Setor de seguros deve ficar atento aos riscos das tecnologias em ascensão

tecnologia tem sido o maior instrumento de inovação da indústria seguradora nos últimos anos. É por causa da automatização de alguns processos que as seguradoras conseguiram identificar melhor fraudes e riscos, elevar o nível de precisão e atenção aos detalhes de vários processos e, ainda, permitiu aos corretores de seguros fornecer uma experiência mais personalizada aos segurados.
Mesmo em tempos de crise econômica, o investimento em tecnologia e inovação vale a pena.
De acordo com análise da McKinsey, as organizações que mantiveram o foco na inovação durante a crise financeira de 2009, nos Estados Unidos, emergiram mais fortes , superando o mercado em mais de 30% e continuando a apresentar crescimento acelerado nos 3 a 5 anos consecutivos.
Riscos que requerem maior atenção do mercado de seguro
Embora, como já dito, a tecnologia seja de grande relevância para o setor, é preciso pontuar que há alguns riscos relacionados às novas tecnologias em atual ascensão que requerem uma atenção maior do mercado de seguros: a IA generativa é o maior deles, mas tem também os designs enganosos, por exemplo.
Designs enganosos
Também chamados de Dark Patterns (Padrões Escuros), os designs enganosos consistem na prática de enganar os usuários para concluírem uma ação online de forma não intencional. Eles podem incluir uma variedade de elementos visuais, interativos, de áudio ou de movimento adicionados aos designs para enganar os usuários. Mesmo tendo sido exposto pela primeira vez desde 2010, pelo designer Harry Brignull, a preocupação com a prática foi renovada devido à atual facilidade encontrada para construir, testar e implantar projetos manipulativos em escala.
Por que é preocupante para o setor de seguros?
Designs enganosos é um assunto preocupante para as seguradoras porque elas lidam com dados sensíveis dos seus clientes e devem adotar medidas para garantir que suas próprias práticas de design não violem a legislação, assim como devem permanecer atentas à exposição potencial de qualquer segurado que use esses padrões de design.
IA generativa
Inteligências Artificiais generativas ou, como são mais conhecidas, IAs generativas, são aquelas capazes de gerar conteúdo, realizar tarefas e interagir com humanos, como o ChatGPT e o Midjourney, por exemplo. Neste ano, a sociedade descobriu que esse tipo de IA já foi usada para projetar casas, atuar como advogado de defesa e até imitar vozes humanas. Mesmo tendo a previsão dos pesquisadores do mercado econômico de gerar receita na casa dos US$109 bilhões até 2030, a IA generativa levanta uma série de preocupações.
Deepfake e realismo da interatividade
A cautela que deve ser estabelecida na área de seguros em relação à IA generativa refere-se à capacidade que essa tecnologia possui de imitar pessoas da vida real e ter interações aparentemente humanas. Com isso, fica possível pegar o conceito de “deep fake” – uma semelhança artificial de uma pessoa real – e adicionar o realismo da interatividade. Dessa forma, a IA tem a capacidade de distorcer a realidade de uma forma difícil de detectar.
O impacto para as seguradoras
Para os players de seguros, as IAs generativas podem representar o aumento do risco de fraude em sinistros, sobretudo após um grande número de Companhias terem aderido às maneiras automatizadas de processar sinistros. Sendo assim, no caso de um sinistro, fica difícil para a seguradora detectar se as fotos e vídeos enviados para registrar a reclamação e dar início ao processo para recebimento da apólice são autênticos. Por causa dessa dificuldade na detecção de fraudes, as IAs generativas possuem um grande potencial de impactar os modelos de análise do setor de seguros.
Os riscos são formas de melhorar a atividade seguradora
As tecnologias disruptivas são ferramentas para melhorar o modo de operacionalizar os seguros. Isso significa que até as possíveis ameaças que podem surgir em decorrência do uso dessas ferramentas devem servir de mola propulsora para rever processos e melhorar o jeito de executar a atividade seguradora. Assim, tanto as IAs generativas quanto os designs enganosos devem ser vistos como possíveis riscos a serem trabalhados, inicialmente. Depois de detectados os padrões de riscos e as formas de proteção, os players devem encontrar uma maneira de fazer com que essas tecnologias tornem a atividade seguradora maior e melhor, seja oferecendo soluções concretas de proteção, no caso dos designs enganosos, seja trabalhando para o fortalecimento e melhoria da atividade regulatória no que concerne às relações entre seguro e as novas tecnologias.