Carros elétricos chineses chegam a preços acessíveis e podem impactar o mercado de seguros no Brasil e no mundo

eículos acessíveis e seus impactos nas coberturas e na gestão de riscos
O mercado chinês de veículos elétricos segue em disputa, com lançamentos cada vez mais acessíveis e tecnológicos. Um dos destaques mais recentes é o QQ Domi, da Chery — um SUV compacto totalmente elétrico, lançado por 54,9 mil yuans, o equivalente a cerca de R$ 42 mil. O modelo reacende a concorrência direta com a BYD, que até então liderava o segmento com o Seagull, cujo preço inicial foi reduzido recentemente para 55,8 mil yuans (aproximadamente R$ 42,9 mil), tornando a concorrência por preço mais acirrada. Com a rápida expansão dos carros elétricos baratos produzidos na China, a indústria automotiva no Brasil e no mundo colhe os efeitos da disseminação desses veículos. Esse movimento traz desafios inéditos para o setor de seguros, que precisa se adaptar e inovar para atender às particularidades desses modelos, principalmente no que tange à segurança tecnológica, riscos cibernéticos e novas formas de avaliação de sinistros.
O boom dos carros elétricos no Brasil
Os veículos elétricos (VE) chineses, caracterizados por preços acessíveis e avançada tecnologia, estão ganhando ainda mais espaço no Brasil. Em 2024, o país registrou um crescimento expressivo de 89% nas vendas de veículos leves eletrificados, totalizando 177.358 unidades emplacadas entre janeiro e dezembro, conforme a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Os modelos plug-in — que englobam tanto os totalmente elétricos (BEV) quanto os híbridos plug-in (PHEV) — representaram 71% das vendas do segmento.
Inovações tecnológicas no seguro automotivo
Atualmente no seguro auto as companhias estão investindo em telemetria e monitoramento em tempo real para veículos conectados, um movimento importante para a redução de riscos e a criação de produtos customizados. A tecnologia telemática possibilita a análise preditiva do comportamento do motorista. Como resultado, tornam-se viáveis práticas como a oferta de descontos progressivos com base na condução segura e a adoção de estratégias proativas de prevenção de sinistros — promovendo um seguro mais inteligente e alinhado ao perfil de cada cliente. No entanto, no que concerne à cobertura de veículos elétricos, algumas camadas precisam ser adicionadas para garantir a excelência na oferta de seguros.
Complexidade técnica e riscos cibernéticos
Apesar do crescimento acelerado na oferta e na procura por carros elétricos, as seguradoras se deparam com o desafio de lidar com a complexidade técnica desses veículos, que contam com sistemas conectados avançados e softwares embarcados que controlam suas funções. Isso pode deixá-los mais suscetíveis a vulnerabilidades cibernéticas – campo ainda pouco explorado pelas coberturas tradicionais. Além dos riscos cibernéticos, a estrutura dos veículos chineses apresenta particularidades que impactam a sinistralidade. A adoção de baterias de íon-lítio e de outros componentes eletrônicos, por exemplo, exige novas práticas de avaliação e reparo, aumentando o custo médio das indenizações.
A necessidade de novos cálculos na precificação
O preço reduzido dos modelos chineses impõe uma revisão dos cálculos atuariais. A equação entre o valor do bem e o custo potencial do sinistro muda, o que faz com que as seguradoras precisem ajustar os prêmios para diferentes perfis de clientes – desafiando o mercado a equilibrar preços acessíveis, dada à complexidade dos reparos e o alto custo de componentes eletrônicos específicos.
Atenção às normas e atualizações
A chegada massiva dos carros elétricos baratos chineses no Brasil inclui questões relacionadas à homologação, segurança veicular e proteção de dados dos usuários. Nesse cenário, é fundamental que os seguros mantenham vigilância constante sobre as atualizações técnicas e regulatórias — tanto nacionais quanto internacionais — para assegurar a conformidade legal e mitigar riscos emergentes. Além disso, a rápida evolução tecnológica desses veículos exige que seguradoras e corretores compreendam profundamente os requisitos exigidos por órgãos reguladores, como o Inmetro e a ANEEL, além das diretrizes da LGPD no tratamento de dados gerados por sistemas conectados.
A nova rota do mercado diante da revolução elétrica chinesa
O que antes era visto como um movimento distante, restrito a modelos de alto valor e mercados de ponta, agora ganha destaque nas ruas brasileiras. À medida que veículos cada vez mais tecnológicos e conectados ganham as ruas por valores até então impensáveis, seguradoras e corretores são desafiados a repensar suas estratégias, coberturas e modelos de precificação. A criação de produtos flexíveis, o investimento em tecnologias digitais e a atenção rigorosa à regulação são de extrema importância para firmar liderança nesse novo paradigma. A mobilidade elétrica chegou para ficar – e com ela, uma nova lógica de risco, comportamento e proteção, conduzindo o próprio setor rumo a uma nova geração de soluções em seguro.