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Adulteração de combustíveis com metanol pelo PCC eleva riscos e custos para seguradoras automotivas

Adulteração de combustíveis com metanol pelo PCC eleva riscos e custos para seguradoras automotivas

Como era a feita a adulteração pelo PCC

A “Operação Carbono Oculto”, conduzida pelo Ministério Público de São Paulo, revelou um esquema bilionário de adulteração e sonegação no setor de combustíveis, atribuído ao PCC. A facção criminosa teria se infiltrado na cadeia formal de importação e distribuição, utilizando empresas de fachada para importar nafta, hidrocarbonetos, diesel e, principalmente, metanol pelo Porto de Paranaguá. O esquema envolvia fraudes fiscais em diferentes etapas — da importação às vendas para distribuidoras e postos, conforme a operação, o esquema de adulteração de combustíveis envolvia sonegação de R$ 7,6 bilhões em impostos, com atuação em oito estados. O metanol, desviado ilegalmente, era misturado à gasolina em milhares de postos, resultando em combustíveis adulterados. 

Metanol pode danificar severamente o veículo e até causar morte

O metanol, um solvente orgânico altamente tóxico e proibido como combustível no Brasil, foi identificado pela investigação como um dos principais produtos utilizados pelo PCC na adulteração de gasolina e etanol. Apesar de seu baixo custo, a substância é extremamente perigosa e pode provocar desgaste acelerado do motor, falhas graves nos sistemas de injeção e combustão, além de representar risco direto à saúde, com potencial para intoxicação e até morte. Conforme a matéria do UOL, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) permite apenas a presença de até 0,5% de metanol nos combustíveis e de acordo com o Instituto Combustível Legal (ICL), o uso do metanol representa um risco não apenas mecânico, mas também ambiental e de saúde pública. Emerson Kapaz, presidente do ICL, classifica os casos como um problema grave e de alta periculosidade operacional, destacando a necessidade de intensificar a fiscalização para conter sua disseminação.

Presença de metanol em automóveis pode elevar o número de sinistros

Considerando a alta possibilidade, a adulteração do combustível por meio do metanol pode elevar os índices de sinistralidade para seguradoras de automóveis. O metanol, utilizado de forma clandestina para adulterar combustíveis, é altamente corrosivo e incompatível com a maioria dos motores convencionais. Veículos abastecidos com tais misturas enfrentam sérios problemas: a corrosão interna acelera o desgaste de peças essenciais, compromete o sistema de injeção eletrônica e pode levar a falhas catastróficas no motor. Para as seguradoras, isso representa um aumento expressivo nas ocorrências de sinistros com reparos de alto valor. A sinistralidade associada a esses casos tende a aumentar, pressionando os custos das apólices e exigindo novas estratégias de subscrição e gestão de riscos por parte das seguradoras.

Golpes mais comuns e postos de gasolina e consequências para o consumidor

Combustíveis adulterados podem causar entupimento de bicos injetores, falhas no motor, perda de potência e aumento do consumo, aumentando gastos com manutenção e prejudicando consumidores. Uma publicação do portal Use Barato, apontou os principais golpes envolvendo adulteração e práticas para proteger os motoristas. No etanol, por exemplo, alguns postos chegam a adicionar até 20% de água, reduzindo a potência do veículo e aumentando o consumo. Outra fraude comum são as bombas manipuladas, que indicam volume maior do que o realmente abastecido, chegando a 31% de discrepância, controladas por chips ou aplicativos remotos. Postos piratas ou clonados também são recorrentes e imitam bandeiras conhecidas oferecendo preços mais baixos para atrair clientes, vendendo combustível adulterado. Há ainda casos de cobranças indevidas, como valores divergentes entre bomba e maquininha, e de recusa de testes de qualidade ou nota fiscal, dificultando a identificação da fraude. As consequências para o motorista vão além do prejuízo imediato. 

Práticas para ir na contramão ao quadro de riscos

A contaminação ambiental e os riscos de intoxicação causados pelo uso de combustíveis adulterados com metanol podem gerar responsabilidades civis para empresas envolvidas na cadeia de distribuição e comercialização, resultando em demandas judiciais e de responsabilidade civil. O portal indica ainda que, para se proteger, é importante abastecer em postos de confiança, conferir lacres e selos da ANP, acompanhar o abastecimento do início ao fim, comparar valores cobrados e solicitar testes de qualidade sempre que possível. Guardar a nota fiscal é importante para registrar qualquer irregularidade. Na matéria divulgada pelo UOL, a visão de especialistas, como o engenheiro Erwin Franieck (SAE Brasil), aponta que o metanol, embora útil em processos químicos industriais, não pode ser incorporado ao combustível automotivo sem provocar sérias consequências. A adulteração com esse composto amplia riscos financeiros, mecânicos e sanitários, exigindo do setor público e privado ações coordenadas para proteger consumidores, o mercado e o meio ambiente.

Papel da fiscalização e da tecnologia 

O combate à adulteração por órgãos de fiscalização e parcerias público-privadas ajuda a reduzir a circulação de combustíveis irregulares. A fiscalização da ANP e a cooperação com órgãos de defesa do consumidor são fundamentais para coibir essas práticas, com operações que já resultaram na interdição de dezenas de postos. A conscientização dos motoristas e o uso de ferramentas digitais são fatores importantes para a prevenção contra fraudes e a proteção do veículo e do bolso do consumidor. O Use Barato revelou ainda que a tecnologia também pode auxiliar com aplicativos de avaliação de postos, geolocalização e pagamentos digitais ajudam a reduzir riscos de fraudes. O setor segurador deve acompanhar de perto esses movimentos para ajustar suas políticas e produtos diante da volatilidade e da criminalidade envolvendo o segmento. Ações articuladas entre órgãos reguladores e companhias da cadeia de combustíveis são relevantes para reduzir danos e estruturar um ambiente mais seguro para todos os envolvidos.

A necessidade de ação coordenada contra o crime

A adulteração de combustíveis com metanol pelo PCC expõe consumidores, veículos e seguradoras a diversos riscos. Além de causar danos mecânicos severos, a prática representa uma ameaça à saúde e ao meio ambiente, refletindo um impacto direto na gestão de riscos do setor automotivo. Postos irregulares, bombas manipuladas e outros golpes de fraude em postos de gasolina comprometem a confiança dos motoristas e aumentam ainda mais a vulnerabilidade do consumidor, enquanto tecnologia e conscientização do público. À medida que as facções criminosas sofisticam suas práticas, o governo e as entidades reguladoras devem atuar de forma proativa, desenvolvendo estratégias de combate à ação criminosa. A complexidade do esquema exige estratégias próprias de fiscalização, com um esforço conjunto para reduzir fraudes, fortalecer a confiança no mercado e proteger tanto a economia quanto a sociedade.

Postado em
1/9/2025
 na categoria
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