Inovação

Inovação como cultura constrói o futuro do mercado segurador

Inovação como cultura constrói o futuro do mercado segurador
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na Carolina Mello – CUO da Axa, Carlos Ferreira Quick – VP da Pottencial e Solon Barreto – CCO da ALBA se reuniram no palco do “CQCS Insurtech & Innovation 2023” durante o painel: “Inovação como cultura  para construir o amanhã do seguro”para debater ideias, soluções e desafios de uma cultura de inovação nas seguradoras.

Confira abaixo alguns insights desse poderoso debate:

“Cadê tudo isso de inovação que estão falando?” 

Ana Carolina Mello abriu o painel dizendo que a conversa sobre inovação como cultura em seguros seria bastante filosófica e levantou algumas reflexões: “Ouvimos muito falar de inovação e tecnologia e acho que todo mundo deve pensar ‘cadê toda essa parte de Inteligência Artificial? Cadê tudo isso de inovação que estão falando? Cadê todas essas novidades?’. Nós vimos acontecer um pouco, mas não muito. 

Pessoas executando ideias inovadoras

Para a executiva da Axa, a cultura da inovação é instigada e implementada quando todos geram ideias. 

“Como podemos implementar essa cultura de inovação nas empresas? Seja nas pequenas, médias ou grandes empresas, nas corretoras, nas seguradoras ou resseguradoras, essa cultura precisa vir das pessoas. Quando falamos de cultura de inovação, estamos falando de pessoas executando ideias inovadoras. Temos a percepção de que a inovação vem de alguém sentado na praia, ao pôr do sol, que tem uma grande ideia que passa a valer bilhões. Essa percepção é totalmente equivocada. Colocar a cultura de inovação na empresa é quando a gente consegue fazer com que todos gerem ideias, quando há a cultura da geração constante de ideias”. 

“Uma ideia que não é implementada tem valor zero”

Segundo Ana Carolina, mesmo que a empresa ouça e absorva diversas e excelentes ideias, elas são vazias de sentido se não forem colocadas em prática. “Uma ideia que não é implementada tem valor zero. Não adianta ter ideias se não há execução. Se não temos a implementação da ideia, pode ser a ideia bilionária que for, ela vai valer zero. Então, costumamos dar muito valor para a ideia e pouco valor para a execução. A ideia pode ser de uma pessoa só, mas a execução é sempre trabalho de um time. Não tem como executar sozinho. A execução é trabalho de todos os times da seguradora”. 

A cultura da inovação é necessária

Para Carlos Ferreira Quick, a cultura da inovação se tornou imprescindível por conta de todas as transformações na sociedade. “A cultura da inovação é necessária. O mundo está muito dinâmico. Ele está diferente na forma de se relacionar, de oferecer serviços e produtos para os clientes, na forma de vender, na forma de conhecer pessoas e até de conhecer os riscos. Em 1975, 83% das empresas, do valor delas, era de bens tangíveis; hoje elas representam 10%. Temos aí uma mudança drástica. O que vale mais hoje são as coisas intangíveis, os serviços são o que vale mais dinheiro. Portanto, as seguradoras precisam mudar porque o mercado de seguros tem mudado muito, as companhias precisam estar abertas a isso”. 

“Não basta ser tech, é preciso também ser uma seguradora com DNA de seguradora”

Segundo Quick, no mercado segurador ainda há um pouco de dificuldade de trazer algumas inovações e atribui essa dificuldade à “característica primordial na inovação que é: assumir riscos”. De acordo com ele, quando há muita inovação, sem uma boa análise, é possível que haja algumas dificuldades. 

“Observamos que algumas empresas que buscam inovar, estão sofrendo um pouco com esse lado do seguro. Não basta ser tech, é preciso também ser uma seguradora com DNA de seguradora.  Na Pottencial, temos projetos de inovação nos quais assumimos riscos controlados. Então, não adianta querer transformar, do dia para a noite, um produto ou experiência, sem testar. Nós fazemos alguns testes e se tiver algum problema nós corrigimos, se não tiver, a gente expande”.

Medo de inovar precisa ser vencido

Solon Barreto acredita que o mercado é forte o suficiente para assumir alguns riscos inerentes à inovação. Ele explica que o ramo já passou por diversos tipos de catástrofes naturais e sociais e continuou forte.

“O nosso mercado segurador é tão poderoso que ele não sucumbiu diante de diversos eventos catastróficos como, por exemplo, a Covid-19. A reflexão é que, se o mercado consegue honrar compromissos diante de eventos que não foram calculados, por que há esse medo de inovar? Por que há medo de encarar novos riscos? São riscos, realmente desconhecidos, mas são demandas do mercado. Há a necessidade de assistir ao público, ao jovem que é um grande consumidor e é totalmente voltado para o digital”. 

Fazer a transição tecnológica é um desafio

Questionada sobre quais são os principais desafios enfrentados pelas empresas ao tentar estabelecer uma cultura de inovação, Ana Carolina Mello respondeu:São dois pontos principais: o primeiro é tecnologia.A maioria das seguradoras que já tem bastante tempo de mercado, têm sistemas legados, bastante antigos, mas que possuem muitos dados dos quais a seguradora depende. Fazer a troca para sistemas novos é muito arriscado e custa caro. Fazer a transição para sistemas mais modernos e digitais que habilitam as seguradoras a operar no sistema mais inovador é difícil, toma tempo e é caro. Essa é a primeira barreira”.

Modelo mental é uma grande barreira 

Ainda respondendo ao questionamento, a executiva da Axa explicou que ela considera como segunda barreira o modelo mental das seguradoras. 

“Nosso modelo mental do seguro vem do modelo financeiro. E qual é o modelo mental da inovação? A empresa começa pequena e, se errar, para e adapta para começar de novo. É possível começar vários projetos pequenos, errar, adaptar e começar novamente. No seguro, não há esse modelo. No nosso modelo, é preciso fazer um Business Plan porque para colocarmos algo em prática, o negócio tem que alavancar milhões. Por isso, as seguradoras só colocam em prática se o Business Plan provar que ele vale milhões. Só que isso não acontece. Na vida real, gastamos um tempo enorme para fazer o Business Plan, envolvemos um monte de gente, e dá errado. E dá errado depois de meses e de ter investido muito dinheiro. Por conta disso, ninguém faz o segundo, o terceiro ou o quarto. Então, esse modelo mental impede o mercado segurador de testar e de errar até acertar”. 

Um mar de oportunidades

Questionado sobre como a transformação tecnológica pode contribuir para a transformação do setor e melhorar a experiência do cliente, Carlos Ferreira Quick disse:

“Hoje a forma como conseguimos fazer uma subscrição de risco, monitorar o risco, fazer a regulação do sinistro é totalmente diferente. Temos muita tecnologia envolvida com a qual conseguimos ser melhores com o risco que estamos assumindo, seja ele um equipamento ou até mesmo uma pessoa. Nós conseguimos entender melhor o perfil das pessoas e oferecer produtos mais aderentes para a pessoa e para o negócio. Acho que a inovação traz um mar de oportunidades para a gente distribuir e ter o mercado de seguros bem visto”.

“Acho que a tecnologia é um meio para inovação em todas as áreas da empresa”

Já Ana Carolina Mello, respondendo ao mesmo questionamento, disse que não tem como falar em inovação sem falar em tecnologia. 

“Está tudo integrado, a tecnologia vai fazer cada dia mais parte da nossa vida em tudo. No seguro, cada vez mais, em todas as áreas da empresa, teremos a tecnologia como um meio. Teremos sistemas que serão No-code e que precisaremos saber usar no dia a dia. Não existe mais essa separação entre business e TI, é tudo a mesma coisa. TI é business e business é TI também. Se não tivermos essa visão de que todo mundo faz parte de tecnologia e que tecnologia é parte do negócio também, nós não caminhamos, não progredimos. Acho que a tecnologia é um meio para inovação em todas as áreas da empresa. Todo mundo terá que ter um conhecimento básico da tecnologia daqui pra frente. Todo mundo precisa saber operar nesse mundo tecnológico, independentemente de ser jovem ou velho ou qualquer outra particularidade. Isso vai capacitar a pessoa no mundo quase que para sobreviver”.
Postado em
2/8/2023
 na categoria
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