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Golpe com falsificação do site da Latam demonstra fragilidade na segurança digital e aumenta a demanda por seguros cibernéticos

Golpe com falsificação do site da Latam demonstra fragilidade na segurança digital e aumenta a demanda por seguros cibernéticos
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raude em site da Latam e os perigos das fake news

Um golpe usando um site falso da Latam divulgava uma promoção enganosa com passagens a partir de R$149,17, como se fosse publicada no G1 – o que nunca ocorreu. A página fraudulenta imitava tanto o portal de notícias quanto o site da companhia aérea, utilizando cores, logos e fontes semelhantes para enganar as vítimas. O endereço falso (g1.passagensairlines.com) não tem relação com o G1 verdadeiro (g1.globo.com). A falsa oferta prometia passagens nacionais e internacionais com valores muito abaixo do mercado, levando os usuários a fornecerem dados pessoais e realizarem pagamentos via Pix ou cartão para voos inexistentes. A Latam confirmou que se trata de fraude e reforçou que seus canais oficiais são apenas latam.com e latamairlines.com. O episódio, além de prejudicar financeiramente as vítimas desavisadas, reforça o debate sobre a importância da segurança digital e da utilização de seguros, importante para a proteção contra os crimes cibernéticos.

Crimes virtuais lideram as preocupações de empresas em 106 países

De acordo com uma matéria do Agência Brasil, os crimes cibernéticos são uma das maiores ameaças para empresas em mais de 106 países, com impactos diretos na economia, na proteção de dados e na confiança dos consumidores. Pela quarta vez consecutiva, 4 em cada 10 empresas consideram esse risco como o principal desafio. Atualmente, 36% dos empresários priorizam o tema, uma alta expressiva em relação aos 12% registrados há 10 anos. Esses dados fazem parte de uma pesquisa que abrangeu empresas de diferentes portes, sendo 40% de grandes companhias (com receita superior a 500 milhões de dólares), 30% de médias (entre 100 e 500 milhões) e o restante de pequenas empresas (com faturamento inferior a 100 milhões de dólares). O aumento na preocupação relacionada a esses crimes, segundo os pesquisadores, se deve ao crescimento acelerado de ferramentas de inteligência artificial. Os setores mais sensíveis incluem financeiro, telecomunicações, tecnologia, mídia, jurídico, além de indústrias como aviação, química e entretenimento, que operam majoritariamente em ambientes digitais.

Phishing é uma das principais táticas de crimes cibernéticos no Brasil

O caso da falsa promoção da Latam, desmentido pelo próprio G1, é apenas um entre muitos golpes digitais que ganham novas formas e sofisticação. A página fraudulenta imitava o portal de notícias com perfeição, induzindo o usuário ao erro. Trata-se de uma tática comum de phishing – um dos cinco principais riscos cibernéticos enfrentados pelas empresas brasileiras, segundo uma matéria da Forbes. Esse tipo de ataque se aproveita da confiança das pessoas em marcas conhecidas e na aparência legítima de sites e promoções. 

O impacto no setor de seguros e a corrida por proteção cibernética

Com o avanço das ameaças digitais, o setor de seguros tem intensificado seus esforços para oferecer proteção cibernética às empresas. A CNseg aponta que o combate aos crimes cibernéticos é um dos maiores desafios do mercado atual, exigindo atualização constante das coberturas. Estima-se que, até 2025, os prejuízos com esses crimes somem US$12 trilhões no mundo. No Brasil, os ataques cresceram 67% no segundo trimestre de 2024, e o país foi o terceiro mais afetado por ransomware em 2023. Os crimes cibernéticos ameaçam a continuidade dos negócios e podem causar prejuízos financeiros, reputacionais e legais. A LGPD obriga as empresas a proteger dados pessoais, sob risco de multas aplicadas pela ANPD, que também atua de forma pedagógica. Hoje, há 10 seguradoras operando no ramo cibernético no Brasil, com R$700 milhões já movimentados em prêmios. As apólices oferecem três tipos de cobertura: resposta a incidentes (incluindo suporte técnico e assessoria de imprensa), responsabilidade civil (custos jurídicos e multas) e prejuízos financeiros (como lucros cessantes e reembolso de resgates pagos). Não por acaso, a demanda por seguros contra riscos cibernéticos disparou 12,7% no primeiro semestre de 2024. O aumento reflete a busca de empresas por proteção diante de prejuízos que vão desde perda de dados até danos à reputação.

Movimentação do setor frente a realidade de cibercrimes

Diante do avanço dos cibercrimes, o mercado de segurança cibernética tem se movimentado para atender às novas demandas. As seguradoras estão reformulando seus produtos, adicionando serviços de consultoria, monitoramento constante e suporte em gestão de riscos. Além disso, estão investindo fortemente em programas de educação digital para seus clientes, ajudando-os a entender e prevenir ameaças. O aumento da sofisticação dos ataques, como fraudes com deepfakes e golpes automatizados, impulsiona a criação de coberturas mais adequadas, que consideram os riscos da inteligência artificial. Grandes players do setor estão buscando estruturar equipes especializadas em cibersegurança para atuar diretamente na mitigação de riscos e negociação de termos contratuais mais adequados às novas ameaças. Outra movimentação relevante é a ampliação das apólices para incluir proteção contra fraudes digitais, especialmente em pagamentos online. O setor também tem priorizado a antecipação de cenários de risco, fortalecendo soluções de resiliência cibernética. Esse contexto fez o mercado global de seguros cibernéticos praticamente dobrar entre 2020 e 2023 e a expectativa é que continue crescendo rapidamente. No Brasil, o avanço foi de 880% na busca por proteção, levando as seguradoras a inovarem constantemente para oferecer soluções mais ágeis, flexíveis e alinhadas às rápidas transformações tecnológicas e às novas exigências de segurança.

Prevenção, conscientização e seguro cibernéticos podem contribuir para a diminuição de riscos

A prevenção depende de uma rede de proteção que inclui educação digital, investimentos em cibersegurança e uma indústria de seguros preparada para reagir com agilidade. O caso da Latam relembra que os consumidores precisam desconfiar de ofertas com preços irreais, verificar links e evitar clicar em promoções não confirmadas pelos canais oficiais das empresas. No entanto, para as empresas, isso também causa prejuízos para a imagem e reputação, além de perdas financeiras. Já o setor segurador, além de oferecer coberturas específicas, deve atuar como agente educador e parceiro na construção de uma cultura de proteção digital. Nesse sentido, o seguro cibernético visa mitigar esses riscos e proteger indivíduos e empresas que podem ser prejudicados com a alta de crimes online. Combater fraudes exige articulação entre tecnologia, conscientização e responsabilidade – e o setor segurador pode agir em prol dessa proteção.

Postado em
2/6/2025
 na categoria
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