IA empresarial e ética: o desafio de equilibrar inovação tecnológica e responsabilidade

mpresas voltadas à IA crescem 857% no Brasil
A inteligência artificial tem mexido com as bases do cenário corporativo global, oferecendo ganhos em produtividade, personalização de serviços e eficiência operacional. Segundo um levantamento da BigDataCorp, conforme divulgado pelo portal TI Inside, entre 2023 e 2025, o número de empresas com termos relacionados à IA no nome saltou de 142 para 1.209, totalizando mais de 2.000 companhias com esse perfil no país. Esse movimento acompanha uma tendência global, como mostra o aumento expressivo de domínios “.ai” no mundo, que devem chegar a quase 423 mil em 2025. O avanço das empresas de IA representa uma transformação estrutural no setor tecnológico nacional, consolidando a IA como parte da rotina empresarial. No entanto, isso traz à tona debates importantes sobre ética, responsabilidade e regulação, exigindo atenção de todo o ecossistema.
Como as seguradoras têm apostado na IA
Conforme a matéria, o aumento de empresas voltadas à IA se dá justamente pela crescente utilização desse tipo de tecnologia por empresas e corporações, inclusive no segmento de seguros. Segundo o Insurance Thought Leadership, a IA tem promovido mudanças significativas em áreas como finanças e seguros, com empresas adotando diferentes abordagens para incorporar a IA agêntica em seus sistemas. O portal cita que há cinco maneiras distintas para o uso dos agentes de IA:
- Agentes abertos: criados com ferramentas de código aberto como LangChain e Transformers Agents.
- Agentes fechados: desenvolvidos com plataformas de grandes empresas como Microsoft e IBM.
Dados pequenos: uso de pequenos volumes de dados internos para treinar agentes personalizados, com ferramentas como Databricks. - Big Data: unificação de grandes volumes de dados para uso em IA, com ajuda de plataformas como a Foundry da Palantir.
- Agentes especialistas: agentes treinados para tarefas específicas e complexas, como em áreas da saúde, exigindo grande capacidade computacional.
As empresas enfrentam dois grandes desafios: integrar esses agentes aos sistemas corporativos e garantir que agentes criados com diferentes tecnologias possam trabalhar juntos. Soluções como os conectores do Google e os protocolos MCP (da Anthropic) e A2A (em desenvolvimento com parceiros como o Google) estão sendo criadas para permitir essa integração de forma segura e eficiente, com suporte a dados, voz, texto e vídeo. A estimativa da McKinsey é de que o mercado de IA, atualmente em US$85 bilhões, possa alcançar até US$4,7 trilhões até 2040. Contudo, esse avanço também exige atenção às questões éticas. O uso crescente da IA torna urgente o debate sobre responsabilidade, transparência e limites éticos, algo que precisa ser conduzido por empresas, conselhos e reguladores em conjunto.
A importância dos conselhos na governança da IA
A adoção ética da inteligência artificial não pode ser encarada como uma responsabilidade apenas técnica. Conforme um artigo do Valor Econômico, conselhos administrativos têm uma função relevante na orientação do uso responsável da tecnologia, garantindo que os projetos de IA estejam alinhados aos valores corporativos e aos interesses de longo prazo.
A matéria destaca que muitos conselhos ainda estão em processo de amadurecimento sobre o tema, o que demanda uma educação constante, inclusão de especialistas em tecnologia nas decisões estratégicas e a construção de uma cultura empresarial centrada em princípios éticos.
Iniciativas éticas no setor de seguros
A responsabilidade ética no uso da inteligência artificial no setor de seguros é fundamental. Isso porque, nesse segmento, as obrigações morais andam lado a lado com exigências regulatórias. Com o avanço da IA, cresce também a necessidade de as empresas equilibrarem os benefícios da tecnologia com os riscos envolvidos, especialmente em um cenário incerto de regulamentações. A IA deve atuar como apoio à atividade humana, assegurando que decisões relevantes sejam sempre revisadas por profissionais qualificados. Por este motivo, a integração entre automação e julgamento humano contribui para mais segurança e responsabilidade no processo decisório. Além disso, estar em conformidade com as leis nacionais é indispensável para garantir os direitos dos consumidores e preservar a reputação das instituições.
Algumas empresas do setor vêm adotando políticas proativas nesse sentido, com a criação de centros especializados em IA e a formulação de diretrizes que promovem o uso transparente e justo da tecnologia — incluindo práticas como o uso de dados imparciais, explicações acerca dos algoritmos e o alinhamento com normas legais e éticas.
Ética, segurança e justiça nos algoritmos de IA
Conforme uma matéria do blog Rocketseat, o uso ético da inteligência artificial vai além da proteção à privacidade: envolve também segurança, clareza nas decisões automatizadas e justiça algorítmica. Embora a IA transforme etapas como atendimento, logística e finanças, seu impacto positivo só é sustentável se estiver ancorado em responsabilidade.
De acordo com a publicação, entre os cuidados necessários que as empresas devem ter, destacam-se: a validação contínua dos dados utilizados; a revisão frequente dos resultados por especialistas humanos; a composição de equipes diversas e o uso de ferramentas de monitoramento para identificar distorções nos sistemas. Dessa forma, a abordagem ética fortalece a confiança do público, valoriza a marca e contribui para a sustentabilidade do negócio. O cumprimento de legislações como a LGPD e o uso de frameworks internacionais também ajudam a construir processos robustos de segurança e governança de dados.
Tecnologia com consciência: o futuro que as seguradoras precisam construir
A inteligência artificial chegou para acelerar processos, ampliar a eficiência e otimizar a experiência dos usuários. Mas, em meio ao entusiasmo pelo progresso, as empresas devem lembrar que inovação sem responsabilidade também é um risco. Seguradoras que pretendem crescer com solidez e credibilidade precisam ir além da performance algorítmica. Devem garantir que suas tecnologias sejam compreensíveis, justas e transparentes – evitando impactos negativos para os usuários. Isso exige supervisão humana, diversidade na construção dos sistemas, e uma governança que una proteção de dados, segurança da informação e compromisso ético. A era da tecnologia exige das empresas não só ousadia para inovar, mas responsabilidade para agir com ética. O crescimento acelerado da IA empresarial é um sinal claro de transformação, mas também um alerta sobre os riscos envolvidos. Construir esse equilíbrio entre avanço tecnológico e responsabilidade é primordial para que haja um futuro mais promissor com a IA no ramo de seguros.