberta na Revolução Industrial: esvaziamento do campo e inchaço das cidades, culminando no aparecimento das megalópoles, capazes de aglomerar milhões de pessoas em uma área relativamente pequena.
No entanto, nas últimas duas décadas, muitos moradores urbanos cansados da vida corrida, dos preços caros das grandes cidades e da violência, começaram a fazer o movimento inverso: migrar para cidades interioranas.
Fluxo de migração foi acelerado pela pandemia
Durante a pandemia da Covid-19, as restrições em relação à convivência, redução de jornadas de trabalho, desemprego crescente, escolas fechadas e todas as demais restrições decorrentes da necessidade de isolamento social fizeram com que as pessoas repensassem suas experiências Com isso, muitos passaram a buscar alternativas diante dos impactos sociais e econômicos. Tudo isso, acelerou o fluxo de migração da capital para o interior.
Novos padrões de vida
Essa migração também revela a busca por novos padrões de relacionamento e qualidade de vida, como a possibilidade de inserir na rotina mais tempo à convivência diária com a família, lazer, prática de esportes e menos tempo em deslocamento para o trabalho ou demais situações.
O impacto dos novos padrões nas seguradoras P&C
Quando a vida muda para a maioria da população, o impacto se espalha pela maioria dos setores. Nos últimos dois anos, o seguro passou a sentir o impacto da mudança do cliente no processo de tomada de decisão. Isso demonstra que a COVID-19 foi um poderoso catalisador de mudanças em duas áreas que afetam profundamente as seguradoras de P&C: habitação e transporte.
Preços de habitação e transporte subiram muito
Segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), indicador que mede a inflação oficial do país, os preços dos seguros de automóveis subiram 32,45%, em média, nos últimos 12 meses.
Os aluguéis também estão em uma escalada ascendente de preços: de acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado), considerado como a “inflação do aluguel", registrou uma alta de 1,74%. O índice já acumula uma alta de 14,77% nos últimos 12 meses. Na prática, isso significa que o aluguel deve pesar ainda mais no bolso de grande parte dos brasileiros.
As pessoas estão se deslocando menos
Com todas essas mudanças, naturalmente o perfil consumidor dos segurados foi modificado. A necessidade de proteção acompanha a maneira como as pessoas vivem suas vidas diárias e, hoje, os consumidores estão habituados com mais bens e serviços entregues em suas casas, incluindo mantimentos, comida para viagem, remédios e uma infinidade de outros bens e serviços. O resultado é que as pessoas estão se deslocando menos e, em consequência disso, muitas preferem utilizar aplicativos de transporte. Além dos agravantes relacionados ao aumento exacerbado do seguro auto, do combustível e dos automóveis.
Tendências do consumidor que afetam os seguros
No cenário apresentado acima, é importante que as seguradoras de P&C levantem questionamentos do tipo: como a tecnologia de seguros pode ajudar a atender à demanda por novos produtos e serviços e melhor subscrição para impulsionar o crescimento e a lucratividade?
Para levantar algumas possibilidades de resposta para a pergunta acima, o relatório da Majesco Consumer Research de 2022, Your Insurance Customers: A Crystal Ball of Big Changes in a Small Window of Time (Em livre tradução: Seus clientes de seguros: uma bola de cristal de grandes mudanças em uma pequena janela de tempo) lança luz sobre os detalhes das tendências do consumidor que estão afetando os seguros. Vejam algumas delas abaixo:
Monitoramento domiciliar de idosos e crianças
Aproximadamente 62% da Geração X e Boomers e 81% da Geração Z e Millennials estão interessados no monitoramento domiciliar de idosos e crianças. Algumas seguradoras inovadoras começaram a experimentar isso para se preparar para o grande número de idosos esperados nos próximos 10 a 20 anos.
Serviços de valor agregado para capturar e reter clientes
As seguradoras que oferecem serviços de valor agregado além do produto de risco básico terão mais sucesso em capturar e reter ambos os segmentos geracionais. Serviços de valor agregado que ajudam a gerenciar a prevenção e a recuperação são as principais áreas de interesse.
Uso de sensores e alertas
Ambas as gerações provavelmente usarão sensores e alertas para prevenir ou mitigar perdas por incêndios, monóxido de carbono, vazamentos de água ou clima severo.
Busca por serviços que ajudam a vida diária
Os serviços de concierge geram forte interesse em ambas as gerações. No entanto, o interesse da Geração Z e dos Millennials reflete uma mudança geracional, onde eles buscam serviços para ajudá-los em suas vidas diárias – como entrega de comida e supermercado, entrega na Amazon e tosa móvel de cães.
Serviços de valor agregado geram infinitas possibilidades
Quando se pensa em serviços de valor agregado, são infinitas as possibilidades. Eles são frutos fáceis que proporcionam um envolvimento personalizado e regular do cliente que amplia o valor do produto de risco de seguro. No mundo de hoje, os clientes consideram a combinação do produto de risco, experiência do cliente e serviços de valor agregado como o produto.
Opções fáceis para acionar o sinistro
Há forte concordância entre os segmentos geracionais quanto às opções de sinistros. A facilidade e conveniência de enviar uma reclamação com uma foto do dano por meio de um aplicativo de smartphone para usar dados meteorológicos e de localização para enviar uma reclamação automaticamente é excepcionalmente alta, de 77% a 89%.
Possibilidade de ligar e desligar o seguro
Levando a conveniência um passo adiante, os clientes gostariam que as seguradoras solicitassem propostas de reparo de empreiteiros aprovados em seu nome, de 86% a 88%. Para quem deseja um seguro de compartilhamento de casa sob demanda, a importância da facilidade de ligar e desligar o seguro também é muito alta, de 81% a 90% .
Facilitar a vida dos clientes com soluções digitais
Esses resultados destacam uma demanda fundamental de experiência do cliente – facilitar a vida dos clientes com soluções digitais que aprimoram o relacionamento, principalmente durante o processo de sinistros – o momento da verdade do seguro.
Para o seguro de automóveis: serviços que forneçam informações em tempo real
A geração Z e a geração do milênio estão muito interessadas em serviços que forneçam informações em tempo real sobre segurança e desempenho na direção, mantendo seu veículo seguro e mantido, mantendo renovações de licenças e registros e conhecendo o valor de mercado de seu veículo . Para ambos os grupos geracionais, esses serviços de valor agregado oferecem um novo valor além do produto de risco automotivo para aumentar a satisfação, reduzir o risco e reter clientes. Eles ajudam os clientes a gerenciar suas vidas e os ativos ao seu redor de forma mais eficaz.
O futuro de todos os negócios
O relatório da Majesco aponta para um futuro no qual ,na maioria das vezes, a tecnologia digital e a automação irão comandar todos os negócios, incluindo seguros. Tecnologias “Pague conforme você vive”, “Proteja conforme você usa”, “Compre onde, quando e como você precisar”, “Simplifique minha vida e experiência” e “Previna conforme você vive” e seguros estão chamando a atenção estratégica e operacional das seguradoras.
Estratégia multicanal
Foi apurado, pelo estudo, que muitas insurtechs e inovações de seguradoras existentes estão estabelecendo novas estruturas para uma abordagem de “compra” em vez de uma abordagem de “venda”, por meio de uma estratégia multicanal que atende aos clientes onde, quando e como eles desejam comprar.
Assim, se os canais de distribuição são fáceis de usar com produtos fáceis de entender, têm serviços de valor agregado para facilitar suas vidas e proporcionar uma ótima experiência ao cliente, então o seguro tem a oportunidade de crescer por meio de uma distribuição multicanal fluida.
A transformação é uma “dança”
A necessidade de transformação no seguro P&C precisa “dançar” conforme as inclinações de consumo do seu público-alvo. Ou seja: precisa se preparar para conseguir acompanhar os movimentos num ritmo que seja o mais próximo possível do seu par nessa dança: o consumidor. Feito isso, as seguradoras estarão prontas para todas as mudanças nos ritmos necessários.